Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 8 de outubro de 2016

ᙅᒪIᙅᕼᙓ

Demonstre interesse.

Duas palavras que me trouxeram aqui novamente. Um clichê do momento, um resultado de uma busca por e sobre você. E é tão clichê que a resposta à pergunta que eu nem tinha feito seja justamente essas duas palavras... Porque parece que desde o início tudo tem sido apenas uma soma de clichês.

Mas, independentemente disso, foi o que eu decidi fazer. Decidi me fazer sua antes de o ser, para que eu não precisasse ter medo dos "quando" ou "se". De certa forma, eu entendi que era irracional esperar, de você ou de qualquer outro, aquilo que eu julgaria assim se esperassem de mim. Ao encontrar sinais da sua humanidade, eu tentei começar à partir da possibilidade de que poderia dar errado.

O plano era não me decepcionar se, de fato, desse. Mas então descobri também a minha humanidade. E ela se decepciona.


Então estou aqui escrevendo novamente para alguém que não me escreve de volta. E que talvez até seja você, mas é bem mais provável que seja eu mesma. Porque fico tentando encontrar respostas para perguntas que não foram feitas; soluções para problemas que ainda não existem. Sua ausência durante toda a minha vida nunca foi um problema.

Não sei porque agora eu tento conserta-la.

Não sei porque tenho dormido tão mal nas últimas noites, nem se sua presença de alguma forma poderia me acalmar. Porque, dentre as buscas, os sinais foram tantos e tão pouco meus, que não sei como posso toma-los por base nesta minha nova insanidade. As palavras dela parecem conter muito sentimento, mas ele não me diz absolutamente nada.

Porque ela não descreve ninguém que eu conheça. Tampouco alguém que estivesse em meus planos um dia conhecer.


No entanto, algo ainda me incomoda. Por isso eu volto e escrevo. Palavras que queria te dedicar ali, diretamente, embora numa ordem ou conjunto diferentes. Letras e palavras soltas constituindo frases muito mais interessantes, mais loucas, mais nossas. Porque essa foi a diferença. E eu achei que nos punha em igualdade.

Não sei se ao fim deste texto isso vai passar. Não sei se a música vai parar de tocar, ou se ela perderá metade do sentido. Não sei se, ao criar coragem e pôr um ponto final nas nossas falas conjuntas (agora patrimônio privado; meu), a canção vai perder todo o sentido. Talvez ela, assim como eu, tenha escolhido ser mais sua.

E eu talvez devesse deixa-la aqui ao final, para que a tomasse como um fardo. Como fado.

Mas você não me conhece, e não sabe que a dor ainda me dá uma pontinha de prazer. E que preciso das notas que vão ficar impregnadas de você. Para incorporar à minha história. Para compor minha memória. Para lembrar que sempre há uma forma de substituir e oprimir o fato de que eu te precisei. Para lembrar que eu precisei esquecer.


Então eu vou exatamente como vim. De repente. Como quem não acredita e está até um pouco irritada. Vou como quem fica (eu sempre fiquei como quem vai). Como quem não existiu. Ou como quem queria que você nunca tivesse existido.

Porque eu procurei. De todas as formas possíveis e em todas as bibliotecas a que tive acesso. Porque queria encontrar vestígios de algo que foi moldado por você, ou de algo em que nunca tivesse tocado. Achei que, encontrando, eu não me sentiria tão sozinha.

Mas o resultado foi previsível. O futuro desgastou como se fosse passado, perdeu o sentido (ou nunca o teve). Nossa reação gerou um produto ruim, cansativo. Foi o mesmo de sempre, embora os meios não o tenham sido.

E me soa démodé que o final também seja só um clichê.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

ᑭOTᙓᑎᙅIᗩᒪ ᕼIᗪᖇOᘜᙓᑎIÔᑎIᙅO

Essa história é sobre música. Sobre o som do silêncio, que acumula e acaba fazendo morada em nós. Sobre as vozes que, há pouco mais de 24h, eu nem conhecia e que agora parecem exprimir meus pensamentos. Esse texto é sobre tudo o que descobri nas últimas 24 ou 48h e que ainda assim me é desconhecido. Esse texto é sobre a ausência daquilo que deveria se fazer presente. 

Esse texto é sobre todo o verde que deveria soar natural para mim. Sobre tudo que, meu, não se faz natural a ninguém. Porque a escrita é de minha natureza, o jeito sutil (ou nem tanto) de rebuscar o que não faz sentido sequer em minha mente.

Esse conto é sobre um encontro que parece apenas fruto da minha cabeça.


