Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Toოorrow

Mais um ano que chega ao fim. Mais um ano que passou por mim como se eu não existisse; como se a minha presença não fizesse a menor diferença.


E agora são 23:45 da noite do fim do mundo e eu vejo que meu mundo não mudou nem um pouco. Estou acordada, com uma dor no corpo todo, ouvindo uma música que não é nossa (e que nem conhecíamos naquela época) e pensando em você mesmo assim. Porque eu não faço nada a não ser pensar em você.

É que eu consigo ouvi-lo cantando junto do artista. Consigo ouvir você dizendo que não é bom para mim, nem eu para você. Consigo ouvir você cantar que isso tudo só nos trouxe dor e lágrimas, e que - mesmo sem parecer - éramos bons demais juntos. Mas que, apesar disso, existem coisas em nós que não deveriam ser salvas.


E eu me pego discutindo com esse cantor, porque ele está sendo covarde ao dizer isso para a mulher que diz amar. Uma cena me vêm à cabeça; uma única e patética cena: "Nós estamos no seu quarto, sentados na sua cama... Estamos olhando um para o outro, e você me diz que vai falar que me ama quando souber que é o que sente. E você diz... Chega bem perto e diz no meu ouvido as três palavras que me perseguem em sonhos, pesadelos e vida real: EU AMO VOCÊ."

Eu chego então a odiar a voz perfeita e um pouco rouca desse homem cantando agora no meu ouvido. Por que você foi assim tão covarde? Por que disse que me amava se não era o que sentia? Por que me encheu de esperança, se isso era tudo que podia me oferecer? Por que me levou ao topo e me empurrou?


Eu me sinto insegura ao ouvir os acordes da canção. Porque ela me acolhe como os seus braços sabiam me acolher. Porque ela transmite uma segurança inabalável, e você me ensinou que o infinito não dura. E eu queria lhe ensinar algo em troca, mas tudo que lhe tenho é amor e uma devoção pouco saudáveis para mim.

Eu acho que terminar como terminou foi patético. Mas acho que me coloquei numa posição ainda mais patética, que não posso remediar. Nesses anos todos eu nutri cada olhar e sorriso como se fossem o último pedaço de mim. Mas era tudo seu, e só. Nunca foi nada meu. E ver você com ela dói. Ver você com ela, me olhando com aquele olhar que meu namorado me olhava... me mata! Porque eu fico fantasiando se um dia você verá que teria dado certo.


Se um dia verá que até nossos piores defeitos deveriam ter sido salvos.

Meu defeito é você.


"Quem ouve música sente sua solidão de repente povoada."
- Robert Browning

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Você ainda me deve um cinema... ♥

Do que me vale sentir a sua falta, se você não vai voltar para me buscar? Do que me vale correr atrás, se eu nunca vou te alcançar? Se você não vai me deixar ir contigo?
Do que me vale sonhar sonhos antigos; os meus inimigos; se eu nem sequer vou aguentar dormir? Do que me vale ser eternamente sua, se você não vai me deixar conseguir? Do que me vale uma existência sem vida?
E, do que me vale esta vida, se um dia eu pude dividi-la contigo? Do que me vale qualquer coisa, se hoje só quer ser meu amigo?
Do que me vale o mais doce dos beijos, se não é você quem vem me sorrir? Do que me vale a noite mais longa, se eu não ganho um beijo seu para dormir? Do que me vale o olhar mais profundo, se não houver sentimento ali?
Do que me vale a madrugada mais fria, se não são os teus braços que vem me afagar? Do que me vale o mais lindo oceano se, no fim, eu vou me afogar?
Do que me vale a música mais bela, se é para ela que você vai correr? Do que me vale voar da janela, se não vem mais para me socorrer?
Do que me vale sequer o silêncio, se ninguém vai mais ousar pedir perdão? Do que me vale este corpo e a alma, se não existe calma em meu coração?
Do que me vale a dor de um poeta, se ainda é em mim que ela vai doer? Do que me vale esta batalha; esta luta; se nunca serei eu quem vai vencer?
Do que me vale um amor verdadeiro se, à luz do Cruzeiro, eu vou te perder? Do que me vale a forma mais pura, se essa mistura eu não vou perceber?
Do que me vale o tesouro mais caro, se este sentimento tão raro já pôde morrer? Do que me vale um pôr-do-sol, se no dia seguinte ele insistirá em nascer?
Do que me vale uma cena de um filme, se este eu nunca vou assistir? Do que me vale esta peça, se em seu teatro não vai me incluir?
Do que me vale escrever uma página, se do meu diário você vai apagar? Do que me vale o calor do teu colo, se nele não irei eternizar? Do que me vale a palavra mais triste, se não é você quem vai minhas lágrimas secar?
Do que me vale a fantasia, se é a vida real quem vem me assustar?
Do que me vale uma foto, se é em meus pensamentos que nossa história insiste em morar? Do que me vale o riso mais alegre, se você não conseguirá escutar?
Do que me vale a mais viva das cores, se o meu nariz você não vai colorir? Do que me vale tentar ir embora se, à qualquer hora, eu vou desistir?
Do que me vale você dizer não, se todos já sabem que vou insistir?
Do que me vale pensar em viver se, sem você, eu já nem sei existir?



[ESCRITO EM 05/03/2009]