Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Toოorrow

Mais um ano que chega ao fim. Mais um ano que passou por mim como se eu não existisse; como se a minha presença não fizesse a menor diferença.


E agora são 23:45 da noite do fim do mundo e eu vejo que meu mundo não mudou nem um pouco. Estou acordada, com uma dor no corpo todo, ouvindo uma música que não é nossa (e que nem conhecíamos naquela época) e pensando em você mesmo assim. Porque eu não faço nada a não ser pensar em você.

É que eu consigo ouvi-lo cantando junto do artista. Consigo ouvir você dizendo que não é bom para mim, nem eu para você. Consigo ouvir você cantar que isso tudo só nos trouxe dor e lágrimas, e que - mesmo sem parecer - éramos bons demais juntos. Mas que, apesar disso, existem coisas em nós que não deveriam ser salvas.


E eu me pego discutindo com esse cantor, porque ele está sendo covarde ao dizer isso para a mulher que diz amar. Uma cena me vêm à cabeça; uma única e patética cena: "Nós estamos no seu quarto, sentados na sua cama... Estamos olhando um para o outro, e você me diz que vai falar que me ama quando souber que é o que sente. E você diz... Chega bem perto e diz no meu ouvido as três palavras que me perseguem em sonhos, pesadelos e vida real: EU AMO VOCÊ."

Eu chego então a odiar a voz perfeita e um pouco rouca desse homem cantando agora no meu ouvido. Por que você foi assim tão covarde? Por que disse que me amava se não era o que sentia? Por que me encheu de esperança, se isso era tudo que podia me oferecer? Por que me levou ao topo e me empurrou?


Eu me sinto insegura ao ouvir os acordes da canção. Porque ela me acolhe como os seus braços sabiam me acolher. Porque ela transmite uma segurança inabalável, e você me ensinou que o infinito não dura. E eu queria lhe ensinar algo em troca, mas tudo que lhe tenho é amor e uma devoção pouco saudáveis para mim.

Eu acho que terminar como terminou foi patético. Mas acho que me coloquei numa posição ainda mais patética, que não posso remediar. Nesses anos todos eu nutri cada olhar e sorriso como se fossem o último pedaço de mim. Mas era tudo seu, e só. Nunca foi nada meu. E ver você com ela dói. Ver você com ela, me olhando com aquele olhar que meu namorado me olhava... me mata! Porque eu fico fantasiando se um dia você verá que teria dado certo.


Se um dia verá que até nossos piores defeitos deveriam ter sido salvos.

Meu defeito é você.


"Quem ouve música sente sua solidão de repente povoada."
- Robert Browning

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Você ainda me deve um cinema... ♥

Do que me vale sentir a sua falta, se você não vai voltar para me buscar? Do que me vale correr atrás, se eu nunca vou te alcançar? Se você não vai me deixar ir contigo?
Do que me vale sonhar sonhos antigos; os meus inimigos; se eu nem sequer vou aguentar dormir? Do que me vale ser eternamente sua, se você não vai me deixar conseguir? Do que me vale uma existência sem vida?
E, do que me vale esta vida, se um dia eu pude dividi-la contigo? Do que me vale qualquer coisa, se hoje só quer ser meu amigo?
Do que me vale o mais doce dos beijos, se não é você quem vem me sorrir? Do que me vale a noite mais longa, se eu não ganho um beijo seu para dormir? Do que me vale o olhar mais profundo, se não houver sentimento ali?
Do que me vale a madrugada mais fria, se não são os teus braços que vem me afagar? Do que me vale o mais lindo oceano se, no fim, eu vou me afogar?
Do que me vale a música mais bela, se é para ela que você vai correr? Do que me vale voar da janela, se não vem mais para me socorrer?
Do que me vale sequer o silêncio, se ninguém vai mais ousar pedir perdão? Do que me vale este corpo e a alma, se não existe calma em meu coração?
Do que me vale a dor de um poeta, se ainda é em mim que ela vai doer? Do que me vale esta batalha; esta luta; se nunca serei eu quem vai vencer?
Do que me vale um amor verdadeiro se, à luz do Cruzeiro, eu vou te perder? Do que me vale a forma mais pura, se essa mistura eu não vou perceber?
Do que me vale o tesouro mais caro, se este sentimento tão raro já pôde morrer? Do que me vale um pôr-do-sol, se no dia seguinte ele insistirá em nascer?
Do que me vale uma cena de um filme, se este eu nunca vou assistir? Do que me vale esta peça, se em seu teatro não vai me incluir?
Do que me vale escrever uma página, se do meu diário você vai apagar? Do que me vale o calor do teu colo, se nele não irei eternizar? Do que me vale a palavra mais triste, se não é você quem vai minhas lágrimas secar?
Do que me vale a fantasia, se é a vida real quem vem me assustar?
Do que me vale uma foto, se é em meus pensamentos que nossa história insiste em morar? Do que me vale o riso mais alegre, se você não conseguirá escutar?
Do que me vale a mais viva das cores, se o meu nariz você não vai colorir? Do que me vale tentar ir embora se, à qualquer hora, eu vou desistir?
Do que me vale você dizer não, se todos já sabem que vou insistir?
Do que me vale pensar em viver se, sem você, eu já nem sei existir?