Faz sentido eu vir aqui, cuspir palavras aleatórias e tentar junta-las em frases bonitas? Pra mim, isso parece aquilo que eu não gostei em você e não gosto em ninguém. Não é irônico que me incomode o falar sem fazer, e que eu faça exatamente o mesmo? Mas é que eu não sinto que haja uma solução.

E como medir todo esse potencial de dois que nem ousamos ser nós? Como encontrar equilíbrio (e você talvez não saiba, mas eu adoro) de compostos que nem reagem? O problema não são as contas, os contos... a estequiometria desta reação. É não saber se, na prática, encontraríamos enfim a solução.

Meu medo é que sejamos mistura.


O problema é não ter seu cheiro, toque ou temperatura. É o seu sorriso que não faz parte do meu dia, o som do seu riso que não me faz moradia. O problema é a distância que, embora insignificante, separa. O problema é meu medo e talvez orgulho; o seu aparente interesse transviado. É toda a bagagem que deveríamos ter para compartilhar e agora parece extraviada.

E, quanto mais eu penso, o problema são aquelas vozes e aquela música que fez sentido desde a primeira vez. O problema foi minha mania de transformar medo em dor; em sofrimento antecipado. O problema é viver tudo na cabeça e - diante de um final infeliz - não correr o risco.

(E se tudo isso não fizer sentido nenhum pra mim, você entende?)


No fundo das nossas conversas rasas... Ainda é recíproco?

sábado, 3 de setembro de 2016

𝓐𝓷𝓴𝓱𝒆𝓼𝒆𝓷𝓪𝓶𝓾𝓷

Eu tenho me lembrado do dia em que nos conhecemos. E desejado poder ter feito tudo diferente. Para que você estivesse aqui neste momento, ou para que nunca tivesse estado sequer em meus pensamentos. Todos os dias.

O problema é a sua presença tão distante e tão constante. É a forma de parecermos tão próximos num segundo e no instante seguinte agirmos como se fôssemos desconhecidos. E sobre como sempre parecemos estranhos.

O problema é eu ter procurado tanto os nossos pontos em comum, que acabei perdendo o que tinha em comum comigo mesma. E o modo com que pareço me esquecer de tudo para tentar criar novas e melhores recordações. Mas pretérito imperfeito não se converte em mais-que-perfeito.

Nós somos um erro de gramática.



Talvez tudo se resuma a uma questão de intensidade. De eu gostar de alguém como se fosse o primeiro e o último. Como se fosse o único. Talvez se resuma a uma busca incansável por algo que nem sei o que é, e que quase certamente nada tem a ver com você.

Mas agora - e só agora - vou bater nesta tecla outra vez. E espero que seja a última. Porque dizem que "se não fosse amor, não haveria planos". Mas me importa muito mais lembrar de que também não haveria danos. E nós definitivamente somos uma soma deles.

O que venho dizer aqui hoje é bem contraditório, e - se continuar lendo - verá bem. Porque vou falar de felicidade e do tempo que sempre há de passar e lavar (as lágrimas e a alma).

Vou falar que somos um acerto da história.



A questão toda envolve dúvida. E é exatamente por toda essa certeza que não é de nenhum de nós que eu ainda venho. É pelo que eu vejo (talvez me force a ver), e pela sensação constante de que podíamos ser melhores. Juntos. Mais do que você e ela. E certamente melhores do que eu e ele.

(E é nessa hora em que eu diria que sei que não posso forçá-lo a ser feliz,) E é nessa hora em que eu digo que provavelmente você será feliz. Porque você só sente falta do que conhece. E nós somos mestres dos disfarces.

Somos mais do que Romeo e Julieta, Lizzie e Mr. Darcy. Somos o que não coexiste, o que não funciona. Somos o forçado, o que chega a ser cruel e inconsistente. Somos o explosivo, o possivelmente errado. Somos Amy e Nick Dunne. E eu insisto em ser Imhotep.

E se procurar a história verídica, verá que não somos o que nos fizeram parecer.

Mas talvez tenhamos o potencial para ir muito além.



Então, ao escrever isso que soa insano e ridículo, fica o recado final: só acaba quando o último de nós cair. E eu ainda estou de pé.


A fim de decifrá-lo nesta vida...


... e para devorá-lo em uma próxima.





"A vida é um baile de máscaras...
Quantas vezes dançamos juntos
Sem saber quem éramos nós?"

sexta-feira, 15 de julho de 2016

𝓘 𝓢𝓽𝓪𝓻𝓽𝒆𝓭 𝓪 𝓙𝓸𝓴𝒆

Já faz algum tempo desde aquela música. E eu nem sei direito o que fiz neste intervalo ou o que fazer daqui em diante, mas - como todas as outras vezes em relação a você - venho por uma necessidade inconsciente. A verdade é que eu ainda acho que haja algo a dizer sobre ou para você, e pessoalmente eu não consigo. Diretamente não há voz.

