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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 26 de janeiro de 2019

Antropônimo.

Paralelas não se cruzam. E muita gente acha triste a ideia de duas retas que parecem seguir o mesmo caminho sem nunca se encontrar. Mas ninguém parece se importar com as vidas que se cruzam uma única vez e nunca mais. E eu acho isso muito pior.

Eu não devia ser o alimento para o ego de ninguém. Não devia me sentir culpada por nenhum sentimento. Não devia, a esta altura da vida, estar me questionando se foi culpa do tempo, de alguém ou se não há culpa nenhuma a ser atribuída agora. Me parece errado querer uma vida em que você nunca tivesse existido.

Mas você fala em "não ser o que eu mereço", como se coubesse a você decidir por mim. Sua decisão é apenas sua. E você parece não querer assumir a responsabilidade por ela. Te contar sobre minha vida não te dá o direito de achar que sabe o que é melhor para mim. Eu esperei que você fosse capaz de dizer as palavras certas: "você não é o que eu quero para a minha vida".

Nós não somos crianças. Você não devia ir embora como tal.


De mesmo modo, eu não deveria estar escrevendo aqui. Nem devia ter me abalado com aquela mensagem que surpreendeu um total de zero pessoas. Mas eu não pude evitar. Nem vou pedir desculpas desta vez. O que eu te ofereci sempre disse mais sobre mim.

Não posso me pedir para ser menos. Nem me colorir com tons pastéis, quando eu nasci para ser tom vivo. Te colorir nunca foi um plano, só foi o que eu faço toda vez. Eu sou feita de amor, e menos do que "tudo" nunca me satisfez.

Mas a decisão sobre a minha vida sempre foi minha. E, se eu errei, foi ao te dar a impressão de que era sua. Eu ainda tenho certeza da minha decisão, e a questão não é você não poder ser o que eu espero. É você não querer. (Usar a palavra certa importa). E eu nunca disse o que eu espero.

Até porque eu só planejo o meu futuro quando o conjugo no presente.


Mas agora você é passado. É um dos nós da minha história que nunca criou laços. É o "nós" que nunca foi nada além de um "eu e você"; e eu não consigo entender como acabamos parando no mesmo lugar. Pairando sob o mesmo "quase". Essa é a única parte que parece piada.

Embora pareça cruel. Eu estava bem. Havia alguém de quem eu nunca poderia gostar desta forma, mas com quem eu poderia me ajustar. (É esse o caminho que você acha que eu quero/devo seguir?). Eu quis você porque não imaginava onde estaríamos em seguida. Não imaginar o meu futuro me pareceu uma ideia incrível.

Mas esse breu também é passado agora. Aquele buraco que parece que vai ficar toda vez que eu pensar. Eu ainda não sei como vou pensar em você; se com carinho ou alguma mágoa. Mas eu sei exatamente como vou pensar em quem eu sou exatamente neste momento: com orgulho.

Olhando daqui, eu me sinto muito mais forte depois de você.


E eu poderia terminar com algum trecho - provavelmente o refrão - daquela música que me fez gostar daquela cantora pop. Poderia agradecer e esperar o próximo. Poderia voltar duas casas e tentar uma nova jogada com aquele cara (não foi a primeira nem a segunda vez que eu o coloquei na casa dos "quase").

Poderia até pensar em alguma música daquela banda que compartilhamos - até mesmo aquela que te mandei da primeira vez que nos despedimos. Mas ela não cabe mais aqui; mesmo quando eu te quis, quis pelo que eu sou e o quis para mim. Insistir foi algo que fiz por mim, para que eu pudesse ser quem eu precisava ser.

Mas nada disso importa agora que não resta nada a dizer além de adeus. Porque não digo nada disso com o intuito de tentar (re)começar com um outro alguém. Tudo bem se nunca mais houver outra pessoa. Eu não nasci para um diálogo; me encontrei nestes monólogos.

E não tenho medo de ser só. Tenho medo de ser apenas.


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