[ESCRITO EM 05/03/2009]

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ɐɔıʇuâɯoɹ ɐıɯouɐ


Tudo que vai ser escrito aqui hoje já foi dito antes. Muitas vezes. Vou bater na mesma tecla que bato nesses anos todos. Talvez seja sobre a única coisa que eu consiga falar. Ou saiba falar. Na verdade, eu até recomendo que feche esta página e vá fazer algo mais construtivo. Eu vou escrever tudo que me fere, que me estraçalha. Mas já escrevi tudo isso antes.

E vou escrever novamente.


Eu só estou cansada. De tudo. De mim. De não conseguir apagar nem um pouquinho dele. De ainda me lembrar de cada conversa, cada palavra e sorriso que ele me deu; cada mínimo detalhe. De procurar esses detalhes dele nos outros. Eu já estou cansada de procurar um futuro que ficou no passado.

Mas nenhum cansaço parece adiantar. Nenhuma palavra nova, nenhum rosto desconhecido, nenhuma música que eu sei que ele odiaria. Absolutamente nada apagou minha memória. Ele continuou longe, e cada dia mais. A distância aumentou psicologicamente. A loucura também. O vazio foi dando lugar à um sentimento completamente diferente e que eu não sei nomear. O meu pavor foi se tornando uma espécia branda de obsessão, que me impedia de deixar de lado. E eu fui nutrindo as palavras, nutrindo o que quer que fosse que estivesse vivendo nesse meu vazio.

Eu só não podia deixar que ele se fosse de dentro de mim. Do único lugar onde ele ainda é aquele menino. Porque dói ver no que ele tem se transformado. Dói nunca mais tê-lo visto sorrir. E me perguntar se ele também deixou de sonhar.


É que durante esse tempo eu fui vivendo sozinha parte do que a gente tinha brincado viver. Aquelas coisas idiotas. E acabei abandonando planos que tínhamos traçado juntos. Eu me pus na estaca zero e vi que não tinha para onde fugir. Traçar novos planos só me fez querer mais e mais. Porque ainda que eu trilhasse mil caminhos diferentes, ele estaria no final de cada um deles.

"Você não é de onde eu vim. Você é para onde eu vou."


Eu me pergunto todos os dias, cogito todos os "e se..." que poderia - ou não - cogitar. Porque eu sei que ainda que ele suma (como eu tanto sonhei), eu sempre vou encontrá-lo. Porque cheguei ao ponto crítico em que seria muito mais fácil perder o resto desprezível de mim que existe aqui, neste corpo; do que esquecer o "todo" que ele foi, e que eu mantenho vivo.

Irônico é saber que tem gente que vai ler e achar lindo (né, Clara)? É, pode ser bonito mesmo, a dor é em mim. Ninguém sente a "beleza" do outro. Não... Não estou culpando ninguém, também não sinto o que sentem. É normal. Ridículo, na verdade. Mas perfeitamente comum.


Tão ridículo e tão comum quanto as conclusões - nada conclusivas - a que cheguei. Se ele me perguntasse, eu lhe diria que não... ele não é minha cicatriz. Tão cedo ele não será cicatriz. Talvez nunca venha a ser. Ele é essa ferida que eu mantenho aberta. Ele é a doença que, por não conhecer, não posso tratar de forma eficaz. Posso tratar os sintomas, com os mais variados remédios, elixires, pomadas. Mas tudo volta bem pior depois.