A questão é que eu não pretendia voltar a falar com você. Um dos pontos daquelas reticências deveria ter sido o ponto final; ou nosso "ponto de equivalência", já que somos apenas uma reação. Mas não foi. Nada foi como eu planejei. E eu falei com você, mesmo sabendo que estava errado.

E eu queria que você soubesse que foi apenas porque se sentou ao meu lado. Porque eu comecei a me lembrar de umas coisas que foram boas para mim, e que não tinham a menor relação com você, mas - de repente - me veio a imagem daquela "feira de livros", do seu sorriso, e da primeira vez que eu reparei na forma com que você andava. 

Me lembrei de procurar os seus detalhes em outros lugares.


Hoje eu sugiro uma outra música. Algo que nos afaste de vez, porque eu não posso continuar assim. Não suporto que você faça parte do meu cotidiano. Esta proximidade. Três semanas sem você é muito pouco e eu quero uma vida inteira.

Detesto que agora você use esse óculos e que ele te deixe com uma cara tão de menino. Odeio como ele me lembra de tudo que não pode ser. Porque dois dias de normalidade parecem muito falsos para mim. Nossa unidade de concentração sempre foi outra. E eu sempre fui muito diluída.

E nesta loucura - nisto que definitivamente não é "normal" e eu nunca quis que fosse - eu queria que você fosse capaz de entender aquilo que eu não posso te dizer. O que ficou implícito quando eu fui e quando eu voltei. Queria que fosse capaz de entender a canção, mais do que a letra. A gente sempre interpretou tudo errado...

O problema é que sempre entendi as coisas meio fora de hora.


Fica pra amanhã a cartada final? Ficam as palavras que eu não soube dizer? Sobra aquilo que você fingiu não ouvir? Eu preciso da certeza de que em um momento isso vai acabar. Porque o problema em voga agora nem é mais a questão de poder ou não me machucar, porque já reparei que isso não acontece. É só a necessidade de um término, porque eu sou muito ruim nisso: eu odeio colocar pontos finais; ou deixo em aberto ou rompo com exclamações. E eu preciso de um final pacífico.

Preciso da segurança de saber que está tudo bem, e de que pessoas vêm e vão em nossas vidas. E que, apesar de ter sido tão bom te conhecer, vê-lo ir embora também é algo natural. Nós não fomos feitos para permanecer, e tudo isso foi só para dizer que eu sempre soube que nada disso nunca foi meu. E que, consequentemente, você nunca seria.

Mas que saber não me impediu de tentar. Que eu tinha uma crença, e achava que algumas histórias podiam ser reescritas. No entanto, essa era uma do Nicholas Sparks, e o final estava óbvio desde a primeira página. Para quê continuar lendo esse livro? Aquele dia foi apenas um capítulo mal escrito, algo que não cabe mais. Eu cometi um erro.

Você é um erro que eu continuo cometendo.




"Well, since I got no message on your answer phone
And since you're busy every minute
I just stay at home
I make believe you care
I feel you everywhere
But I'm still alone"

sábado, 14 de maio de 2016

ℋ𝓸𝔀 𝓓𝒆𝒆𝓹 𝓘𝓼 𝓨𝓸𝓾𝓻 ℒ𝓸𝓿𝒆?

Sou péssima em dizer adeus. E talvez também seja péssima em demonstrar meus sentimentos. Ou fazê-los serem corretamente entendidos. Então senti necessidade - novamente aquela necessidade urgente - de vir aqui e tentar corrigir as coisas (como se esse tipo de erro pudesse ser corrigido). Porque eu precisei encontrar o que acreditava ser o ideal, para ver que não era o certo. Que, por mais que me parecesse incômodo, eu devia ter resistido mais um pouco.

E eu fugi cedo demais.


Adianta alguma coisa eu vir aqui e falar de arrependimento? Ou essas palavras vão se perder como muitas antes delas? Adianta tentar corrigir o mal-entendido, reformular as frases? Vai fazer alguma diferença admitir que eu estava errada, que tentei demais ter certeza nessa minha insegurança?

Na última semana, reescrevi cada diálogo em minha mente, a fim de encontrar uma brecha que me deixasse voltar. Tentei criar defesas capazes de vencer as acusações; busquei alguma forma de me redimir. Porque, por mais irracional que seja, eu percebi que preferia suas dúvidas e confusões. Que eu preferia que fosse você.

