Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ʙᴏʀʙᴏʟᴇᴛɪɴʜᴀ ઇઉ

Mais um ano... Um que se finda, um prestes a se iniciar. Ambos a se camuflar e se render um ano ao outro; aos defeitos e novidades. E magias e maravilhas.

E eu estou aqui me rendendo pela última vez à essa paixão que é fugaz. Que me imerge num fulgor que não me pertence. E nem a ele. Me entregando às delícias de um final, e à insanidade de um novo começo. À paixão pelo que ainda não conheço.

Ah... Vida... Nem deveria eu te chamar assim. Deveria te chamar de adeus, agora que estou pronta para seguir em frente como nunca antes estive. Deveria nomeá-lo "brisa", depois de acreditar que era você essa ventania. Mas nunca foi, era somente eu.


Devia roubar aquela canção e te apelidar "Borboletinha"... E então te via voar leve e pra sempre. Te olhava se deitar com o vento, como se fizesse dele teu amante; de uma forma que eu nunca poderia. Deixa-me ver tocar a rosa e impregnar-se de seu perfume. (Como eu me deliciava no perfume seu!)

E deixa-me aqui sozinha desta vez. Sem volta, que é mais fácil lhe esquecer quando não parece sedento por me fazer lembrar. Mas deixa um pouco de si, que é pro caso de a abstinência me ser cruel demais.



E me esquece também. Apague da mente e da tecnologia, que nem toda poesia poderia fazer isso só. (Nem sonhando!) E feche esta janela: pare de ler, que tudo isso sou eu! Abra a janela do quarto, acreditando que a paisagem ali adiante pode substituir a beleza de ver meus olhos abrindo lentamente após o beijo seu. Ouça os pássaros; se alegre que o canto deles é bem melhor que o meu.

Mas você não lembra mais da minha voz. Nem dos meus olhos. Oblitere os erros do meu português e até a grafia do meu nome (prometo fazer o mesmo). Por fim, olvide os sussurros no ouvido.

Agora seja sorrisos. Deixa que eu te veja de longe e possa enfim me sentir livre. Porque todo esse processo de desintoxicação nunca foi seu. Era somente meu, e por ironia, eu não conseguiria sozinha.

Deixe que eu te agradeça pela única coisa boa que me fizeste. Deixa que eu grave isso em uma árvore - para a posteridade ou até que venham e a derrubem. Me permite eternizar o que nunca foi sequer próximo de eterno. 

Me permite fingir que a gente se importava.

Finge que não era fingimento. Expirei e me inspirei, não vês? Respira essa mentira, como se eu pudesse esquecer nesse instante o que nunca recordei.

E canta... Canta que os dias passam. Canta que os anos passarão. Canta que eu passarinho.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mas você me conhece: eu faço тυ∂σ єяяα∂σ ♫

Um amigo me disse que eu não posso controlar tudo. Mas eu deveria ao menos poder controlar minha própria forma de agir. Parecer menos idiota às vezes.

A questão é que eu tenho um jeito particularmente ridículo de me portar diante das pessoas que são importantes para mim. Um bocado de assuntos sem nexo, outro bocado de crises existenciais. Como naquela música em um idioma que você não domina; que você ouve e adora e, quando olha a tradução, é estranha e sem sentido.

Me sinto estranha e sem sentido quando tudo o que eu mais quero é parecer uma pessoa perfeitamente normal. 


Acho que não estou mais acostumada a ter coisas boas acontecendo na minha vida. E tenho uma tendência horrorosa de fugir do que me faz feliz. É quase como me prevenir de que um dia aquilo venha a me fazer mal. Mas então eu mesma me faço mal, e a punição sempre vem. 

Queria era ter controle sobre isso. Queria ir conforme o vento que pareço venerar. Queria essa liberdade que me cabe, ainda que aparentemente apenas na teoria. Queria não fazer tudo errado de novo. Queria acertar só um pouquinho dessa vez; fazer jus à mim mesma.