Ainda que eu pudesse apagar minha memória, eu me apaixonaria toda vez que cruzasse meus olhos com os dele.


domingo, 21 de outubro de 2012

eυ ɢoѕтo de peɴѕαr qυαɴdo eleѕ dorмeм... ♫

As coisas não precisam ser como são.


Durante a vida toda nós fomos educados para um mundo que não existe. O príncipe encantado, cara garota, a vai magoar. Você é a "bruxa má" de si mesma. A fada madrinha, embora exista na forma de uma melhor amiga, não faz milagres. Você nunca vai ganhar um pônei no natal.

Você, provavelmente, vai quebrar a cara milhares ou milhões de vezes. As pessoas vão tentar te controlar como a um fantoche. E ainda que você lute contra isso, algumas pessoas vão conseguir. Aqueles em que você mais confia também serão os que mais te machucarão.

E há quem julgue errada essa minha superproteção comigo mesma. Mas a verdade é que se eu não me cuidar, NINGUÉM o fará por mim. Nenhum amigo - ainda que leal - e nenhuma força superior misteriosa e imaginária...

Só você pode fazer as coisas serem como devem ser.


Você pode chorar, se quiser. Pode ter motivos, mas não precisa. Suas lágrimas servirão para lavar os olhos ou a alma, conforme a necessidade. E ninguém tem o direito de te mandar lavar o rosto vermelho e inchado. Ninguém tem o direito de impor aquilo que acha melhor para você.

E pode sorrir sozinho também! Pode guardar toda a sua felicidade para si, devido àquela deliciosa pontinha de egoísmo que há em nós. Guarde amores e rancores; que presa e predador vivem em equilíbrio.

Não divida o indivisível, a não ser que esteja plenamente disposto a perdê-lo. E vai perdê-lo.


Quando você foi criança, já brincou de "polícia e ladrão", "pega-pega", "esconde-esconde"... Espero que tenha tirado duas lições disso: tudo se baseia em estratégia, e tudo é um contínuo círculo vicioso. Quando você é a presa de alguém, também se torna o predador de outra pessoa. E você só se salva se souber exatamente o que fazer e como fazer. Mas você não tem como saber. Porque o que fizer é o que delimitará a consequência.

Você é o predador de si próprio. E nenhum lobo-mau é páreo para o que você é capaz de fazer.


Então não faça das pessoas as suas presas, nem permita que façam de você a delas. O mundo não tem o direito de te desenhar a bel prazer. Ou o príncipe vai se unir à "madrasta malvada" e te caçar como a um bicho que deve ser encurralado.

Destrua seus medos um a um, antes que eles destruam você. As coisas são como precisam ser.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

ɯǝs

Sem sentimento é mais fácil...


Muitas vezes eu me escondi por trás desse "argumento". E me envolvi com alguém só pra não estar sozinha, sem gostar. Sentindo o beijo, mas não a pessoa. E muitas vezes farei isso. Sem dúvida. É uma medida de proteção, ainda que falha.

E nesse "me perder" eu fui me encontrando. Fui descobrindo lugares onde eu queria estar e não podia, cheiros que eu nunca senti, nomes que nunca falei. Ri risadas que nunca me couberam, mesclei a educação com uma pitada de falsidade - que às vezes pode ser uma estratégia para não cair do precipício destes meus medos.

Pelo visto, hoje não vou falar de amor. Vou falar deste vazio que habita em mim.


Mas tem sido tão mais fácil fugir dos problemas (será mesmo que temos que enfrentá-los?? Mesmo que eles não tenham enfrentado os seus próprios medos e sido sinceros conosco?). Tem sido tão mais confortável me esconder em mim, nas minhas crenças ou falta delas; do que depositar tanto do que sou, em quem não vai se importar. Em quem vai sorrir comigo, e rir de mim.

Eu sou uma pessoa terrível. Você não gosta nem gostaria de alguém como eu.


Porque eu estou me cansando do que me persegue e não aguenta mais ser nocauteado. Porque esse exoesqueleto que criei para mim está ficando pequeno, e não encontro um tamanho maior. Porque uma pessoa encontrou uma brecha nessa minha armadura e tem me ferido de uma forma realmente suja.

Mas só se fere de uma forma suja, idiotice seria clamar piedade ao malfeitor. Porque esse ser encontrou uma falha nos meus esquemas de proteção e sabia exatamente como se aproveitar das informações descobertas. E ele vai curtir estas minhas besteiras, sabendo que estão surtindo efeito. Vai compartilhar, sabendo que eu não durmo direito, que sonho toda noite com todas as coisas que me são impossíveis. Vai me elogiar, sabendo que estou passível à todos os efeitos desse meu erro.