E que eu tenho colocado a sua voz em cada fala dele, tentando - em vão - me convencer de que poderia dar certo.

Mas eu queria que fosse você; todo errado.


A verdade é que dói, e que a ferida é quase palpável. Que ter uma migalha sua a me dar alguma esperança significava mais do que ter outro alguém por inteiro. A verdade é que eu vi verdade no que tinha dito antes, sem acreditar tanto: outro não basta. Porque eu sinto que já conhecemos o pior em nós dois, e ainda assim o melhor em mim anseia por estar ao seu lado.

É errado demais dizer isso agora? Porque eu sinto que já é muito tarde.


E este texto não é pra ser longo; não há muito mais a ser dito - a não ser que você leia e permita um novo diálogo.

É pra dizer que hoje eu vejo que há um mundo de "yellow umbrella", mas você é "blue french horn"...




A verdade é que eu sinto falta da sua voz.
E que sua saudade é o maior vazio em mim.

...

"I know your eyes in the morning sun
I feel you touch me in the pouring rain"

sábado, 9 de abril de 2016

𝓒𝓪𝓽𝓪𝓵𝓲𝓼𝓪𝓭𝓸𝓻

Senti necessidade de vir aqui. Necessidade de colocar um ponto final em algo que eu acreditava só haver vírgulas (muitas delas). Porque não suporto ver reticências em algo que definitivamente é um adeus. Mas que me deixa partir mais leve, mais tranquila e mais favorável. Porque eu estava certa desde o início: seria diferente. Embora eu não soubesse o decorrer da reação.

Eu nem preciso repetir aquelas coisas todas: sobre a forma ímpar e - realmente não sei como descrever com outra palavra - magnética com que fui atraída total e tão facilmente em sua direção. Também não dá nem quero negar que, ao menos por um tempo, acreditei que me faz(r)ia bem. Ainda que tenha ocorrido tudo neste intervalo tão breve de tempo. Eu pensava que era ele também um reagente, um conjunto de moléculas que as minhas próprias reconheciam há tempos. Por mais louco e cafona que isso possa parecer.

Mas a questão, no geral, é que eu acreditei. Nele, em mim e, por mais insano (ou normal) que pareça, em futuro. Sem receios, embora admita que devia tê-los tido (aos montes). Fui com mais medo do que cultivei na sombra, em todos os casos anteriores. Dei a cara a tapa tantas e repetidas vezes, que em alguns instantes cogitei se ainda me sobraria um pingo de dignidade. Mas fui. E iria novamente.


No entanto, com o tempo [se é que posso usar essa expressão em algo que não durou um mês (se é que posso usar a palavra "durar" em algo que foi efêmero)] eu vi que gastava muito de mim e que ele se mantinha intacto. Que, de nós dois, tudo aquilo era meu (e isso não é novidade), mas que - de alguma maneira - eu não segurava o fardo sozinha. Quiçá com confidentes improváveis, ou até mesmo escrevendo aqui - para pessoas que nem sei quem são, desta vez.

Só sei que eu sinto que deveria estar doendo, mas não está. Porque apesar de ele não ter se esvaído como certas coisas dentro de mim acabaram se esvaindo, eu realmente sinto que este foi o final da reação. Que está completa, exatamente como devia ser. E que cada texto que aqui escrevi foi um ponto a mais num gráfico imaginário. Que, ao ler todos eles posteriormente, vou descobrir que o produto foi algo positivo, encantador (por que não?). Que ao reagir, me tornei uma pessoa melhor; um produto, o que jamais encontraria apenas somando experiências.

No final das contas, vi que ele não foi a "pior coisa da minha vida" (isso é muito coisa de menina de 19 anos). Foi bom, de uma forma que eu duvidaria se me contassem logo no início. Foi libertador, e permitiu que eu pudesse ser a "melhor coisa da minha vida". E ao nos colocarmos novamente em recipientes separados, isolados, eu realmente acredito que vai ficar tudo bem (e é difícil acreditar, relendo neste instante). Mas, pensando novamente, já está tudo bem. Eu só precisava entender.


Ironicamente, precisei de uma aula em que estava completamente dispersa para despertar. Para entender que nunca foi o homem (embora eu não ache essa palavra própria para a pessoa e contexto); foi tudo sobre ver que eu estava pronta para quebrar a cara novamente (e pra crer - enfim - que o coração não tem mesmo nada com isso).

Eu precisava sofrer um pouquinho para ver que isso não me fazia ruir mais. Que eu conseguiria dormir, e que na manhã seguinte estaria tudo bem. Precisava me sentir confusa, indecisa e vulnerável, para notar que eu ainda sei tentar. E que o problema nunca foi a tentativa e o erro. Foi não saber onde eu queria acertar. E agora eu sei que não é em relação a outra pessoa; tenho que tentar ser o melhor para mim.

