Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

domingo, 17 de agosto de 2014

ƖƇƬЄƦƖ́ƇƖƛ

Lição número 1 da vida: Não procure o passado de uma pessoa se quiser ter um futuro com ela.

Hoje com certeza vou falar sobre


Não acredito em quem negue que os tenha. Em algum momento, sob alguma forma, eles surgirão. Mas acredito em pessoas que não se deixam corroer por eles. Não que, neste instante, eu possa me incluir nesta parcela de "abençoados".

Afinal, quem ou que é o "Ciúme"? Eu, particularmente, acho que é uma espécie de passarinho verde - aquele mesmo, o fofoqueiro - que te conta somente o que você não quer ouvir. Porque, às vezes, você nem procura por ele. Pra mim, ele surge quando eu nem sequer estou pensando na pessoa.

Sim, eu me "apaixono" pelo ciúme. Porque ele sempre surge quando eu me julgo completamente livre de "amor". Quando me sinto imune. Porque, quando a gente se protege demais, espera demais, não acontece. Ciúmes criam uma brecha em mim. E essa brecha cria um "nós".


Eu não queria sentir isso agora. Com certeza não por ele. Porque depois de tanto tempo, sei bem como vai terminar. E vai me doer. Talvez em nós dois. E o que foi conquistado neste espaço de tempo irá se perder irremediavelmente.

Às vezes acho que não é tanta coisa. Que não é "lá essas coisas". Mas é verdadeiro em todas as formas estranhas e inconsequentes; e perder isso seria perder uma parte de mim que eu nunca controlei e que, de alguma forma, foi uma válvula de escape para que eu não enlouquecesse de vez.

Perder você depois de te encontrar, enfim, seria uma perda do tipo que não se resume. Uma perda que se perde todos os dias; até que se perca a real dimensão do vazio que fica. Porque você é aquilo que eu não sei como chamar. Um amigo que é e sempre foi muito mais do que amigo. E que por muitas vezes eu julguei ser muito menos do que um amigo. Sem ver que estar sempre ali - mesmo que eu não quisesse - negaria todas as categorias sem categoria em que eu quisesse te encaixar.


Eu nunca escrevi sobre você. Nunca falei sobre você. Nunca admiti sua existência como parte importante na minha própria. Porque eu achava que você iria embora de forma fugaz, e apagar seus vestígios levaria mais tempo do que construir em mim um espaço seu.

Mas você não vai. Fica sempre um pedaço, um "dito pelo não-dito". Fica você e fica a paranoia. Ficam vocês e fico eu arrumando um motivo pra que fique só um ponto final.

Fica um "se", e é como se só o "se" ficasse. Porque tudo que cabe nele me engole, engloba. E todo esse globo terrestre; todos esses territórios não aterram em mim. Mas me aterram. Me aterrorizam. Sinto ciúmes por você conquistar essas coisas que eu não consigo. Me mordo quando compartilha isso com alguém que não eu. E me dói mesmo que você siga adiante, que se levante e que siga só. Me perturba que ela ainda mantenha laços com o que é seu. Porque isso me dá a sensação de que, se um dia nossa vírgula for exclamação, esses laços não me caberão. Eles ainda prendem você a outra pessoa e a uma vida onde eu não posso estar.


Por isso é sempre não. Por isso sempre uma desculpa, uma mudança brusca de assunto. Por isso eu encho a gente de interrogações e reticências. Porque um passarinho verde me contou que não serei eu quem colocará um ponto final. Então eu coloco uma nova vírgula, esperando que você continue a história.

E que, um dia, torne inevitável a minha participação nela... E ponto final.