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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 1 de novembro de 2014

Ele andou e eυ ғιqυeι αlι...


Seis anos depois de tudo, eu me pergunto se algo de que me recordo um dia foi real... Se eu realmente te amava, se você me amava também. Se houve sinceridade, sentimento ou carência. Ou uma mistura de tudo isso.

Depois de todo esse tempo eu ainda preciso de respostas, porque tenho me feito – todos os dias – novas perguntas. Se existia amor, quando acabou? Porque eu ainda sinto que há amor em mim. Mas não sinto que haja “você” em nenhum lugar.


Ao longo destes anos eu senti a necessidade de mudar cada mísero pedacinho de mim mesma, para que nunca ninguém tivesse a garota que um dia foi sua. E acabei perdendo minha essência por inteira, tentando eternizar a sua. Mas hoje eu percebo que nunca houve esta parte sua.

Eu nunca conheci aquele que mantive vivo na memória. Eu me deixei enganar pelos truques sujos da minha mente, que tentava em vão responder às crescentes dúvidas. E, um dia após o outro, eu me apaixonei repetidas vezes pela fantasia que eu criava.

Nunca foi você. Foi somente o que eu sonhava ter sido um “nós”.


Mas nunca houve um “nós” também. Você disse que eu tinha feito a escolha certa ao preferir você ao saco de pão. Mas eu me ludibriei pelo “poder” dessa minha única escolha. Você fez todas as outras. E nem se deu ao trabalho de me incluir nelas.

Por um tempo, durante aquele outubro, eu acreditei piamente que tínhamos feito aquilo juntos. Que eu tinha segurado a sua mão e caminhado ao seu lado, até cada um seguir seu próprio rumo. Mentira. Assim como este, aquele novembro me mostrou que nunca tínhamos estado lado-a-lado. Quando um dava um passo, o outro dava dois. Estávamos em descompasso.

E um dia você soltou a minha mão para poder ir mais longe.



Agora eu me pergunto se fui eu que corri, ou se você simplesmente parou no lugar. Ou se perdeu na via errada. Não parece que conseguiu o que buscava. Mas talvez até tenha conseguido e o seu jeito derrotado de me olhar seja apenas fruto da imaginação. Um dia eu até imaginei ser amada.

É que eu já falei várias vezes sobre perdões que nunca vêm e, embora nem sempre seja sobre você, são seus olhos que me vêm à mente. Eles me pedem desculpas todas as vezes e eu sei que jamais vou conseguir te desculpar por aquilo. Por ter sido vil comigo e, principalmente, por ter fingido um dia que se importava.

Nunca foi pela crueldade. Foi pelo amor.



2.217 dias e um milhão de lágrimas. Por algo que me disseram ser “namorico de adolescência”. E que obviamente o foi. Crescer se mostrou uma experiência horrível, e às vezes eu acordo com uma vontade imensa de não estar aqui. Porque a parte que amou você era a melhor parte de mim, e nunca existiu para mais ninguém. E me disseram que isso aconteceria.

Em que pedaço disso tudo eu me perdi? A partir de qual boca eu percebi que nunca mais seria a sua? E a partir de qual pele eu notei que nem sabia mais como era te tocar? A partir de qual fuga vi que nunca mais seria tocada novamente?

Nunca foi o corpo. Foi o simbolismo de cada coração de origami.


Há seis anos eu te dei o meu coração – sentimento e órgão. Dei o calor do sangue fluindo pelas veias. Você me deu o som dos batimentos cardíacos: a porta que se fecha.

Há seis anos pus nas suas mãos todo o meu amor, tal qual as adolescentes apaixonadas sempre fizeram e sempre farão. Você deu pérolas aos porcos.

Eu te dei sorrisos e suspiros. E você me ensinou que o último suspiro é o início da morte.