E dessa vez eu não fingi; não tentei agradar. Fui tão eu que nem entendo como ele ficou até o final. Aliás, agora entendo. Era da natureza dele continuar ali, quase inerte. Do mesmo modo que é de minha natureza a intensidade, a entrega. Ele participou como um co-fator, como um terceiro. Nesta reação ele foi catalisador, e a única pena é que não vá sobrar nada dele no produto final.


Então, se cai melhor um final mais romântico do que realista...

"Um dia meu professor disse que cada célula em nosso corpo é destruída e substituída a cada sete anos...
Como é reconfortante saber que um dia terei um corpo no qual você nunca terá tocado."

terça-feira, 5 de abril de 2016

𝓐𝓻𝓽𝓲𝓰𝓸 𝓓𝒆𝒇𝓲𝓷𝓲𝓭𝓸

Eu preciso falar de coragem.

Preciso falar do que nos impulsiona a confiar e contar segredos. Sobre a loucura de precisar se abrir com alguém e por não saber se é por empatia ou egoísmo. Preciso falar, pelo mero motivo que tenho falado demais sobre coisas que parecem não caber completamente em mim. E tenho escrito, tanto e em tão pouco tempo, que - para falar de coragem - preciso falar do medo de me confundir e contradizer. Porque ainda falta muita coragem para lhe dizer...

Eu não sei muito bem quais palavras usar (talvez já tenha usado todas), ou quais emoções priorizar. Porque são tantas...! E elas me batem tão profunda e delicadamente, como um paradoxo, que às vezes sequer sei o que estou sentindo. Eu havia dito que era vazio, mas talvez esteja cheio demais. Talvez eu esteja sentindo tudo, e tão intensamente, que esses sentimentos não se somam: se multiplicam; tais quais meus sonhos nestes olhos teus. Incrível como eles sejam tão donos de mim.

Eu preciso falar de medo.


Eu preciso falar de pressa.

Preciso falar da vontade louca de fugir como se eu tivesse para onde ir. Sobre a ansiedade, e sobre o afã de encontrar em você um lugar meu. Preciso dividir contigo a importância deste lugar, dizer sobre a urgência de encontrar a mim mesma. Porque tenho achado nesta minh'alma pedaços tão seus, que me pergunto onde estão os trechos meus que ficaram pela estrada. Porque sinto necessidade de preencher lacunas; ligar estas lagunas ao mar.

E é complicado para mim assumir todo este turbilhão. Porque é tanta correnteza nesta calmaria, que eu me sinto deveras perdida quando há silêncio. É difícil dividir isso com alguém; a necessidade de se somar. Parece errado acreditar que pode me fazer tão bem. Que apesar de eu correr, como se não houvesse tempo o suficiente para o alcançar, chegar lá pode me trazer mais respostas do que perguntas. Porque eu tenho interrogações demais para os seus pontos finais.

Eu preciso falar de calma.


Eu preciso falar de você,

Preciso falar do que não consigo sequer compreender. Da sensação de que eu poderia falar sobre tudo; de que poderia conversar com você durante a minha vida inteira. Preciso criar coragem para, com calma, dizer que eu aprendi com o tempo que posso ser feliz sozinha; mas que sou muito mais feliz com você. Porque quando meço os prós e contras, ainda assim parece valer a pena. E então, não querer você soa como não querer a mim.

E talvez seja errado, mas - hoje, e talvez só por mais este dia - me parece a coisa mais certa que eu poderia ter. Então fica fácil, ao menos por um segundo. Depositar todas essas pequenas coisinhas; meros detalhes. Organizar as malas, umas ao lado das outras, como quem entende e aceita. Ver que um não serve. Não basta. Que este texto não poderia jamais ser para outra pessoa. Que este sentimento também não poderia. Ver que você é artigo definidO.

Eu preciso falar de mim.


quinta-feira, 31 de março de 2016

𝓔𝓼𝓬𝓸𝓫𝓪𝓻

A verdade é que tenho tentado me convencer de que preciso dar essa nova chance a mim. Que no final das contas, me faz bem - apesar dos contras - e que seria um erro fugir só porque as coisas não saem sempre conforme eu gostaria.

E eu gostaria de me sentir segura. De não precisar temer o dia que tenho pela frente, e principalmente a noite. Não saber como vou me sentir ao anoitecer me enlouquece. Porque eu preciso me sentir constante, mas você é variável.

