Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

𝒬𝓊𝒶𝓃𝒹𝑜 𝓈𝑒 𝒻𝑜𝓇...

Quando se foi, eu fiquei. Parada, estagnada, completamente sozinha. Fiquei procurando o erro. O meu erro. Fiquei como quem procura motivos ou desculpas. Como quem busca as respostas de perguntas que ainda não foram feitas.

Você andou e eu fiquei ali.

Quando se foi, me questionei: e seE se você não tivesse sido tão impulsivo? E se você tivesse, de fato, pensado melhor? E se nós tivéssemos conversado direito? E se eu nunca tivesse conhecido você?

E se eu não tivesse te dito aquelas coisas? E se fosse, naquela época, quem sou agora e tivesse calma? E se eu não me sentisse tão feliz ao seu lado?

Quando se foi, cada "e se" foi um corte lento e profundo que me auto afligi. E ferida aberta não cicatriza.


Mas o tempo passou (claro que passaria). E eu fui percebendo que a vida não gira em torno dos "e se', mas dos "quando". E as perguntas mudaram.

Quando você deixou de amar? Aliás, quando foi que eu comecei a amar você? Primeiro foram as palavras ou o sentimento? Quando eles pararam de significar a mesma coisa? Quando eu comecei a sentir medo de te perder? (Se é que senti medo a tempo.)

Quando você se descobriu apaixonado por outra pessoa? E quando "a gente" deixou de ser algo importante? Quando eu me sentiria capaz de amar outro alguém? (Embora essa pergunta ainda exija de mim um "e se" complementar: "e se eu nunca for capaz?")

Quando eu me esqueci do seu cheiro? Quando perdi o som do seu riso, e as palavras ao pé do ouvido? Quando troquei sonhos que eram nossos, por algo que seria só meu? Quando eu me esqueci de quem eu era? E quando eu deixei de me importar com isso; quando a tristeza virou ódio, e quando esse ódio se tornou indiferença?

Quando passei a me sentir melhor sem você?


Quando, naturalmente, eu teria deixado de te amar e ficado com você apenas por conveniência? Quando nos tornaríamos dois estranhos vivendo uma vida em comum? Quando eu me convenceria a seguir outro caminho? Quando eu me tornaria a mulher que estava predestinada a ser, se tivesse continuado a ser a  mulher que você queria que eu fosse?

E quando você deixou de ser quem eu pensei que era? Quando mudou tanto a ponto de me fazer entender que toda história tem um ponto final e dura o tempo certo? Quando eu deixei de te reconhecer? E você, ainda sabe quem você é?

Quando passei a pensar em você em todas as minhas experiências ruins? Quando passei a ter medo das coisas boas?

O tempo passou, assim como as oportunidades de viver uma vida além da que foi escrita à partir das perguntas erradas.


E agora eu tento unir as respostas, em busca de uma solução comum pra tudo o que ainda não veio. Agora quero novas perguntas, sobre pessoas que ainda não conheci. Para pessoas que até já estão aqui, mas sobre as quais eu nada sei. 

Agora eu tento juntar as possibilidades de tempo e espaço, buscando o momento exato em que um sonho é capaz de se tornar realidade. E na esperança de, no meio de tudo isso, conseguir arrancar um sorriso daquele tal "outro alguém", que não é "outro", senão o único que importa nesse momento.


Quando se foi, eu procurei em vão pelo erro que não foi cometido.

Mas tudo bem. Agora está tudo certo.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A ƜнσƖє Ɲєω ƜσяƖɗ

Quem me conhece sabe que me faz falta escrever. Sabe que nem sempre há assunto sobre o qual falar, mas a ausência das palavras me incomoda. Às vezes, é preciso recolocar as ideias em ordem e esperar que elas façam sentido. E é por isso que estou aqui.

Nestes últimos meses muitas coisas aconteceram na minha vida, e algumas delas podem ser consideradas marcos. Foram redefinidos alguns pilares da minha personalidade, ou talvez eu ainda os esteja buscando. A verdade é que acho que me reencontrei, embora nem sequer soubesse o quanto estava perdida.

Pode ser que eu volte a me perder, talvez ainda ao longo deste texto; mas a sensação atual é de que está tudo perfeitamente em ordem. Para fazer um comparativo - e pra quem sabe os efeitos que o café tem sobre mim - hoje é chá. Hoje, ou talvez ele.

Chá, pois tem o potencial de me fazer algum mal. Mas que é um risco que eu gosto de correr.


A bem da verdade, esse texto não se difere muito dos outros. Eu não sou muito diferente de quem eu era antigamente. As palavras que me definiam ainda são as que me caracterizam. Eu ainda sou a mesma "romântica não praticamente".

Eu ainda me apaixono por detalhes. Ainda me apaixono pela sensação de estar apaixonada. Eu ainda sou platônica. Ainda acredito na possibilidade de viver algo impossível. Porque, no fundo, a gente sempre quer acreditar.

E todas essas palavras vêm na tentativa de exalar e exaltar alguém que talvez esteja sendo criado letra por letra, num misto de adjetivos que nunca poderiam coexistir. Vêm e vão, como tudo o mais na vida, apenas para dar a este dia um sentido maior. Como se algum desses momentos banais tivesse sido verdadeiramente especial.


Quem me conhece sabe de toda essa minha ambiguidade de sentimentos. Sabe que, por vezes, são incertos e indefinidos. Sabe o quanto eu gosto de escrever sobre eles. E sabe que eu não os sinto com igual intensidade.

A verdade é que sou efêmera em tudo o que eu gostaria de eternizar. E é por isso que escrevo.

Porque eu quero falar sobre ele. Sobre tudo o que fica passando como um filme na minha cabeça, que ocupa todos os meus pensamentos e impede que eu me concentre. Quero dividir com alguém todos os monólogos que se firmam em minha mente.

Quero uma forma de me garantir que não estou ficando louca. Mas o meu medo é ficar vazia.


A questão que sempre parece estar em voga na minha vida é quanto estou disposta a me ceder, para que alguém possa fazer parte de mim. O quanto é necessário para mesclar minha vida, meus planos, medos e sonhos com os de outra pessoa. E a verdade é que, no final, quando a balança é zerada e os ânimos se acalmam, nunca parece valer a pena. 

Sempre me parece que, nessa história de "amor", todos correm para chegar ao mesmo lugar. No final, todos voltam ao ponto de partida. Me parece um jogo de 90 minutos que nunca vai sair do 1x1. Porque amor parece só ter graça se houver um empate. E eu não consigo enxergar o sentido disso.

Talvez (mais uma possibilidade para a lista) neste instante, pensando nele, eu considere reavaliar essa história; porque - assim como na fantasia - a gente ainda quer acreditar. E é por isso que eu persisto no que eu digo ser um erro, visando um dia acertar.

É por isso que eu escrevo. Para manter um pouco de humanidade em mim.

Para manter um pouco de magia em nós.

E para criar algo meu nele.



Mas ele não sabe (provavelmente nunca vai saber) o quanto gosto dele neste momento.

E o quanto vou negar esse sentimento amanhã.