Eu jurei que não tinha importância. Jurei que faria direito, sem erros. Afinal, eu não tinha mais sentimentos para que pudesse envolvê-los.

Sem sentimento é mais fácil... Porcaria nenhuma!


[À quem eu sei que se importa, mil perdões pelo texto desconexo e pobre... Era só o que estava "sobrando" nessa minha mente. Por favor, estejam comigo quando esse meu castelo ruir... dessa vez.]

terça-feira, 9 de outubro de 2012

L E T R A S

Eu quero que esse sonho se torne real. Quero palavras que se escrevam no ar, como as da sábia lagarta de "Alice no País das Maravilhas". Quero as minhas maravilhas também...

Eu quero saber o que falar, como agir. Quero não corar até ao respirar. Quero me permitir. Quero construir minha vida de uma forma coesa e coerente como um texto. Com a mesma segurança. Quero acreditar até na beleza dos meus erros. Quero letras e sorrisos. Quero Drummond e Shakespeare. Quero Chico e Renato. Quero a perfeição de saber ser.

Porque eu quero as letras contidas nas palavras que não consigo pronunciar. Quero os nomes, pronomes. Quero os artigos. Quero que seja meu artigo de luxo.


Quero que me pertença como um broche. Que me envolva como meu vestido. E que me desvende como esses pensamentos que se permitem escrever. Quero que me escreva, não "nós", mas eu. Não quero um nós. Só quero que escreva até eu dormir. Porque eu só vou conseguir pegar no sono ao som do lápis riscando o papel, num ritmo e melodia completos.

E eu quero que esse sonho se torne real. Quero que as palavras que você escreva me persigam nos sonhos, mais do que você mesmo. E quero que as palavras me ninem, me cuidem. Quero dançar longas canções sozinha, vendo passarem por mim as letras daquilo que sou. Daquilo que você é. E vendo essas palavras nunca se unirem. Vendo essas letras nessa dança insana. Nesse querer não querer.

Porque eu me sinto querendo sem querer. Podendo aquilo que eu não posso. Sonhando várias palavras que eu gostaria de destruir. Desmembrar. Vendo essas palavras se converterem em letras solas, que posso unir conforme a música.  Porque isso me dá paz. Me consola, me protege.


E em um instante eu já me sinto bem melhor. Eu sei que posso rir e sorrir sem me preocupar com o que pode vir depois. Sem encher minha cabeça de medos. Eu posso simplesmente colocar o vestido que você é, e sair pelas ruas de mim, sem cair nas poças de lágrimas de minh'alma. Porque dias de sol enfim estão chegando. E eu vou me embeber nesta luz.

Como dizem: "A vida é curta e eu não quero mais desperdiçar."

Então me entrego ao fim dessas frases desconexas. Me entrego ao fim de todas as etapas que devem findar. E deixo que o seu cheiro penetre pela minha pele. Que seu sorriso se encrave nessa minha mente, de uma forma que eu não poderia deixar.

E a minha maravilha é que você seja esse sonho que se torna real.



domingo, 30 de setembro de 2012

O MUNDO NÃO DESISTIU DE MIM!

Você um dia já quis desistir de tudo? Você já tentou? Já sentiu uma dor na cabeça e no corpo todo que nem conseguiria descrever? Você já brincou de amores e, quando brincaram com você, chorou? Você já achou que aquele momento era o seu último? Você já se sentiu morrer? E já desejou fazê-lo?

Se a resposta para uma dessas perguntas for não, aconselho que não prossiga com a leitura. Esse texto não é para você. 

Esse texto é para alguém que, assim como eu, vê a vida passar diante dos olhos pelo menos 15 vezes por minuto, e se sente menos vivo a cada inspiração de oxigênio. Esse texto é para quem perde um pouco de si e daquilo que não possui - e que nunca possuiu - a cada segundo. E que sente a força dessa perda.

Esse texto é para quem acreditou sentir as delícias do tão amado amor e que, por fim, descobriu sentir somente suas dores.


Porque, só por hoje, eu não vou me importar com o que hão de pensar. Pouco me interessa o que digam. A única coisa que me importa é esse vazio que ainda permanece preenchendo-me. Hoje, sou morada apenas das dores e dos dissabores que me corroem continuamente por todos estes anos. Essa angústia silenciosa que grita o nome dele dentro de minh'alma: "João! João!". Essa loucura que me invade e toma conta, que me impede de dormir. Que, só por esse instante, não me deixa temer as consequências de citar o nome dele.