A verdade é que eu queria que você soubesse, para que talvez fosse capaz de me entender. Viver você dói. E neste misto de mal-me-quer e bem-me-quer, eu sinto que sou flor despetalada. Me sinto inteira e incompleta, e não saber o que fazer com metade de mim é angustiante.

Metade de mim te sente aqui, com aqueles olhos de ressaca - tal qual a Capitu de Bentinho. Mas a outra metade se afoga nas angústias que fluem.


Neste texto mais revelador do que interessante, eu assumo a você que existem coisas em mim que você desconhece, mas que não podem ser ignoradas. Conto sobre os medos que estou superando - ou tentando superar - aos poucos, e que acabaram me tornando sentimental demais.

Eu queria que você soubesse que meu coração pausa quando você me olha mas não consegue me ver. Que me machuca que não me leia. (nas entrelinhas). E que eu transformei o que me incomodava em incômodo. Que acabei optando por me defender atacando. Mas que não queria isso para nós.

Porque desta vez eu queria me sentir vulnerável novamente, apta a correr riscos e quebrar a cara. Mas a cada rachadura nesta fachada, mais eu volto atrás e fujo. Porque eu não sinto prazer em sofrer. ("A gente sofre sempre por querer").

Eu queria dizer - em voz, tato e coragem - que, às vezes, eu não me sinto benquista, e que nunca me interessei por pouco. Porque eu quero você inteiro; mas na prática isso não funciona.

Na prática, nós dois parecemos pouco. E eu queria que soasse ideal.


Estou aqui "pra dizer que teu silêncio me agride" e que eu não consigo interpretar o que ele diz. Para tentar, quem sabe, não criar expectativas demais e não vê-las se converter em frustrações posteriores. Porque, por vezes, sua atitude me desagrada e conflitua; mas tudo isso é problema meu.

Estou pedindo calor, ainda que sem amor. Estou pedindo carinho, como se fosse de graça. Só aquilo que posso lhe dedicar de volta. Ou que você possa me retornar; afinal, só quero parte do que - de mim - já é todo seu.

Mas, musicalizando outra vez,
          "o que você não pode, eu não vou te pedir 
                    o que você não quer, eu não quero insistir"



A verdade é que não quero desistir ainda, por mais que toda a racionalidade em mim implore que eu vá embora. Que me sente distante, que me sinta mais minha. Mas, se não fosse você, não seria eu.

E...
"quando o neon é bom, toda noite é noite de luar".

sábado, 26 de março de 2016

𝓔𝓾𝒇𝒆𝓶𝓲𝓼𝓶𝓸

"Pra começar
Cada coisa em seu lugar
E nada como um dia após o outro"


"- Amanhã a gente conversa mais..."

A idéia é de que este texto seja mais informal, quase uma conversa. Vai ser o que eu não tive coragem de te dizer, ou talvez só tenha faltado oportunidade. Vou falar sobre as mil sensações estranhas que dividem lugar no meu peito com esse vazio que já se faz tão presente.

Vou falar de pressa, para você nunca mais me pedir calma. De euforia, para que entenda que usar essa palavra soa cruel. Vou falar de atração. Vou falar do que não se evita, e da timidez que não se reconhece.



ATRAÇÃO - a.tra.ção
nome feminino
1. Ato ou efeito de atrair, de puxar para si
2. Força que se exerce entre dois corpos e que tende a aproximá-los (a atração da Terra sobre a Lua)
3. Força que tende a aproximar uma pessoa de outra; empatia; fascínio (sentia atração por pessoas de olhos azuis)
4. Interesse sentido por algo; afinidade; inclinação (sentia atração pela engenharia)
5. Pessoa ou coisa que atrai, fascina o público (o atleta era a maior atração da corrida)
6. Número de um espetáculo, programa de televisão, etc. (o espetáculo contou com diversas atrações)

Desculpa, mas eu preciso trabalhar com definições hoje. Preciso que algo me delimite, porque estou realmente confusa sobre o que sinto e não fui capaz de definir corretamente. Eu te disse que me sentia "atraída", e isso lhe pareceu apavorante. E o seu medo me foi humilhante. Porque eu me atrai como imã, como quem tem a necessidade imensa e urgente de se manter próxima. Como inseto que vê a luz acesa pela primeira vez. Porque eu preciso da serenidade deste pensamento.

Fui atraída como quem não tem passado, e como quem não tem que pensar num futuro. Fui atraída pelo agora, de uma forma que eu não me sinto naturalmente. Como quem sente fascínio e até calma. E não tive como fugir, embora algo em mim exigisse que eu o repelisse. Que eu me lembrasse de tudo o que já me foi errado, em detrimento de tudo que hoje me parece tão certo.