Porque eu não sou assim fraca. Na verdade, eu corro atrás quando acredito que valha a pena. Não sei se faço da maneira certa, mas faço da melhor maneira que posso. 


Um dia eu prometi para mim mesma que, se um dia tivesse essa chance, eu não a abandonaria. Que a agarraria com unhas e dentes; que daria mais do que o meu melhor. Mas estou agindo como louca. E estou me detestando cada segundo um pouquinho mais.

Eu faço de conta que não estou tão errada. Que há algo de certo aqui em mim que possa consertar. Mas ao tentar consertar, pareço deixar tudo ainda pior, mais confuso. E eu fico me martirizando e enlouquecendo sem crescer.

Fico colorindo formas de não descolorir.


Mas eu também estou errando quanto a isso.

domingo, 1 de dezembro de 2013

ᴛʀᴇᴢᴇ ᴅᴏsᴇs ᴅᴇ ᴄɪúᴍᴇs ᴇ ᴅᴇ ᴄɪᴄᴜᴛᴀ

A música não entorpece como deveria. O mundo ainda passa veloz. Numa velocidade que não é mais permitida. Você perde a vergonha, o pudor. Você perde os sonhos e rouba aqueles que foram perdidos por outras pessoas. Você perde o sorriso. Mas não perde a si mesmo nem por um segundo, e a sensação apavorante de não encontrar a necessária válvula de escape é corrosiva.

Você assiste tudo como um filme em que os personagens principais são desprezíveis. E se pergunta porque não desliga tudo e vai embora. Tira o filme do aparelho; deixa a sala de cinema... Mas você quer saber o que acontece com os figurantes. Porque um deles é você, fazendo sombra no olhar distante do mocinho que nem deveria ser chamado assim.

Porque o filme não é ruim. Tem uma história densa a ponto de você desejar tê-la escrito. E o enredo é mais seu do que de qualquer outro. Você devia protagonizar a obra, mas escolheram pessoas vazias para preenchê-la. Primeira dose de ciúme.


As palavras no livro parecem não fazer sentido. As frases são desconexas como tudo o que foi dito na última discussão. E, ao unir tudo - do livro e do amor - você vê que nenhuma das palavras a encontrou como destino. E não encontrar continua doendo. Você preferia se perder. A sensação de não existir é fantasmagórica. E você nem crê em fantasmas.

Lá fora, a chuva faz moradia nos buracos da calçada. Crianças pulam felizes nas poças, e você começa a se lembrar de um passado que nunca esteve tão distante. Recorda o riso solto, as esperanças vãs. Em vão. Porque essa felicidade não voltará embrulhada como um presente. Nem como um futuro.

E no fim dessa memória perdida, surge aquilo que parecia real. E que é ou foi. Mas que não lhe pertence. Que não fará de você a poça da chuva. Não casa. Não lar. Só a segunda dose de ciúme.


A roupa não cabe. Ficou pequena diante de tanto vazio. A moldura do rosto já não embeleza o quadro. Trocar não convém. Porque não faz sentido ser algo pra alguém que não vem. O perfume se espalha pelo quarto; os olhos pairando agora nos estilhaços de vidro ao rodapé da parede. Parabéns, você existe novamente. O odor se impregna, fazendo de você recipiente.

Mas ninguém te quer remetente. Ninguém te quer destinatário. O ator naquele filme - aquele mesmo - não se importa com seu nome; o personagem te despreza em igual medida. E você sangra, não literalmente. Você sangra aquele perfume caro, o álcool ardendo as feridas.

Lave-se de leve. Leve-se de love. Deixe que entre pelos poros, como a voz do cantor naquela música que adora. E desfruta da terceira dose de ciúme.


A música agora acalma. Faz o que devia fazer. O mundo já parece rodar bem mais devagar e você se permite divagar. As três doses parecem ter efeito, e você não sente dor ou desamor. Então dança. Em chamas, como se houvesse um fogo queimando dentro de si. Aos poucos, cinzas...