Hoje, neste domingo frio, eu venho dizer que o procurei em todas as bocas, beijos e sorrisos. Que o esperei por primaveras e labirintos, mesmo sabendo que ele não mais viria. Nestes últimos anos compartilhei perfumes e desejos com quem pudesse me trazer o mínimo do que ele fora. Mas isso só serviu para que eu sentisse a falta dele de forma mais acentuada.

E eu ainda choro ao pensar nele. Porque eu me lembro de todas as nossas conversas e brincadeiras bobas. E, quando eu os vejo, eu penso: "Onde foi que eu errei tanto para que ele se fosse?" Para que ele não fosse completamente... Quando eu o vejo - sério, sem aquele sorriso que era tão meu - eu me pergunto: "Como ele pode ir embora e levar todos os meus sonhos; meu futuro?"

Eu acho que vou morrer sem saber o que aconteceu naquele setembro.


Desde então, deixei de ouvir aquelas músicas que eram nossas - e que agora são deles!-, e até de usar aquelas palavras simples e cotidianas que proferíamos e que, para nós, tinham significado. Porque ele estragou a coisa mais bonita que havia em mim. Porque ele transformou em algo nojento, a coisa mais pura que havia em nós.

Agora eu fico aqui colorindo o arco-íris com as cores erradas, acreditando mais nos vilões do que nos heróis. Fico aqui estragando o pouco que me resta, apagando o que deveria permanecer em mim. Permaneço inconstante e tola, desconstruindo as pontes que ele me ajudou a erguer, e construindo muralhas cada vez mais altas em torno do meu castelo destroçado.

Permaneço nutrindo o vazio. Porque esse vazio é tudo o que há em mim, e preciso dessa dor para me sentir viva.


Você sente também essa dor? Uma dor que você não consegue - e nem sabe se quer - barrar? Você se pega trocando os passos para cruzar com aqueles passos que antes pareciam acompanhar os seus? Se não, peço reais desculpas por tudo o que leu. Mas se conhece isso, sabe que esquecer é muito mais complexo do que simplesmente não pensar. Esquecer é apagar lembranças, apagar o passado. Esquecer é, de repente, estar em um ponto da vida e não saber como chegou ali.

Esquecer é impossível para quem precisa seguir em frente. E é insuportável para quem gostaria de voltar atrás. Porque, num dia nublado, todo mundo se lembra de um dia de céu aberto, claro. E fica mais fácil seguir a vida cotidiana sabendo que amanhã será um dia melhor do que hoje.


Eu estou olhando para a minha janela. O céu está pesado, cinza (ou, como prefiro, gris). Mas eu me lembro dele iluminando meus dias mais bonitos - e enchendo minha existência de analogias cafonas -, e então penso que vale a pena viver o hoje, porque pode ser que amanhã o dia volte a ser claro.

E pensem o que quiserem! Me vejam como uma garota idiota, patética - que seja! Ainda assim, vou ficar aqui olhando o tempo, esperando por uma tarde mais bela. E, neste dia, colocarei meu vestido mais leve, enfeitarei-me com os olhos de diamantes e com um sorriso mais aberto, e darei os braços à luz que me encanta e me alimenta. 

Se esse dia chegar...

...De qualquer forma, permanecerei aqui - quem sabe uma vida inteira - nesse quarto vazio, sob essa janela escura. Esperando o ínfimo sinal de que o mundo voltará a me acolher.

Eu não posso acreditar que o mundo desistiu de mim.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Respeito quem ama errado. Só não há perdão para o chato. (Chato é quem não ama)

Permaneço falando de amor...


Um homem pode se apaixonar por inúmeras mulheres ao longo da vida: feias, bonitas, altas, baixas... Mas normalmente ele vai se apaixonar por uma garota legal, que o ouça e dê conselhos. Isso é de praxe, nada mais adequado!

Ele vai conhecer alguém com boas idéias, que o faça rir. Vai se apaixonar pela paixão que ela demonstra pelos seus sonhos, seu emprego, sua família, seus amigos. Um homem vai se apaixonar pelo que ele vê na mulher e que falta nele. Vai almejar o sorriso - e alguns o desejam como se ele fosse a única razão para estar vivo - e vai, quiçá, perder o sono buscando dentro de si mesmo as respostas para as perguntas implícitas nos olhos dela.

