Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 23 de abril de 2013

"The Dreamer - The Tallest Man on Earth"

Não vou começar isso com: "existe um momento na vida", ou coisa parecida. Vou começar pelo fim, porque talvez quando chegarmos lá, possamos compreender melhor o agora.

Eu poderia vir aqui e dizer que estou apaixonada - como já disse mesmo muitas vezes antes - mas desta vez eu não estou. É bem verdade que não sei o que estou sentindo, que tudo se mescla ao que eu nunca fui nem serei. Mas eu não estou apaixonada, e disso eu tenho absoluta certeza.

Ele era melhor quando não existia. Ele era mais quente, mas fantástico, mais fantasioso. Mas agora ele é frio como a noite que me cerca e mais fantasiado. Ele real não é realeza.

E não é que isso me doa e então eu estou aqui choramingando. É só que eu coloco os pés no chão e não sei bem por onde devo começar a caminhar. Talvez eu devesse andar sem rumo pelo rumo que meus anteriores seguiram. Mas daí eu não seria passado?

Acho que o mais adequado seria eu criar meu próprio destino... E acabo voltando ao mesmo ponto de partida, me entregando ao revés de ser o produto das minhas escolhas bobas de menina. Qual lado devo desbravar primeiro?

Talvez eu devesse juntar tudo meu e ser dele. Ser ele, para conseguir entendê-lo. Ou talvez eu devesse espalhar minhas coisas pelos cantos do quarto e pelos cantos do mundo e fazer com que ele me fosse. E se entendesse em mim.

Daí ficaria mais claro tudo aquilo que é. Aquilo que não é paixão.


Provavelmente eu me perderia nas palavras e emoções que não mais me ferem. Talvez eu voltasse a me ferir e a cicatrizar. Talvez, pela inocência dele, eu pudesse reencontrar a minha.

No entanto, não sei mais como administrá-la. E, provavelmente, ela me administraria.

Eu, boba, poderia até dançar a canção prometida há um tempo. Livre como estes pensamentos que escorrem pelo meu corpo e se escrevem; leve como o vento que penteia os meus cabelos como se me massageasse. "Wicked Game"? É, eu poderia dançá-la. Na verdade, meu corpo já a sente aqui - mesmo ele estando tão longe -, e eu me pego cantarolando essa paixão não concretizada.

A voz do cantor penetrando em meus ouvidos e mente concretizam o que quer que seja. Pode ser que eu venha um dia a denominá-la "paixão"...


Porém, se a música mudar, tudo muda. Convido-lhe para "Thinking 'Bout Somethin'" e, de repente, não há mais essa perda a ser encontrada. Não há mais nada a ser preenchido, porque eu mesma me completo. (E eu já não estou pensando em você.)

Eu poderia vir aqui e dizer que estou apaixonada, mas eu não estou - e disso eu tenho absoluta certeza.

"Por favor, não mude a música."


domingo, 21 de abril de 2013

F U L G O R

Hoje não vou falar de amor em si. Vou falar de todas essas coisas sujas e nojentas que muita gente insiste em mascarar com amor. Eu acho que muitas vezes a gente esconde a verdade porque é muito mais fácil fazer cara de paisagem.

A questão é que o mundo te julga e julga suas relações com as outras pessoas, conforme o rótulo que você recebe. Ao nascer, é filha de alguém. Quando cresce, é amiga, irmã, prima, vizinha, namorada, ex... E passe o tempo que passar, você conquiste o que for, nunca vai ser só você.

E então, de repente, temos amarras, relações não de igualdade; mas de soberania. E ai de nós se errarmos em cumprir nossos papéis. O mundo não vai ligar se o "inferior" não estiver errado.


E aí, quando tudo começa a dar errado, você passa a assistir tudo de fora, como espectador. E eu estou vendo tudo isso agora. Não é a primeira vez nos últimos - e curtos - tempos. Eu faço isso um número considerável de vezes.

Acontece que dá pra notar claramente cada fina linha que nos une a alguém nesta vida. Dá pra ver a reciprocidade (onde há), e a falsidade. Talvez seja possível porque você para de pensar e passa só a sentir. Sem palavras - elas não são mais necessárias -, só ações. E cada sorriso exibe as verdades e mentiras. As frases dizem o que se passa em pensamento. Não se mente para alguém que não pensa. A mentira, muitas vezes, se cria na mente de quem a recebe e não de quem a conta. 

Mas enfim, hoje eu vi inúmeras relações unilaterais. Vi que, achando que não podia mais me apegar à alguém, fui me apegando demais à muitas pessoas. E a linha está muito mais firme do meu lado. As relações parecem muito minhas, e poucos nossas.


