Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

𝔔𝔲𝔞𝔰𝔦𝔪𝔬𝔡𝔬

Há dias aquela música que compartilhei ontem invade minha mente. Há dias a sensação de que "é uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer" me percorre, e eu sinto que preciso escrever. Sei que prometi deixar o assunto pra trás, mas eu simplesmente não consigo. É o pensamento mais constante na minha vida há muito tempo, e nem sequer exige que eu esteja consciente.

Ninguém deveria saber que sonho com ele todas as noites. Tampouco que estou passando por um processo similar a uma desintoxicação e que me sinto uma drogada participando de um programa de 12 passos. Se ele perguntasse, eu claramente negaria. Mas ele não vai falar nada.

O silêncio me incomoda. Aprendi que não receber uma mensagem também é uma mensagem, e esta é uma que eu não gostaria de receber. É uma certeza de tudo o que eu já sabia, mas que ainda tinha esperanças de estar errada; aquela sensação intermitente e profundamente constrangedora de que eu me iludi novamente. A aceitação de que eu não consegui evitar esperar.


Em partes, tudo isso devia me dar uma nova esperança; uma vez que confirma que ainda existe algo dentro de mim capaz de sentir. Mas sentir demais dói. Dói tanto que eu tentei me afastar como quem não pretende voltar nunca mais, e acabei me encontrando à beira do abismo de mim mesma - num ponto em que a escolha era me render ou me perder. E acho que me rendi por medo.

Não ouvir aqueles comentários idiotas e sem muita importância era mais torturante do que a angústia de sentir que - em troca - ele me escutava mas não me entendia. Não sentir o coração acelerar de repente, e parar nos momentos mais inoportunos foi o mesmo que não sentir o sangue pulsando nas veias. Se alguém perguntasse qual foi a sensação, eu mentiria; jamais admitiria que não tê-lo em minha vida fazia eu me sentir meio morta.

Falar essas coisas em voz alta combinaria com o meu "eu" de 16 anos. Mas me sentir tão impotente em relação a alguém aos 25 vai contra tudo o que acredito agora. Senti que podia ser independente, mas vi meus dias serem bons ou ruins conforme as atitudes dele; e lutei pra me sentir livre - o suficiente para aceitar que talvez um dia eu venha a me prender a alguém.


Todas essas palavras correm soltas agora (parece que esperaram tempo demais pra sair), mas acontecem diante da certeza de que ele não dará importância o suficiente para ler. O que chega a ser irônico, porque uma vez eu medi as palavras esperando que ele entendesse o que eu dizia nas entrelinhas - claro que não funcionou.

Então eu admito pra quem tenha interesse, mesmo que não saiba bem de quem estou falando. Pela primeira vez em muito tempo eu fiquei bem em estar vulnerável. E a verdade é que, em dias alternados, eu quis dizer tudo isso a ele. A cada sorriso, eu quis (e na maioria das vezes, fiz) sorrir de volta. E todos os dias eu o desejei total e conscientemente em minha vida. E ainda quero.

E quando me abraçou, eu - que sou péssima em relação a contato físico - quis (desta vez, inconscientemente) dizer que te amava. Dizer as palavras que eu não ouço sair da minha boca há longos anos. Expor um sentimento que eu ansiava por reviver, e tinha medo de nunca mais conseguir.

Amor. Total, inteiro, sem reservas. Apesar do medo, e talvez em parte por causa dele. 


Uma devoção completa que travesti de quases.

A "quase" coragem de me declarar.

A "quase" beleza que eu vi no medo.

O "quase" homem que me conheceu.