Eu só disse o que já estava tão claro para nós dois e para todos os outros. Que eu gosto de estar com você, mais do que eu queria.


PRESSA - pres.sa
nome feminino
1. Necessidade premente de chegar a algum sítio ou atingir um objetivo; urgência
2. Rapidez; velocidade
3. Azáfama
4. Impaciência
5. Precipitação
6. Situação aflitiva; aperto

Você me pediu calma. Mais de uma vez. Como se eu não estivesse ali há tanto tempo quanto você. Como se eu te atropelasse, ou não te desse direito de resposta. Que resposta? Qual foi a minha pergunta?

Eu disse por me sentir segura. Confortável como não me sinto há tanto tempo, que não sei nem estimar. Porque aquela ideia boba de "vinte segundos de coragem insana" ainda estava martelando na minha cabeça, e porque eu não achava que tinha nada a perder. Porque eu estava tão acostumada a não ter nada, que não imaginei que tivesse algo a ser perdido dessa vez. Aparentemente tinha.

E eram perdas mais em mim do que em você.


EUFORIA - eu.fo.ria
nome feminino
1. Sensação de bem-estar produzida normalmente pela boa saúde, ou anormalmente por estupefacientes
2. figurado. Exaltação; entusiasmo
3. gramática. Valorização positiva dos termos de uma estrutura semântica

Mas o que mais me incomodou foi me dizer que estávamos eufóricos. Eu entendo que o objetivo tenha sido dizer que estávamos afobados ou impacientes. Mas não havia a mínima alegria para eu sequer relevar a palavra usada tão fora de contexto. Eu não estava entusiasmada, eu estava com mais medo do que pensei que pudesse sentir - depois de tantas coisas que já me foram ruins. Eu estava insegura de um modo que você nem acreditaria se eu tentasse quantificar. Porque ninguém nunca me disse o que vem depois daquela coragem insana que eu exaltei.


Em outra ocasião, sobre outro rapaz, eu disse que "se ele soubesse o quanto a mulher de 23 anos está lutando para que a menina de 16 anos não goste tanto dele, não se sentiria lisonjeado"; e agora não consigo evitar uma pergunta em minha mente: "se você soubesse o quanto a mulher de 23 anos está gostando de se sentir assim em relação a você, ainda se sentiria assustado?". Porque desta vez eu não estou.

Porque desta vez eu sei exatamente quem eu sou, e sei que não é ninguém além de mim que quer tanto estar perto de você. Porque eu sei que, por mais que agora soe desconfortável, não deveria nunca soar errado. Porque para mim parece natural sentir empatia. 

É natural um dia voltar a confiar em alguém. E parece simples que eu tenha "escolhido" confiar em você.

Mas você não sabe o que significa, para mim, "confiança".

À partir de amanhã a gente não conversa mais...

segunda-feira, 21 de março de 2016

𝓐𝓷𝓽𝓸̂𝓷𝓲𝓶𝓸

Incrível que o vazio consiga nos preencher tanto. Que inspire cada parte de nós. Incrível que ele possa se tornar um sentimento. Eu sinto um vazio imenso por você. E ele dói.

E é uma dor mesmo, sem pitada alguma de prazer. É uma sensação quase insuportável. Algo que me escapa aos olhos e verte para fora da minh'alma como se fugisse de mim e de toda essa vergonha que me corrói.

Eu disse a uma amiga que você seria a melhor ou uma das piores coisas na minha vida. Que via em você um potencial gigante, que só seria capaz de atuar nos extremos. Agora acho que está no pior deles, e que me é destrutivo. E a única reação que sequer consigo cogitar é construir.

Criar pontes onde você estabelece muralhas. Porque ainda não é hora de desistir.


Achei que te procurar uma e mais outra vez era falta de amor próprio. Me fiz tola dentro desta minha coragem. Fui com medo mesmo. E acabei por perceber que tentar encontrar o que me faz feliz é a maior prova de amor que poderia me dedicar. E que ninguém faria isso por mim.

Por isso estou aqui assumindo. Pra dizer que serei antônimo desses seus adjetivos. Que a cada silêncio seu eu me transformarei em palavras. Que vou cruzar toda a distância imposta. Até que eu possa me convencer que ser o seu oposto não nos equilibra.

Ou até te convencer de que há potencial em nós dois.
(Pensa que não vai ser possível?)


Na minha escala, esse é o dia 6. Ou 3. E cada dia a mais só me soa como um dia a menos. Uma chance perdida, um ponto final. Mas aprendi que só tenho os dias que me restam. E eu dedico cada um deles a você (no mínimo por enquanto).