Mas não adianta falar simplesmente que, à partir de então, só vamos ajudar aqueles que nos ajudam. Que só vamos nos dedicar à quem nos dedica amor também. A questão é muito mais complexa. Amor, dedicação... tudo vem de nós. E chega uma hora horrorosa - quando queremos nos despedir de tudo isso, dessa unilateralidade imensa e desgastante - em que notamos que todos podem mudar mas que, quando assumimos uma responsabilidade - e assumimos sem querer - ela é eterna. Pode machucar, pode parecer estar além de qualquer fardo que possamos carregar, mas não é algo que possamos abandonar.

E algumas dessas minhas relações unilaterais são baseadas nessa responsabilidade às vezes inócua de sermos nós mesmos, mesmo que todos os outros tenham esquecido de quem são - ou eram. Alguns vão notar que falo deles (depois de tanto tempo, ou antes de cogitarem apego). Mas outros lerão como se não compreendessem - ou como se fossem eles os doadores nessas relações.


Tem gente que vai passar a vida inteira sem saber que, na maioria das relações (ou quem sabe em todas?), o  equilíbrio é conquistado por lados que se dedicam de forma diferente. E que dói ser sempre o lado que ama muito mais. Dói nunca ser a soberana.


Mas dedicar-lhes amor é a minha responsabilidade.
Queria eu poder abdicar dela...


domingo, 7 de abril de 2013

A♏ORFOBIA

Não vou começar isso com uma saudação, com um bom dia. Vou começar pelo meio porque, se pararmos realmente para pensar, as coisas não tem um início assim delimitado; há continuações... As pessoas entram na sua vida sem que ela pare, sem que ela mude realmente. Você muda, e embora tenha a impressão de que o ambiente também se renove, ele não o faz. Hoje aprendi que o céu não fica mais azul, nem as coisas ficam mais fáceis ou mais difíceis conforme o seu interior se desenvolve. Paixões e desamores, delícias e dissabores... Tudo vem e vai como as ondas de um oceano, tudo nos envolve como o vento.

Ele é tempestade nessa minha calmaria. Ou, talvez, por ser quem é, ele seja a calmaria nessa minha tempestade. Ele me dá a impressão errônea de ajustar todo e qualquer defeito em minha vida, como quem completasse a minha existência e pedisse para eu me encaixar no pedaço que tem minha forma na vida que é dele. Ele parece facilitar meus pés a trilharem esse caminho tão complicado.

Mas será que ele não está aqui consertando problemas que ele mesmo criou?


O olhar dele parece inquisidor; o sorriso parece fazer a chuva parar; o mundo estacionar. E ele parece não notar que eu perco o fôlego quando ele me toca. Mas as coisas não deveriam funcionar dessa forma.

Afinal, um dia você chega à um estágio da vida em que defeitos são mais importantes do que qualidades. A gente para de valorizar só o que é bom, pra aprender a conviver e amar até o que há de pior no outro. Chega uma hora que você aprende que existem muitos homens bonitos, inteligentes, responsáveis e atenciosos no mundo. Mas só um - além disso - será deliciosamente teimoso, perfeitamente desastrado e apaixonantemente irritante.

Em um determinado instante a gente esbarra no que esbarramos constantemente durante toda a vida. Mas pela primeira vez, todos estes erros serão acertos. E perceber isto será seu maior acerto.

Será que ele é esse meu acerto? Será que eu, um dia, poderei ser o acerto dele?


Porque ele tem manias e chatices que eu nem sei por onde começar a descrever ou numerar. Porque ele não gosta do que todo mundo gosta, e gosta menos ainda do que ninguém gosta. Porque ele talvez nem exista; atrás de tanta coisa estranha. Ou até exista, mas não devesse ter nascido nesse mundo. Mas o pior é que, independentemente de ele ser ou não deste mundo, eu só queria que ele fosse do meu mundo!

Eu queria poder falar das bagunças que ele causou ao aparecer. Queria poder contar aqueles segredos que só se divide com o travesseiro e a melhor amiga. Queria poder viver essas histórias que a gente vê no cinema. E queria rir dizendo que amor assim só existe em comédia romântica ("O que a gente tem é diferente. A gente não é assim 'bobo'.")


Eu só queria não sentir tanto medo. Porque desde que ele surgiu, medo é tudo o que existe em mim. Medo de ele um dia descobrir. Medo de nunca poder dizer à ele. Medo quando ele chega; medo quando ele vai. Medo a cada palavra que eu digo e parece não soar tão bem como em minha mente. Medo a cada palavra que eu não devia ter dito. Medo a cada palavra que ele diz e eu não entendo como deveria. Medo de ser amiga demais. Medo de não ser a amiga que eu posso ser. Medo de um dia eu ver que todo esse medo me tirou a chance de encontrar nele aquilo que é mais forte do que o medo. (Porque coragem não é a ausência do medo... Coragem é acreditar que existe algo mais forte do que o medo...)

Enfim... Só queria continuar. Sem ser necessário um fim, agora que ele parece ser um início.