Volte pra dentro (da casa e de si mesma) e pegue o lápis da sua cor favorita. Colora-se. Desenhe os contornos que perdeu, de acordo com sua simples vontade. Ponha cor e forma no vestido. Coloque um sorriso novo no rosto e se coloque em um balão a voar.

Lá de cima, veja um pontinho sem cor: jogue-lhe tinta. Você vai ver que não vai funcionar. Ele se mantém cinzento e opaco, mesmo distante de tanto brilho que lhe confere. Mas outra pessoa o irá colorir. Enquanto você se delicia com a quarta dose de ciúme.


O balão não está mais no ar. Nem o perfume que te motivou. Você anoiteou, como o azul que escolheu anteriormente para o vestido. Dorme. Sonha os seus sonhos e seus pesadelos. E, se quiser, empresto-lhe também os meus. 

Você ouve cada palavra com mais cuidado do que antes. Lê os lábios do outro, enquanto o ouve falar, na tentativa de vê-lo fraquejar e mudar de ideia. Agora, é difícil confiar simplesmente. O medo lhe toma nos braços e, como não há outros braços a lhe acolher, você se encolhe nestes.

É congelante o frio desse abraço. E você não sabe mais como se esquentar. Nenhuma outra forma senão a da bebida quente. Vá àquele bar e peça ao garçom a quinta dose de ciúme.


O copo está meio vazio. O corpo está meio vazio. Mas a mente está cheia a ponto de quase explodir. Lágrimas escorrem pelo rosto em direção ao copo que repousa carente logo abaixo. E, de repente, o copo está novamente cheio. Bebe. Bebe como se fosse a dose final daquilo que você tanto gosta. Como se fosse a sexta dose de ciúme.

E enlouqueça. Enloucresça.  Suba no balcão - se houver um - e dance aquela mesma dança que dançou mais sóbria. Verá que agora é mais fácil. Você se deixa levar pelos sons e sentidos. Porque você não dá ouvidos ao tal sexto sentido, nem procura um sentido no que não virá. Se embebede e entorpeça na música que lhe preenche. 

Vá! Corra para fora do bar, que agora isso não lhe faz mais bem. Termine o que há de fazer em casa, longe dos olhares curiosos e das mentes sagazes. Não dê assim tão fácil as respostas pelas quais lutou nas últimas horas, dias e semanas. Beba a sétima, a oitava e a nona dose.


Quando ele cruzar a porta sorrateiramente, beba o que lhe resta. A décima, décima primeira, décima segunda doses. Chorar não é opcional. Lembre-se que a mente procura um equilíbrio diante do corpo tonto. Deixe-a esvaziar e lavar o copo cheio de fracasso. 

Permita que ele fale. Que ele conteste. Que ele explique que aquilo era só um papel mal escrito. Que o livro também não era uma grande obra; que você interpretou errado. Deixe que ele interprete. E, por favor, interprete da maneira correta. Prefira o frio, pro seu próprio bem. Dispa-se do medo que há de se dissipar. Não se entregue tão fácil.

Corra novamente, mas pros braços que escolhem te acolher. E não se encolha desta vez. Se estique, se atire. Se atenha quieta por uns poucos momentos enquanto recobre a sobriedade. Descobre que aquilo te fez mais mal do que bem. Cobre-se de amor. Principalmente de amor próprio. Faça tudo como se nunca tivesse decidido se ater a simplesmente não fazer nada. Mas, por favor, esqueça a décima terceira dose. Não beba a dose de cicuta.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

υмα úlтιмα dαɴçα...

Não é que nada disso fosse verdadeiramente um problema para ela. O problema é que nada disso soava sequer como verdadeiro.

Era como um par errado se ajeitando numa dança desalinhada que ambos preferiam não dançar. Era como segurar a mão do outro para mantê-lo ali por um instante, apenas para não precisar conviver com a horrível sensação de solidão (intermitente). Mas sem sentir sequer a necessidade de conhecer o outro.

