Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

υмα úlтιмα dαɴçα...

Não é que nada disso fosse verdadeiramente um problema para ela. O problema é que nada disso soava sequer como verdadeiro.

Era como um par errado se ajeitando numa dança desalinhada que ambos preferiam não dançar. Era como segurar a mão do outro para mantê-lo ali por um instante, apenas para não precisar conviver com a horrível sensação de solidão (intermitente). Mas sem sentir sequer a necessidade de conhecer o outro.

Ela sentia um vazio tão grande quando ele a preenchia, que era como se a morte estivesse lhe testando. Como se lhe perguntasse se naquele corpo havia vida. Mas só havia o pensamento sobre o prazo de entrega de um serviço.

Ela fingia não saber que tudo com o que ele se importava era a reunião na manhã seguinte.


Eles fingiam não saber porque fingiam se importar. E eles não eram bons nisso. Eles, assim juntos, não eram bons em nada.

Mas ela era uma boa moça. Inteligente (e o seria até demais, caso não se culpasse tanto pelas escolhas erradas), e tinha jeito com as palavras (exceto com aquelas mentiras que trocava com ele).

E ele também não era mal. Só era tempestade na calmaria dela, e não poderiam jamais se ajustar. Eram uma tentativa real dentro de uma realidade que tentava, em vão, existir.

E ela o beijava pensando nos homens que ainda viriam até que ela desistisse. Sabendo que essa era sua única certeza. Ele era só mais um. E sabia que ele também procurava a próxima.


E por mais que não houvesse amor ali (não havia nada), aquilo lhe doía como um corte profundo e lento, de alguém que não aprendeu ainda como se faz. Um corte oco e surdo. E mudo. E seco. Cego. Tão perdido quanto os dois naqueles lençóis amassados.

Em um mês ele não lembraria seu cheiro ou toque. Ela rolaria pela cama vazia. Em dois, ele teria outro toque suave na pele, e só o rosto deste novo par em mente. E ela descobriria que até um "quase amor" pode agonizar.

Ele seguiria a vida como se as vidas dos dois jamais tivessem se cruzado. E ela cruzaria a porta do apartamento vendido. Ele compraria um anel e uma casa com uma bela varanda pr'aquela que parecia ter estado sempre ao seu lado, completando-o. E ela pediria um uísque sem gelo, na conta daquele que só a quer por uma noite.


Ele teria três filhos e uma casa na árvore. Ela ainda teria o vazio e o desafio proposto pela morte. Eles se veriam na rua e não se reconheceriam. Ela se jogaria na cadeira do escritório gelado, enquanto ele se acolheria em braços quentes.




Talvez, se não fosse ela quem me narrasse sua história, eu pudesse
lhe traçar um feliz destino. Mas ela escolheu assinar a
mal traçada linha do contrato com a morte.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Vindo. Vendo. Vento...

Parece que tem gente que precisa de folga de nós. (E eu só chego à essa conclusão, porque tem gente de quem eu preciso de folga).

Gente que surge do nada e te ama. Que aparece e parece que sempre esteve ali. Que cria raízes e constrói pontes. Gente que, de uma vez, domina seus sorrisos e entende suas neuras. Gente que tem aquela liberdade que só se dá a quem se confia.

E que então vai embora como se nunca tivesse realmente estado ali. Que leva tudo que conquistou nesse meio tempo, e vai como se dissolvesse as raízes. Gente que constrói muros com os tijolos da antiga ponte. Que se isola em um processo que talvez seja como uma desintoxicação. Vai e se esquece. Te esquece. E você mal lembra de esquecer.


E nesse não esquecer totalmente, você deixa a pessoa voltar. O nômade volta a fazer lar no terreno vago. Sem nunca questionar se já esteve ali; os motivos que o levaram embora. Simplesmente se instala como se fosse um lugar completamente novo (e em partes é... tão diferente já nos tornamos).

Deixar voltar é admitir que nunca foi. E permitir que nunca seja. Que você não seja, que aquela pessoa também não possa. Sem sequer ter certeza de que vale a pena tudo isso. Mas apostando que vale. Acreditando que não devia.




...

Estou aqui. Inventando razões para estarmos juntos como quem se quer. Pedindo que se acumule, que cúmulo! É aceitável pedir prum viajante que se fixe?


É... você vir e ir. Ventar. É quase "Ventania"...





[Às vezes você aparece e eu fico desejando que você sumisse. Mas nas nossas conversas e confusões, eu tenho certeza de que queria que seus contornos sumissem. Apenas eles. Que fossem se tornando leves borrões na sutileza do fechar dos meus olhos. Na urgência do beijo naquele segundo seguinte. 
E eu queria que todos eles perdessem a noção de onde nós dois nos encontramos, estando nós tão perdidos em nós mesmos. Eu queria que você sumisse. Assim como eu queria sumir, me consumir em você. Enquanto você se consuma em mim...]






Você venta, amor...
Eu invento amor.