Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

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Faz muito tempo que não venho aqui sem saber exatamente o que escrever. Porque faz muito tempo que eu não sei o que é concentração. Desde que ele apareceu, eu tenho pensado mais nele do que em mim mesma. E às vezes acho que ele vê coisas em mim que eu não enxergo. Mas hoje, agora, estou aqui para dizer que também enxergo nele coisas que ele não deve notar.

A forma com que ele sorri. O jeito tímido que parece não deixá-lo nunca em paz. A paz... Aquela calma pra falar de tudo, como se nada tivesse assim tanta importância que não pudesse ser discutido antes. E a concentração que nele parece sobrar. As coisas que ele bem que poderia achar em mim, porque eu não consigo acreditar que estejam aqui. Mas, que se estiverem, ele vai achar... Porque existe aquela maneira com que ele me olha: Ele me vê!

Bom... São todos aqueles detalhes e trivialidades. É alegria e alergia, tudo tão junto que não saberia nem como começar a destrinchar. É companhia, de um modo que há muito não tenho. Pela primeira vez em muito tempo, não quero mais estar sozinha. Não quero pensar tranquilamente; quero a angústia de ele me olhar logo que meu pensamento voa por tudo o que ele é e que o difere tanto de todos os outros; como se lesse meus pensamentos.

Idolatro músicas que não deviam mais me fazer sentido, ou que nunca nem pensei que pudesse gostar. Vejo filmes como se não houvesse amanhã, e fica difícil esperar até amanhã para falar desses filmes com ele. Porque há sempre algo que eu quero poder dividir, porque sei que eu posso falar disso. Porque sei que ele vai me ouvir. E não vai esquecer.

Ora... E não estou eu pensando agora mesmo se ele vai ler essas linhas bobas? E se vai se ler nas entrelinhas? Porque - também pela primeira vez - tem mais de outra pessoa do que de mim em um texto meu. E no contexto inteiro, se for para recapitular. Há, por vezes, a concentração que reparo na face dele quando eu mesma já me perdi na minha própria mente. E há perguntas e respostas alternadas, todas dele. Dedicadas para ele. Há razões, todas pedindo uma loucura que as permita divagar. Devagar. Vagando na velocidade exata para que nossos corpos venham a se colidir.


Amor? Vou me permitir usar essa palavra desta vez; em algum momento? Vou rotular logo de cara; eternizar algo que pode sequer nem ser efêmero? Não vou chamar de amor. Mas vou chamá-lo "imemorial": me senti e sentiria assim independentemente de quando, como e onde eu o viesse a ver / conhecer. Me apaixonaria ainda que só cruzasse com ele uma única vez em uma rua movimentada.

Nada poderia mudar isso. É a minha natureza, e de alguma forma igualmente natural ela esbarra nele de todas as maneiras que encontra (e posso garantir que tenho procurado essas maneiras). E quando a gente se esbarra - literalmente - sinto coisas que não conseguiria descrever em um milhão de anos, textos, frases ou suspiros. É uma mistura de primeiro e último amor, da urgência de uma adolescente e do descaso de uma adulta desiludida. E deve haver muito dos homens e seus detalhes que ainda que eu quisesse, não saberia dizer.

Tudo se encaixa. Tudo. E essa é a única palavra que me faz algum sentido em toda essa loucura. Todos os verbos, pronomes e substantivos. Todas as estações e cores. Todas as dores e todos os deleites. Todos os sabores, sensações, confusões e enfeites. Tudo. Tão misturado, que tenho medo de isolar algo e perder todo o resto. Mas que me impede de ter medo de me isolar com ele. E que até me atrapalha quando tento não pensar nisso. Nele.

O que eu sinto não tem nome. Ninguém sentiu (eu nem seria capaz de comparar com qualquer poema). Amor não é - já disse que não. Porque ele não me faz sofrer. Ainda que eu seja tomada por dúvidas e incertezas, eu não consigo me sentir nada mal ao pensar nele. E quando ele está perto, difícil é não sorrir. Ele surge e eu sinto meu rosto corar. É febre. Impaciente. Excitante. Extasiante. É tanto adjetivo...

Não seria o ideal que eu parasse por aqui? Que me calasse e não me complicasse mais; porque eu não saberia me justificar se ele entendesse o que está acontecendo. Nem teria onde me esconder senão atrás de uma fachada impassível e impossível de não rachar. Seria certo fechar essa janela, desligar o computador e dormir (do que me importa que seja tão cedo? Não seria muito pior se fosse tarde demais?).

Isso não é certo, mas ok (não, eu não quero que "ok" seja uma espécie de "eu te amo"). Eu só quero encontrar o sentido nesse sentimento e nesse monte de palavras soltas que eu nem sei se chegaram a se unir e criar essência. Essência tão maravilhosa quanto aquele perfume se misturando à pele de tonalidade perfeita. E fazendo de cada poro moradia. Saindo apenas para me visitar e entorpecer.

O objetivo nunca foi ser cafona, caro leitor. Era deixar que algo saísse de mim. Porque eu não acho que ele vá sair, e tudo tem ficado apertado demais a ponto de eu me questionar até quando vou aguentar. Não quero explodir agora. Quero a calma que eu vi nele, pois só assim poderei ver em mim algo nosso.