Ela sentia um vazio tão grande quando ele a preenchia, que era como se a morte estivesse lhe testando. Como se lhe perguntasse se naquele corpo havia vida. Mas só havia o pensamento sobre o prazo de entrega de um serviço.

Ela fingia não saber que tudo com o que ele se importava era a reunião na manhã seguinte.


Eles fingiam não saber porque fingiam se importar. E eles não eram bons nisso. Eles, assim juntos, não eram bons em nada.

Mas ela era uma boa moça. Inteligente (e o seria até demais, caso não se culpasse tanto pelas escolhas erradas), e tinha jeito com as palavras (exceto com aquelas mentiras que trocava com ele).

E ele também não era mal. Só era tempestade na calmaria dela, e não poderiam jamais se ajustar. Eram uma tentativa real dentro de uma realidade que tentava, em vão, existir.

E ela o beijava pensando nos homens que ainda viriam até que ela desistisse. Sabendo que essa era sua única certeza. Ele era só mais um. E sabia que ele também procurava a próxima.


E por mais que não houvesse amor ali (não havia nada), aquilo lhe doía como um corte profundo e lento, de alguém que não aprendeu ainda como se faz. Um corte oco e surdo. E mudo. E seco. Cego. Tão perdido quanto os dois naqueles lençóis amassados.

Em um mês ele não lembraria seu cheiro ou toque. Ela rolaria pela cama vazia. Em dois, ele teria outro toque suave na pele, e só o rosto deste novo par em mente. E ela descobriria que até um "quase amor" pode agonizar.

Ele seguiria a vida como se as vidas dos dois jamais tivessem se cruzado. E ela cruzaria a porta do apartamento vendido. Ele compraria um anel e uma casa com uma bela varanda pr'aquela que parecia ter estado sempre ao seu lado, completando-o. E ela pediria um uísque sem gelo, na conta daquele que só a quer por uma noite.


Ele teria três filhos e uma casa na árvore. Ela ainda teria o vazio e o desafio proposto pela morte. Eles se veriam na rua e não se reconheceriam. Ela se jogaria na cadeira do escritório gelado, enquanto ele se acolheria em braços quentes.




Talvez, se não fosse ela quem me narrasse sua história, eu pudesse
lhe traçar um feliz destino. Mas ela escolheu assinar a
mal traçada linha do contrato com a morte.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Vindo. Vendo. Vento...

Parece que tem gente que precisa de folga de nós. (E eu só chego à essa conclusão, porque tem gente de quem eu preciso de folga).

Gente que surge do nada e te ama. Que aparece e parece que sempre esteve ali. Que cria raízes e constrói pontes. Gente que, de uma vez, domina seus sorrisos e entende suas neuras. Gente que tem aquela liberdade que só se dá a quem se confia.

E que então vai embora como se nunca tivesse realmente estado ali. Que leva tudo que conquistou nesse meio tempo, e vai como se dissolvesse as raízes. Gente que constrói muros com os tijolos da antiga ponte. Que se isola em um processo que talvez seja como uma desintoxicação. Vai e se esquece. Te esquece. E você mal lembra de esquecer.


E nesse não esquecer totalmente, você deixa a pessoa voltar. O nômade volta a fazer lar no terreno vago. Sem nunca questionar se já esteve ali; os motivos que o levaram embora. Simplesmente se instala como se fosse um lugar completamente novo (e em partes é... tão diferente já nos tornamos).

Deixar voltar é admitir que nunca foi. E permitir que nunca seja. Que você não seja, que aquela pessoa também não possa. Sem sequer ter certeza de que vale a pena tudo isso. Mas apostando que vale. Acreditando que não devia.




...

Estou aqui. Inventando razões para estarmos juntos como quem se quer. Pedindo que se acumule, que cúmulo! É aceitável pedir prum viajante que se fixe?