E, senhor, me diz se esta não é uma noite ótima para fazermos algo estúpido?
(Eu estou pronta, se você estiver)

Vem, seja menos polido. "Acorda". Pensa ao menos um pouco em mim enquanto eu sonho com você. Sorri com o canto da boca e ri com o corpo inteiro. Me acolhe, me afasta. Me aquece. Não me esquece. Seja adulto, aja como criança. Mas reaja.


Me deixa até ser a escória.
Me deixa entrar.


sexta-feira, 18 de março de 2016

𝓔𝓼𝓹𝓲𝓷𝓱𝓸

Não fale com estranhos...

Talvez eu não devesse vir aqui hoje e escrever qualquer coisa. Talvez eu devesse ter escrito ontem e aprendido com tudo que me doeu outrora. Talvez eu devesse deixar essas ideias amadurecerem e escrever amanhã. Talvez eu devesse dormir e esquecer.

Talvez eu devesse agir como uma adulta, quiçá pela primeira vez na vida ou em muito tempo. Talvez fosse mais sensato fingir que eu não tenho motivos para estar chateada comigo mesma. Que eu não tenho esperanças. Que eu posso falar que "tinha", no passado, como quem enfim encontra um caminho.

Eu podia vir aqui e falar que vai ficar tudo bem, mas sinto que estaria mentindo para mim mesma. E estaria mentindo muito mal. Porque nem sempre eu acredito que tudo possa ficar bem. Porque eu não posso voltar atrás e seguir reto por aquele corredor. Não posso fingir que não deixei de lado os conselhos que toda mãe dá aos seus filhos. 

Mas, se pudesse, eu voltaria.


Não estranhe.

As palavras não vão sair coerentes hoje. Meu texto não vai ser coeso. Nem há de ser meu. É dele e de todos os outros estranhos com os quais eu poderia ter puxado assunto. É de quem sentir que dá para salvar uma ou outra frase. Ou de quem puder acreditar que há algo passível de salvação em mim.

Esses parágrafos cegos e desconexos, incapazes de conversar entre si (como tampouco somos), são para quem também acreditou em algo muito além das expectativas. De quem quis fazer algo apesar de saber que era errado. Para alguém que, assim como eu, acreditou veemente que se não ferisse outra pessoa, não seria assim tão grave causar um dano a si próprio.

Esse texto é pra quem tem olhos cuja cor eu não consigo distinguir. Para alguém que consegue mesclar quente e frio sem parecer morno. Para alguém que talvez esteja ainda mais perdido do que eu. Se é que isso seja possível.

Cada uma destas linhas é para Le Petit Prince, para o aviador.


Sejamos estranhos.

Nesta madrugada, e só nela, vou tentar me esquecer de onde estou. Peço que não me recordem. Que não se recordem de mim. Porque eu preciso acreditar que o difícil não é esquecer; é lembrar. Nesta madrugada, e por todas as suas horas, vou tentar não ser feliz às três pelo que pode me ocorrer às quatro da tarde. Vou fingir que sou responsável por alguém, e que não tenho delegado responsabilidade demais a outro alguém.

Vou fingir que sou um rascunho e que posso apagar esses erros tão dolorosos da minha história. Só por este final de semana vou acreditar em finais, sem ligar muito se serão felizes para sempre. Vou tentar me forçar a crer que o livro que estava rabiscando numa folha qualquer não era um conto de fadas. Só ao longo dessa madrugada eu vou tentar apagar o "Prince" depois de "Le Petit".

E pelos próximos 15 minutos vou tentar apagar da memória a sensação incômoda que fica quando apenas esperamos o tempo passar. Sem nos dar conta de que nosso tempo está passando. De que se "nosso" envolvesse realmente um plural, esse relógio estaria estagnado.

Mas ele corre e não parece que um dia será capaz de me esperar.


Corpo estranho.

Daqui em diante, vou acreditar - ainda que esta seja a mentira sincera que eu procurasse - que enxergar logo no início todos os erros deste enredo ruim só pode me fazer bem. Que eu sou capaz de seguir adiante como se nunca tivesse sentado e esperado por alguma resposta ou sinal de algo em que eu própria não acredito.

Senta ao meu lado. Fica em silêncio. Dá aquele sorriso que espreme seus olhos e só me confunde mais. Ou se afasta, ri como um louco e nunca mais me dedica a sensação de ter te provocado um sorriso. Mas, por favor ou misericórdia, recoloca a redoma em torno de mim.

Esse excesso de oxigênio está me sufocando, e este vento está me ferindo. E agora eu não sei sequer se tenho como revidar.


Eu era rosa.
Mas me esqueci que rosas têm espinhos.