Uma mulher legal pode enlouquecer um homem. Mas, com ela, ele não irá enloucrescer.


Um homem pode se apaixonar inúmeras vezes. Mas ele só vai amar verdadeiramente uma única mulher. E ele vai amar a chata. Ele vai amar aquela que se parece com ele nas piores coisas, a que chama sua atenção e dá sermão.  

Porque a chata é aquela que vai se preocupar com ele, é a que vai discordar de suas atitudes, gozar da cara dele. A chata vai fazer com que ele se sinta inferior às vezes - e amar vem também disso: de sentir que o outro tem mais a lhe oferecer do que o contrário. A legal vai enlouquecê-lo. Mas a chata vai desnorteá-lo, impulsionando-o a ser o melhor que puder.


Mas nem só de personificações vive um relacionamento. Seria bem fácil se o fosse: eu encontraria um cara insuportável, com meia dúzias de verdades incômodas sob a língua, e o amaria de forma insandecida. No entanto, cabe lembrar que o amor vem mais de nós do que dos outros. O homem - assim como a mulher - se apega às diferenças, mas ama o que consegue enxergar em si.

Portanto, a mulher pode ser o mais maravilhosa possível. Pode fazê-lo rir e chorar. (É claro que isso encanta e prende por um tempo). Mas a eternidade - ainda que só enquanto dure - pede o erro, o defeito. Porque tudo que é belo um dia enjoa. O que é ideal hoje já não o é amanhã.


A mulher certa é aquela que vai parecer errada. Que fala alto, que não presta atenção sempre no que você está falando, porque está fazendo cinco coisas ao mesmo tempo. É aquela que ri na hora errada, que desperta sua ira quando você está concentrado e que te cutuca até você mudar de ideia.

A mulher perfeita tem defeitos que você consegue enumerar aos montes. E que, pior, adora! Ela vai espremer suas espinhas, deixando você vermelho e inchado. Vai fazer careta quando você falar algo delicado. Ela vai ser a mistura da sua mãe, do seu melhor amigo e do Freddy Krueger. E, de tão estranha, ela vai parecer ideal.


Ela vai chegar por trás e te abraçar. Vai rir uma risada insana com a sua pior piada. Ela vai sentar ao seu lado e ficar observando a forma com que você escreve. Ela vai notar em você aquilo que mais ninguém nota.

Ela vai conhecer os seus detalhes e reconhecer as mil formas com que você a olha. Ela vai reparar no seu cheiro, e não no seu perfume. Ela vai se sentir segura com o seu silêncio. E o seu ombro será - para ela - muito mais confortável do que o travesseiro, e muito mais confortador do que o ursinho de pelúcia.


Sorte sua quando a encontrar. SE a enxergar. E quando você menos esperar, vai amá-la.


[p.s.: Texto feito sob "encomenda" para Camila Chagas, sobre o que eu estava pensando durante esta tarde. Infelizmente, nota-se que eu não estava pensando muito no que deveria. Porém, espero que tenha sido interessante. kkk]

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ծ 尺乇ノ 乇 乇Ц

Será que vale a pena se envolver, entrar de cabeça em um relacionamento que já começa falido? Será que vale a pena apostar todas as suas fichas em alguém que distribui as próprias fichas entre todas as máquinas do cassino? Será que vale investir numa paixão que - embora exista - nunca poderia mesmo se tornar amor?

Me disseram um dia que um homem só vale a pena quando não tem penas suficientes para ser galinha. Mas será que nem toda forma de amor vale toda a luta? Tem mesmo como separar o que é duradouro daquilo que nos faz feliz ainda que por um único instante? Se houver uma maneira, entrego ao passado esta paixão presente. E me presenteio com um futuro.


No entanto, ele é tão lindo! Talvez não de uma forma convencional - é bem verdade que possivelmente não o seja - mas, certamente, pra mim não há beleza comparável neste mundo. Culpa daqueles olhos de cristal; olhos de mel. Olhos de vidro. Vítreos e cortantes. Culpa dos lábios e das eternas palavras que passeiam por entre as curvinhas do sorriso.