É... você vir e ir. Ventar. É quase "Ventania"...





[Às vezes você aparece e eu fico desejando que você sumisse. Mas nas nossas conversas e confusões, eu tenho certeza de que queria que seus contornos sumissem. Apenas eles. Que fossem se tornando leves borrões na sutileza do fechar dos meus olhos. Na urgência do beijo naquele segundo seguinte. 
E eu queria que todos eles perdessem a noção de onde nós dois nos encontramos, estando nós tão perdidos em nós mesmos. Eu queria que você sumisse. Assim como eu queria sumir, me consumir em você. Enquanto você se consuma em mim...]






Você venta, amor...
Eu invento amor.


sábado, 19 de outubro de 2013

c ♡ ntumaz

Eu sei que parece loucura. Sei que é errado. E que, ainda que não o fosse, soaria errado.

Mas sei também que eu não queria que tivesse me deixado ir. Que você devia ter me convencido a ficar. Que você devia parecer convencido de que valia a pena que eu ficasse. Simplesmente parece que não confiamos. Um no outro. Nenhum em si mesmo.

O problema é que eu achei que podia. Achei que dava para seguir em frente, cada dia. Mas eu não sou do tipo que vive por viver. Eu preciso de metas, objetivos. Preciso saber que - da mesma forma que há um lugar de onde eu vim - haverá um lugar para onde eu deva ir. Um lugar, um momento, em que eu saiba que cada erro e besteira de menina valeu a pena.

Porque eu não sou uma menina agora.


Como na música, "o mundo quer rodar. Eu sei que não dá pra voltar pro mesmo ponto de partida. Você quer me ganhar onde eu não quero me perder... Na rua errada em sua vida." Por que tinha de ser eu a ceder? Porque você me disse aquilo, sabendo o quanto era importante pra mim, se era só pra me manter estagnada? Eu entendo que você tenha medo. Que não goste de mudanças. Mas não entendo porque não me disse que não gostava de mudanças comigo. Um dia vai ver que uma palavra faz toda a diferença.

Todo mundo sonha com quem se tornará um dia. Todo mundo tem curiosidade. E eu fico curiosa em saber quando você vai ter coragem de admitir isso. Que a melhor certeza é a de que o vento sempre pode mudar. Que o rio deságua no mar. Que amor desata no amar.

A menina voltaria atrás. A mulher terá que continuar.


Eu queria que você soubesse que eu sinto falta. De quê? Eu não sei. Nunca tive, para sentir o que seria perder. Acho que é o vazio. Essa "coisa" que me habita sabendo que nunca será. Que nunca foi nem teria sido. Acho que é a sensação horrível de te ver naquele elevador ou naquela sala. Naquele prédio decadente. Mas talvez seja só fome.

Eu queria que soubesse que sempre vou lhe dedicar carinho. Que eu sei que não foi culpa do tempo. Nunca é. Que só não era certo. E que, ainda que fosse, soou errado.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ilegais

Hoje mais cedo fui perguntada sobre um novo post aqui. Mas disse que me faltava inspiração. Mentira. O que me faltava não era inspiração; era coragem para falar do que eu tinha medo agora.

Mas, na esperança de transformar meu monólogo em diálogo, resolvi não me referir desta vez àqueles que gostam dos meus textos. Vou me referir à você, que certamente vai preferir não ter lido nada disso.


É sexta-feira 13 e eu até esperava um pouco de azar. Mas alguns "azares" - assim como alguns "infinitos" - são maiores do que os outros. Azar mesmo é te perder duas vezes em um só dia. E me perder a cada vez que me vem à mente que acabou.

Você deve achar que eu falo demais. A questão é que eu penso demais. E, às vezes, os pensamentos são tantos, que preciso compartilhar. E você me fazia tão feliz que eu precisava espalhar felicidade pelo mundo. É bobo, eu sei. No entanto, eu só queria te fazer o bem que me fazia. Pelo visto, não fui capaz.

