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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 5 de abril de 2016

𝓐𝓻𝓽𝓲𝓰𝓸 𝓓𝒆𝒇𝓲𝓷𝓲𝓭𝓸

Eu preciso falar de coragem.

Preciso falar do que nos impulsiona a confiar e contar segredos. Sobre a loucura de precisar se abrir com alguém e por não saber se é por empatia ou egoísmo. Preciso falar, pelo mero motivo que tenho falado demais sobre coisas que parecem não caber completamente em mim. E tenho escrito, tanto e em tão pouco tempo, que - para falar de coragem - preciso falar do medo de me confundir e contradizer. Porque ainda falta muita coragem para lhe dizer...

Eu não sei muito bem quais palavras usar (talvez já tenha usado todas), ou quais emoções priorizar. Porque são tantas...! E elas me batem tão profunda e delicadamente, como um paradoxo, que às vezes sequer sei o que estou sentindo. Eu havia dito que era vazio, mas talvez esteja cheio demais. Talvez eu esteja sentindo tudo, e tão intensamente, que esses sentimentos não se somam: se multiplicam; tais quais meus sonhos nestes olhos teus. Incrível como eles sejam tão donos de mim.

Eu preciso falar de medo.


Eu preciso falar de pressa.

Preciso falar da vontade louca de fugir como se eu tivesse para onde ir. Sobre a ansiedade, e sobre o afã de encontrar em você um lugar meu. Preciso dividir contigo a importância deste lugar, dizer sobre a urgência de encontrar a mim mesma. Porque tenho achado nesta minh'alma pedaços tão seus, que me pergunto onde estão os trechos meus que ficaram pela estrada. Porque sinto necessidade de preencher lacunas; ligar estas lagunas ao mar.

E é complicado para mim assumir todo este turbilhão. Porque é tanta correnteza nesta calmaria, que eu me sinto deveras perdida quando há silêncio. É difícil dividir isso com alguém; a necessidade de se somar. Parece errado acreditar que pode me fazer tão bem. Que apesar de eu correr, como se não houvesse tempo o suficiente para o alcançar, chegar lá pode me trazer mais respostas do que perguntas. Porque eu tenho interrogações demais para os seus pontos finais.

Eu preciso falar de calma.


Eu preciso falar de você,

Preciso falar do que não consigo sequer compreender. Da sensação de que eu poderia falar sobre tudo; de que poderia conversar com você durante a minha vida inteira. Preciso criar coragem para, com calma, dizer que eu aprendi com o tempo que posso ser feliz sozinha; mas que sou muito mais feliz com você. Porque quando meço os prós e contras, ainda assim parece valer a pena. E então, não querer você soa como não querer a mim.

E talvez seja errado, mas - hoje, e talvez só por mais este dia - me parece a coisa mais certa que eu poderia ter. Então fica fácil, ao menos por um segundo. Depositar todas essas pequenas coisinhas; meros detalhes. Organizar as malas, umas ao lado das outras, como quem entende e aceita. Ver que um não serve. Não basta. Que este texto não poderia jamais ser para outra pessoa. Que este sentimento também não poderia. Ver que você é artigo definidO.

Eu preciso falar de mim.


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