A culpa é dele por falar demais. Por prometer o que não se promete e por insistir em desenhar em minha mente esboços do que poderíamos ser. Maldito seja o dia em que eu não mais o quis e passei então a desejá-lo tão ardentemente. Porque querer é consciente; mas desejar vem da alma - mais do que da mente. Eu quero que ele me beije, mas desejo coisas que não conseguiria escrever.


E a culpa é minha por pensar demais. Por não ter me jogado em seus braços contra todas as minhas noções um pouco falhas de juízo. Benditas sejam as ideias que tanto almejo colocar em prática. Aquele beijo no pescoço que ainda não retribui, os olhos em transe, o abraço como aquele que ainda me aquece.

Eu quero me servir da mais rica dose daquele veneno. Quero conhecer cada detalhe da obra. Desejo tudo o que não posso ter. Quero morrer a cada instante naqueles braços. Quero conhecer cada sorriso - um para cada ocasião, cada humor. Desejo viver do que tão logo vai findar. Quero e desejo me afogar no oceano do seu olhar, respirar a maresia do seu perfume e me alimentar desta vida, enfim.

Inadequada seja minha louca paixão. Que me fere sem este direito, e que me cura por remorso (ou talvez para que ele venha e me despedace novamente). Impossíveis sejam estes meus pensamentos. Irracionais e irreais sejam o fogo atiçando o ar, e a água que vem beijar a terra. Malditos sejam os quatro elementos e, bendito seja o "todo" que eles me trouxeram.


Será que gostar assim está errado? Será que alguém pode me condenar por desejar me perder em quem mais quero encontrar? Será realmente que ele não vai valer todos os meus esforços bobos, nem que somente até a madrugada? No final deste "conto de bruxas", minha abóbora terá que voltar a se transformar em carruagem?

Neste "conto sabe-se lá de quê" eu quero mesmo é ficar com o lobo mau na perigosa casa de doces. Nesta história em que eu própria crio o final, o ideal é se conquistar um final feliz todos os dias. Porque quando o caçador me encontrar ninguém vai se importar se eu tiver me apaixonado pelo lobo. Porque ao me resgatarem da casa de doces ninguém terá interesse em saber se as balas de alcaçuz eram as mais saborosas da minha vida.

Quando me encontrarem, vão me mergulhar numa solidão e silêncio de cem anos; e o beijo que vai me libertar não será o dele. Então, só por enquanto - até o resto da minha vida chegar - eu quero 1001 noites com ele. Quero roubar-lhe 40 beijos. Só até que eu possa ir para o Olimpo.


Ele é o meu "Conto-de-Fada" às avessas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

νεɾოεlհօ ղօ ოεl

Ah! Quando ele me vê...


Que mulher nesse mundo não se perguntou ou à amiga - ao menos uma vez - se aquele cara estava olhando? Que mulher nunca arrumou o cabelo, retocou o batom e/ou ajeitou o decote quando sabia que ia passar diante dele? Que mulher neste mundo não usou - mesmo que só para testar - aquela teoria boba de que deve manter o contato visual por 3 segundos?

Toda mulher já notou alguém, desejando que esta pessoa também a notasse. E daí que venham as explicações. Que venham falar que atração vem de destino, que digam que são os hormônios procurando um parceiro ideal. Nenhuma explicação - científica ou não - mudará o fato de que uma mulher sabe a diferença entre ser vista e ser olhada.

Quando um homem vê uma mulher, ele gera nela insegurança. Ele deixa que a mente feminina - que já não é das mais fáceis de compreender, e que chega a ser cruel - trabalhe acerca de diversos pensamentos "malignos". A mulher se pergunta se ele gostou do corte novo do cabelo dela, se ele notou que ela está usando a blusa da cor favorita dele. Quando uma mulher gosta de alguém, ser vista pelo objeto de desejo é torturante.


Mas ser olhada é o sétimo céu. Ser olhada é como ser beijada cm por cm. Quando um homem olha uma mulher que o deseja, é como se nascesse ali uma relação realmente quente, sensual. Mas sem ser promíscua nem suja - independentemente de credo, cor, classe social.

Quando um homem olha uma mulher com desejo, e tal olhar é retribuído com igual intensidade, é como se quem olha fosse o emissor daquele desejo; quem retribui fosse o receptor; a troca de olhares fosse a mensagem... E é como se cada pessoa ali presente diante daquele casal que não é sequer um casal real vivenciasse aquele desejo como se pertencesse a si próprio. 

Às vezes, ser olhada do jeito certo é mais eficaz do que ser beijada. Porque, às vezes, olhares são muito mais íntimos, sensuais e pessoais.


