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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

domingo, 30 de setembro de 2012

O MUNDO NÃO DESISTIU DE MIM!

Você um dia já quis desistir de tudo? Você já tentou? Já sentiu uma dor na cabeça e no corpo todo que nem conseguiria descrever? Você já brincou de amores e, quando brincaram com você, chorou? Você já achou que aquele momento era o seu último? Você já se sentiu morrer? E já desejou fazê-lo?

Se a resposta para uma dessas perguntas for não, aconselho que não prossiga com a leitura. Esse texto não é para você. 

Esse texto é para alguém que, assim como eu, vê a vida passar diante dos olhos pelo menos 15 vezes por minuto, e se sente menos vivo a cada inspiração de oxigênio. Esse texto é para quem perde um pouco de si e daquilo que não possui - e que nunca possuiu - a cada segundo. E que sente a força dessa perda.

Esse texto é para quem acreditou sentir as delícias do tão amado amor e que, por fim, descobriu sentir somente suas dores.


Porque, só por hoje, eu não vou me importar com o que hão de pensar. Pouco me interessa o que digam. A única coisa que me importa é esse vazio que ainda permanece preenchendo-me. Hoje, sou morada apenas das dores e dos dissabores que me corroem continuamente por todos estes anos. Essa angústia silenciosa que grita o nome dele dentro de minh'alma: "João! João!". Essa loucura que me invade e toma conta, que me impede de dormir. Que, só por esse instante, não me deixa temer as consequências de citar o nome dele.

Hoje, neste domingo frio, eu venho dizer que o procurei em todas as bocas, beijos e sorrisos. Que o esperei por primaveras e labirintos, mesmo sabendo que ele não mais viria. Nestes últimos anos compartilhei perfumes e desejos com quem pudesse me trazer o mínimo do que ele fora. Mas isso só serviu para que eu sentisse a falta dele de forma mais acentuada.

E eu ainda choro ao pensar nele. Porque eu me lembro de todas as nossas conversas e brincadeiras bobas. E, quando eu os vejo, eu penso: "Onde foi que eu errei tanto para que ele se fosse?" Para que ele não fosse completamente... Quando eu o vejo - sério, sem aquele sorriso que era tão meu - eu me pergunto: "Como ele pode ir embora e levar todos os meus sonhos; meu futuro?"

Eu acho que vou morrer sem saber o que aconteceu naquele setembro.


Desde então, deixei de ouvir aquelas músicas que eram nossas - e que agora são deles!-, e até de usar aquelas palavras simples e cotidianas que proferíamos e que, para nós, tinham significado. Porque ele estragou a coisa mais bonita que havia em mim. Porque ele transformou em algo nojento, a coisa mais pura que havia em nós.

Agora eu fico aqui colorindo o arco-íris com as cores erradas, acreditando mais nos vilões do que nos heróis. Fico aqui estragando o pouco que me resta, apagando o que deveria permanecer em mim. Permaneço inconstante e tola, desconstruindo as pontes que ele me ajudou a erguer, e construindo muralhas cada vez mais altas em torno do meu castelo destroçado.

Permaneço nutrindo o vazio. Porque esse vazio é tudo o que há em mim, e preciso dessa dor para me sentir viva.


Você sente também essa dor? Uma dor que você não consegue - e nem sabe se quer - barrar? Você se pega trocando os passos para cruzar com aqueles passos que antes pareciam acompanhar os seus? Se não, peço reais desculpas por tudo o que leu. Mas se conhece isso, sabe que esquecer é muito mais complexo do que simplesmente não pensar. Esquecer é apagar lembranças, apagar o passado. Esquecer é, de repente, estar em um ponto da vida e não saber como chegou ali.

Esquecer é impossível para quem precisa seguir em frente. E é insuportável para quem gostaria de voltar atrás. Porque, num dia nublado, todo mundo se lembra de um dia de céu aberto, claro. E fica mais fácil seguir a vida cotidiana sabendo que amanhã será um dia melhor do que hoje.


Eu estou olhando para a minha janela. O céu está pesado, cinza (ou, como prefiro, gris). Mas eu me lembro dele iluminando meus dias mais bonitos - e enchendo minha existência de analogias cafonas -, e então penso que vale a pena viver o hoje, porque pode ser que amanhã o dia volte a ser claro.

E pensem o que quiserem! Me vejam como uma garota idiota, patética - que seja! Ainda assim, vou ficar aqui olhando o tempo, esperando por uma tarde mais bela. E, neste dia, colocarei meu vestido mais leve, enfeitarei-me com os olhos de diamantes e com um sorriso mais aberto, e darei os braços à luz que me encanta e me alimenta. 

Se esse dia chegar...

...De qualquer forma, permanecerei aqui - quem sabe uma vida inteira - nesse quarto vazio, sob essa janela escura. Esperando o ínfimo sinal de que o mundo voltará a me acolher.

Eu não posso acreditar que o mundo desistiu de mim.


Um comentário:

Anônimo disse...

Situação triste e frustrante.
É uma pena que não mandemos no coração.