A culpa não é sua. Nem minha, na verdade.


A verdade é que eles sabem sobre você (nós). Que eu gosto de falar, porque gosto de pensar em você e reviver por instantes que existia "a gente", mais do que "eu" e "você". E você não ter dito sobre mim definitivamente me chateia. Destrói todas e quaisquer esperanças infantis e fantasiosas que eu poderia criar.

Você não falar com eles sobre mim faz com que eu pareça algo errado. E que você jamais poderá me ver como a certa.

Eu acho que já cheguei lá. Que, quiçá, fui rápida demais. Então pra mim fica complicado esperar você. Talvez você nunca chegue, nunca tenha as certezas que tanto preza. Eu só queria que você soubesse valorizar nossas dúvidas...

Esperar você é como te ter pela metade. Nunca ter os extremos, a insegurança. E quando você gosta realmente de alguém, você quer correr os riscos. Eu queria poder corrê-los. Mas você quer ficar parado. 


Contudo, você parece não saber que a graça no vento é deixar que ele te leve. Que quando ele passeia pelos seus cabelos e te beija o rosto, ele deixa um pouco da leveza e da liberdade dele próprio em você. Quanto mais rápido você vai, mais livre você fica. 

E eu queria que pudéssemos nos sentir livres juntos. Mas você parece ter medo de cair numa prisão.


Você disse que gosta de mim como eu sou. Sou assim. Sentimentos e palavras. Sou dúzia de verdades numa folha de papel. Sou uma centena de sonhos que te convido, em vão, pra sonhar comigo. Sou tudo. Menos uma coisa. Faltou ser sua. E eu tentei.

Mas eu estou disposta. A te dar tempo e vento, se é o que precisa. Você está disposto a me dar algo também? Segurança? 

Se eu te faço feliz, compartilha tua felicidade também? 




"Quando decidir, faça-me um sinal
Eu estarei apta
Pra ser sua e pronto
[...]
Tu tens asas para voar
Mas, eu te esperarei aqui."
- Djavan



sábado, 20 de julho de 2013

HUMAN


E este texto, que pode nem ser arte, é um mero encontro de palavras. Encontro este baseado em nosso próprio. Bendito seja o verbo encontrar. Bendita seja a ação "encantar".

Sabe... se você tiver encontrado este texto sem querer, e quiser realmente ler, tudo bem. Mas se não tiver tanta certeza quanto a isto, pare por aqui. Não convém eu te assustar agora. Não me parece uma boa ideia você se prender à todas estas palavras, se não souber como reportar às palavras iniciais. À beleza do desconhecido.


É que o mundo mudou demais nestes últimos dias. Algumas coisas passaram a fazer mais sentido, mas outras perderam até seus sentidos iniciais. E mesmo sem saber exatamente no que vai dar, eu gosto muito de tudo isso. De verdade.

Eu fico aqui, neste quarto fechado, neste dia aberto, questionando sobre a existência das coisas; dos porquês. E sabe por quê? Porque o porquê talvez se assemelhe a nós dois. É tanto dúvida quanto resposta. Pode estar junto ou separado. E a separação confere à nossas vidas um novo sentido. Sem você, eu sou: "Por quê?". Mas com você eu sou... Porquê!

Você parece ser a resposta das perguntas que não existiam antes de você chegar. E as dúvidas, ao invés de me afogarem, me puxam pra cima a todo instante. Até parece que me roubam a opção de voltar atrás. Então, peço desculpas novamente pelo infortúnio de ter que ler isso sabendo que não vou desistir de você. (Se achar que não tenho pelo que me desculpar, obrigada! E entenda: "Se um escritor se apaixonar por você, você nunca morrerá.") Você me inspira, motiva.


Ah, meu querido... Vês que a vida sem você é assim sem cor?