E saber que há uma diferença básica entre ver e olhar é o suficiente para acabar com a ideia que muitas mulheres nutrem de que homem não repara. Pensa se não! Eles reparam em absolutamente tudo. Reparam nas suas unhas arrumadas - porque acreditam que se a mulher não cuida nem do que está visível, ela realmente é muito nojenta -; notam que cortou o cabelo - alguns reparam mesmo se cortar 1 mísero centímetro. Os homens reparam, eles avaliam... sobretudo quando gostam. Mas a maioria dos homens não fala, prefere guardar para si os detalhes, como se deste segredo dependesse a lembrança.

E justamente por haver esse mistério e silêncio, quando um homem fala de um mínimo detalhe é como se o mundo parasse; o sol iluminasse a "moçoila" como a própria lua; e dela fosse roubada o brilho das estrelas.


Uma mulher conseguiria se apaixonar por um homem que repara. Tudo na busca da sensação inebriante de saber que: "Sim amiga, ele está te olhando!"



Ah... Quando ele me vê, ele me olha!



sábado, 21 de julho de 2012

O 乃µqµê


Imagino que nenhum dos envolvidos vá ler este post. Mas sei que alguém próximo o fará, e isso me assusta um pouco. Não citarei nomes, mas é fácil saber de quem se trata.

Vou falar do maravilhoso acontecimento que ocorreu há poucas horas. Mais uma amiga subindo ao altar, linda... Brilhando, radiante. Vou falar da foto com a noiva, que demorou um ano e meio para ser tirada. E vou falar do que, talvez, seja meu único arrependimento.

Nessa ordem.


Acordei hoje cedo, sabendo que estaria em breve participando de um dos momentos mais felizes da vida de uma mulher que merece toda a felicidade que houver nesse mundo. E só diante deste pensamento, eu já estava realmente feliz. E de fato foi o que aconteceu.

Tudo lindo, perfeito. Ela parecia uma princesa. Os amigos reunidos ali - presenciando, presenteando e sendo presenteados com mais um momento memorável. E ali também nasceu uma promessa, um pacto: juntos em TODOS os casamentos da nossa turma. Fechando com o meu. kk

E eu acho que nunca tinha sentido tão bem o quanto AMO todos eles.


E então vem a foto atrasada, aquela que demorou tempo demais para ser concretizada. Mas que no fim ficou linda. Ficou como deveria ter ficado naquele dezembro. Porque a amizade é a mesma, o carinho só aumenta. As coisas sempre tendem a melhorar. E o ciclo da vida - como diria "O Rei Leão" - é um ciclo sem fim.

E nas fotos sorríamos, nós vivíamos novamente a emoção daquele casamento ocorrido outrora. Eu só queria que tudo congelasse ali, sem perder um segundo. Porque eles sempre vão ser meus tesouros. Porque aquelas três sempre serão parte das melhores lembranças.

Porque as lembranças vão sendo recicladas. Revividas e relembradas.


Por fim, devo falar de uma coisa que me arrependo. Uma coisa que definitivamente ocorreu como devia ter ocorrido, mas que eu não queria que tivesse tido o fim que teve. Um fim sem ponto final. Reticências dão ao texto a chance de ser continuado.

E eu, talvez por gostar tanto de escrever, insisto que ainda falta um capítulo nessa história. E odeio isso, de verdade. porque às vezes eu acho que fui eu quem fugiu. Fui eu que larguei um livro sem final, para escrever outro. E que agora fica olhando pr'aquele enredo que promete, mas sem saber como chegar ao clímax.

E toda vez que eu olho pra ele eu penso: "E se?" [...]


Enfim, nada como um casamento para despertar em nós os sentimentos mais doces, a alegria mais profunda e mais verdadeira. Mas também não há nada como um casamento para se questionar sobre as escolhas feitas. Sobre o que se foi e não volta mais.

Estou agora aqui, verdadeiramente emocionada por tudo que vi hoje. Mas estou repensando as decisões que tomei, e as que jurava ter sido obrigada a tomar.

Eu não pensei em quem jurei que pensaria. Tive que citá-lo, e vi que tudo o que eu senti antes agora não dói mais. Esse vazio é mais insuportável.

Esse pensar demais e falar sem pensar dói mais do que qualquer outra coisa. Me confunde mais.

"Eu me lembro tanto de nós dois..."