Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

emცromo

Pra ser sincera, eu devia estar prestando atenção na aula. Devia anotar aquele artigo sobre o qual o professor está falando e estudá-lo depois. Pra ser sincera, estou em dúvida sobre ter você de volta em minha vida. E, sinceramente, estou prestando atenção em você.

Pra ser sincera, estou com medo. Tenho quase certeza de que agi precipitadamente ao abrir de novo aquela porta, e que foi também um erro você ter entrado. Pra ser óbvia, tenho pensado ainda mais em você ao ouvir Engenheiros. "Pra ser sincero" é tudo sobre você.

E naquele "piano bar", tenho cantarolado "eu que não amo você", e repetido aquele "refrão de bolero". Ao olhar você neste exato momento, me pergunto se um dia vou encontrar "alívio imediato" ou se seguirei mantendo a "pose". E, olhando o escurecer lá de fora (e aqui de dentro de mim), vejo que o céu é só uma promessa...


Pra ser sincera, acho triste mudar a canção. Queria aquelas lembranças "de fé", mais do que estes pensamentos de agora. Queria aquele período longe de você, antes de eu estragar tudo. Queria não ter sido precipitada naquela vez, e queria não tê-lo sido novamente. Dois erros não são passíveis de se converter em um acerto.

Pra ser sincera, a ideia de não soar nada certa para você me é frustrante. A ideia de que você ainda me pareça perfeito é ridícula e angustiante. Te ver, e me ver tão feliz, é irônico; um paradoxo cruel e sutilmente infeliz. Pra ser confusa, eu me arrependo de cada escolha individual, e não menos da soma delas. Aqui de trás, de fora (tão longe sem estar); eu queria que você sumisse sem que eu precisasse voltar a pedir.

E a mera menção de algo assim me dá vontade de chorar. E eu odeio não saber o que fazer. Temo o que você faria; a imagem de você indo tão facilmente ainda me corrói. Porque, para mim, partir nunca foi algo tão simples. É substancial.


Pra ser sincera, de tudo o que mais sinto falta, a saudade é de ficar naqueles degraus conversando. De termos ideias e ideais tão diferentes, e de parecer que podíamos nos incluir nos planos alheios. A falta é mais da perfeição do encontro aleatório do que das suas pequenas e adoráveis imperfeições. Mas, pra ser sincera - pensando agora -, acho que não valorizamos ambas o suficiente.

Pra ser sincera, eu acredito que ter a sorte de uma segunda chance de te conhecer é uma prova do tamanho deste meu azar. Perceber que, mesmo sem saber, eu queria aquela chance parece uma piada de péssimo gosto. Pensar que fui eu a destruir tudo me mostra que eu não merecia esbarrar em você.

Agora o professor está fazendo algo errado (que eu não sei como descrever), e é divertido pensar que em todo o tempo eu apenas discorri sobre erros: minha vida é uma soma deles. E eu detesto que você seja parte disso.


Pra ser sincera, a sinceridade contida neste texto é dolorosa. Porque admitir que eu devia ter deixado as coisas como estavam é admitir que não há mais nada que possa ser recuperado; e que "pra ser sincero" é muito mais do que o pouco que podemos ser. E que, por mais que eu sinta que temos menos do que podemos; no final tudo vai se resumir ao sonhos que EU pude ter.

Pra ser sincera, eu espero que "um dia desses, num desses encontros casuais, talvez a gente se encontre; talvez a gente encontre explicação.

Um dia desses, num desses encontros casuais, talvez eu diga:

                                Meu amigo
Pra ser sincera
                                                                      Prazer em vê-lo
Até mais."