Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 8 de outubro de 2016

ᙅᒪIᙅᕼᙓ

Demonstre interesse.

Duas palavras que me trouxeram aqui novamente. Um clichê do momento, um resultado de uma busca por e sobre você. E é tão clichê que a resposta à pergunta que eu nem tinha feito seja justamente essas duas palavras... Porque parece que desde o início tudo tem sido apenas uma soma de clichês.

Mas, independentemente disso, foi o que eu decidi fazer. Decidi me fazer sua antes de o ser, para que eu não precisasse ter medo dos "quando" ou "se". De certa forma, eu entendi que era irracional esperar, de você ou de qualquer outro, aquilo que eu julgaria assim se esperassem de mim. Ao encontrar sinais da sua humanidade, eu tentei começar à partir da possibilidade de que poderia dar errado.

O plano era não me decepcionar se, de fato, desse. Mas então descobri também a minha humanidade. E ela se decepciona.


Então estou aqui escrevendo novamente para alguém que não me escreve de volta. E que talvez até seja você, mas é bem mais provável que seja eu mesma. Porque fico tentando encontrar respostas para perguntas que não foram feitas; soluções para problemas que ainda não existem. Sua ausência durante toda a minha vida nunca foi um problema.

Não sei porque agora eu tento conserta-la.

Não sei porque tenho dormido tão mal nas últimas noites, nem se sua presença de alguma forma poderia me acalmar. Porque, dentre as buscas, os sinais foram tantos e tão pouco meus, que não sei como posso toma-los por base nesta minha nova insanidade. As palavras dela parecem conter muito sentimento, mas ele não me diz absolutamente nada.

Porque ela não descreve ninguém que eu conheça. Tampouco alguém que estivesse em meus planos um dia conhecer.


No entanto, algo ainda me incomoda. Por isso eu volto e escrevo. Palavras que queria te dedicar ali, diretamente, embora numa ordem ou conjunto diferentes. Letras e palavras soltas constituindo frases muito mais interessantes, mais loucas, mais nossas. Porque essa foi a diferença. E eu achei que nos punha em igualdade.

Não sei se ao fim deste texto isso vai passar. Não sei se a música vai parar de tocar, ou se ela perderá metade do sentido. Não sei se, ao criar coragem e pôr um ponto final nas nossas falas conjuntas (agora patrimônio privado; meu), a canção vai perder todo o sentido. Talvez ela, assim como eu, tenha escolhido ser mais sua.

E eu talvez devesse deixa-la aqui ao final, para que a tomasse como um fardo. Como fado.

Mas você não me conhece, e não sabe que a dor ainda me dá uma pontinha de prazer. E que preciso das notas que vão ficar impregnadas de você. Para incorporar à minha história. Para compor minha memória. Para lembrar que sempre há uma forma de substituir e oprimir o fato de que eu te precisei. Para lembrar que eu precisei esquecer.


Então eu vou exatamente como vim. De repente. Como quem não acredita e está até um pouco irritada. Vou como quem fica (eu sempre fiquei como quem vai). Como quem não existiu. Ou como quem queria que você nunca tivesse existido.

Porque eu procurei. De todas as formas possíveis e em todas as bibliotecas a que tive acesso. Porque queria encontrar vestígios de algo que foi moldado por você, ou de algo em que nunca tivesse tocado. Achei que, encontrando, eu não me sentiria tão sozinha.

Mas o resultado foi previsível. O futuro desgastou como se fosse passado, perdeu o sentido (ou nunca o teve). Nossa reação gerou um produto ruim, cansativo. Foi o mesmo de sempre, embora os meios não o tenham sido.

E me soa démodé que o final também seja só um clichê.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

ᑭOTᙓᑎᙅIᗩᒪ ᕼIᗪᖇOᘜᙓᑎIÔᑎIᙅO

Essa história é sobre música. Sobre o som do silêncio, que acumula e acaba fazendo morada em nós. Sobre as vozes que, há pouco mais de 24h, eu nem conhecia e que agora parecem exprimir meus pensamentos. Esse texto é sobre tudo o que descobri nas últimas 24 ou 48h e que ainda assim me é desconhecido. Esse texto é sobre a ausência daquilo que deveria se fazer presente. 

Esse texto é sobre todo o verde que deveria soar natural para mim. Sobre tudo que, meu, não se faz natural a ninguém. Porque a escrita é de minha natureza, o jeito sutil (ou nem tanto) de rebuscar o que não faz sentido sequer em minha mente.

Esse conto é sobre um encontro que parece apenas fruto da minha cabeça.


Faz sentido eu vir aqui, cuspir palavras aleatórias e tentar junta-las em frases bonitas? Pra mim, isso parece aquilo que eu não gostei em você e não gosto em ninguém. Não é irônico que me incomode o falar sem fazer, e que eu faça exatamente o mesmo? Mas é que eu não sinto que haja uma solução.

E como medir todo esse potencial de dois que nem ousamos ser nós? Como encontrar equilíbrio (e você talvez não saiba, mas eu adoro) de compostos que nem reagem? O problema não são as contas, os contos... a estequiometria desta reação. É não saber se, na prática, encontraríamos enfim a solução.

Meu medo é que sejamos mistura.


O problema é não ter seu cheiro, toque ou temperatura. É o seu sorriso que não faz parte do meu dia, o som do seu riso que não me faz moradia. O problema é a distância que, embora insignificante, separa. O problema é meu medo e talvez orgulho; o seu aparente interesse transviado. É toda a bagagem que deveríamos ter para compartilhar e agora parece extraviada.

E, quanto mais eu penso, o problema são aquelas vozes e aquela música que fez sentido desde a primeira vez. O problema foi minha mania de transformar medo em dor; em sofrimento antecipado. O problema é viver tudo na cabeça e - diante de um final infeliz - não correr o risco.

(E se tudo isso não fizer sentido nenhum pra mim, você entende?)


No fundo das nossas conversas rasas... Ainda é recíproco?