Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 27 de março de 2012

вαṡε

Tem muito tempo que não venho aqui... Nunca fiquei tanto tempo sem escrever [seja onde for], e penso em quantas palavras se uniram em minha mente formando frases que hesitei em compartilhar. Em quantas oportunidades deixei passar; em quantas vezes chorei em vão... Quando podia buscar consolo em linhas mal-traçadas...

E é sobre isso que venho falar hoje... Sobre oportunidades que a gente deixa passar por besteira. Aquele livro que a gente não lê porque alguém disse que não é tão bom [e que talvez seja ótimo pra gente]; aquela banda que a gente não ouve porque aquele famoso que curtimos criticou...

Mas, sobretudo, sobre o que deixamos de passar por medo. Sobre aquele "estou apaixonado" que nunca sai, embora esteja na garganta à séculos, entalado. Vou falar das chances que jogamos - joguei - pro alto por pavor de um não. Quando, na verdade, nós já começamos tudo com uma negativa, e temos que correr em busca de um sim!




Vou falar de mim. E pra isso, tenho que falar deles. [ Não exatamente na ordem dos fatores.. kk]

A - Ele é alto. Com dentes perfeitos, intactos. Tem olhos que parecem ler o que há de mais profundo em você. Os cabelos de menino que não liga pra mais nada, esvoaçantes. Tem o presente e o futuro nas mãos, e talvez já tenha domínio sobre o passado. Ele é completo.

E eu, menina, boba... Com palavras inconsequentes, me perdi em fantasias loucas nas quais eu lutava. Eu tentei dominar o passado, pra ter meu presente e futuro em mãos... como ele tem. Mas eu fui sendo devorada por essa ânsia de querer tudo, apagando o que eu já tinha. Coisas que não se apagam.

Talvez ele até saiba o quanto me inspirou. Talvez eu não seja a única boba, e ele não tenha notado. Mas se me perguntar, negarei. Como fiz e farei mil vezes mais. 


B - Ele é diferente. Misterioso. Quer sem querer. Não quer, mas deseja. Ele é do tipo que enlouquece pelo silêncio, que preenche pela ausência. E pela dúvida. Ele é o que menos entendo.

E por não entender, perdi o sono. Sempre perco. E vez ou outra me pego pensando nele. Queria saber seu nome, e soube há pouco. Depois de imaginar tanto, queria algo mais imponente. Algo que desse uma dica qualquer sobre quem ele é de verdade. Sobre o que faz longe daquele lugar, sobre quem ama, quem lê, o que lê. 

E eu, de tanto sonhar acordada sobre quem ele era; não notei os esbarrões propositais, o sorriso quando eu chegava. Não notei que ele estava ali, me dizendo quem ele era. Eu não ouvi quando ele me chamou, e acho que - ao chamá-lo - não me fiz audível. Eu me escondi de todas as oportunidades que ele criou. E quando vi, ele estava indo embora - quase fora do campo de visão - com sua camisa laranja.


C - Mas esse é o "pedaço de história" do qual mais gosto. O motivo eu já nem sei. Talvez seja por eu conhecê-lo. Por saber o que aqueles olhos perturbadores escondem. Por ver beleza naquele sorriso tímido e quase inexistente. Por ver um homem naquele corpo e jeito de menino. Eu acho que é meu preferido porque ele nunca se escondeu.

Ele sempre esteve ali, à mostra. Como aqueles vira-latas que ficam com seus olhos enormes, quase implorando que os levemos para casa. Ele foi o que mais deu sinais - e eu, com meu pessimismo e auto-estima rastejante, direi: -, que talvez nem saiba que deu.

E eu decidi uma dúzia de vezes falar. E nunca falei. Já estive ali, ao seu lado, com as palavras na ponta da língua... e não consegui. Já escrevi, já disse pra quem podia acabar contando... Mas tudo que saiu foi um "gosto muito de você"... 




Eu precisei falar de mim. Só assim eu conseguiria explicar esse medo de falar e perder. Mulheres tem disso. De negar até a morte, porque acha que ele vai fugir como "o diabo da cruz"... Mas homens também temem. [Como o dia em que um amigo me contou que - um ano antes - quase me pediu em namoro... (Poxaaaa, eu ia aceitar!!!)]

A gente teme e é natural. Medo não é uma coisa feia, muito pelo contrário. A gente teme pelo que ama, e ter medo significa que temos algo a perder. Coragem - como eu sempre insisto em dizer - não é a ausência de medo, é só a consciência de que existe algo além do medo.

Então temo. Eu queria dizer algo à alguém agora. Não aquela frase, a tal "estou apaixonada por você", porque não estou. Eu queria dizer só um simples "oi", e não consigo.

Eu consegui superar muitos traumas, experimentar coisas que não me apeteciam... E agora não consigo satisfazer um dos desejos mais gritantes do meu cérebro [ou, romanticamente falando, do meu coração]... Quero conversar por horas com ele, e rir. Sorrir. Só rir.

E sobretudo, quero que ele não seja a letra D num post futuro. 

Ele não pode virar história. Tem que virar futuro.




Ele é a base. Mas de quê eu não sei.