E que a simples ideia (   ҉ਨੂੰ҉   de estar novamente ao seu lado muda tudo? Adiciona muito mais luz à minha escuridão. Estou com muito medo por nós dois. Medo de enxergar tanto depois de tanto tempo. Medo de enxergar talvez o que nem exista. Estou com medo de que você não enxergue poesia em mim. Não enxergue todo um livro de poemas em nós. Porque, se parar (e juntar) para reparar, verá que seu sorriso é uma rima completa.


E, meu bem, como eu gostaria que sua rima rimasse com a rima que eu também trouxe pronta...Ou, que na falta de algo melhor, travássemos nossas línguas como o tal do tempo que perguntou pro tempo quanto tempo que o tempo tem.

Quanto tempo a gente tem, afinal? Não sei.

Só sei que, se deixar, vou aproveitar cada segundo com você. E até diria que é por saber que um desses segundos pode ser o último. Mas não. Vou aproveitar cada segundo ao seu lado por prazer. Por querer estar ao seu lado, mais do que por temer perdê-lo.

Ter medo é humano. Mas ter você é surreal.


sábado, 22 de junho de 2013

PФЛТФ ÐΞ ΞǪUłŁíБЯłФ

"A gente passa a entender melhor a vida quando encontra o verdadeiro amor. Cada escolha, uma renúncia... Isso é vida."
 
Incrível, o país vivendo essa revolução, e tudo o que eu consigo pensar é se vou viver isso desta vez. Típico de menininha boba. Eu só quero saber em que isso nos afeta de verdade. E para sempre.

 
Mas acontece que as coisas não estão sendo fáceis pra mim, assim como não estão sendo para você. Eu entendo suas preocupações, e até admito que elas são, em tudo, bem maiores e mais fortes do que as minhas. Entendo que possa me achar egoísta e um tanto quanto cansativa. Mas num mundo de loucuras, sempre deve haver um pedaço de razão. E hoje, quando esta razão enfim domina, quero resguardar a doce loucura de se cultivar um sonho.

E eu queria entender como tudo isso funciona, antes que seja tarde demais. Quero poder ajuda-lo a conquistar aquilo a que se dedica com tanto esmero e esforço. Mas, ao mesmo tempo, acho que preciso encontrar sozinha as minhas motivações. Embora você faça, certamente, parte delas. Talvez, como na canção, eu devesse lhe falar que você é o sonho bom que mudou o tom da minha vida. E que, agora, eu preciso encontrar o restante da música nestas notas varridas pela multidão.


Só que ao procurar sentido no que não existe, e me perder no que existe mas não é palpável, eu temo perder você. A única coisa que eu consigo enxergar direito no meio de todo esse vazio. Você é o ponto de equilíbrio em todas essas situações que me rodeiam e, se você se for agora, sinto que despencarei nesse imenso penhasco.

Então entenda que mesmo que eu esteja me buscando neste mundo, eu não posso simplesmente me desligar de você, desatar os laços que nos unem sem explicação. E não posso deixar que você o faça, ou ficarei perdida por outros longos períodos, ou pela vida inteira. Enquanto todo mundo acorda, enfim; eu sinto que gostaria mesmo era de deitar e descansar até que alguém descubra quem realmente eu sou.

Eu só queria que você lutasse até o fim para se conhecer melhor e, então, viesse conhecer a mim.

 
Logo, eu me preocupar com você não significa que não possa se virar sozinho; significa que não PRECISA se virar sozinho. Significa que, quando você não tiver noção do perigo e não se cuidar, eu vou fazer isso. Vou estar com você, te protegendo sempre que puder e, às vezes, mesmo sem poder. Então não se chateie se eu me descabelo. Isso pode não me deixar mais atraente, mas vai me deixar mais viva. Me preocupar assim com alguém me mostra que, assim como você reúne seus objetivos e vai à luta, eu tenho também uma razão pela qual gritar: SEM VIOLÊNCIA!
 
Não posso deixar que eles tirem você de mim. Não posso deixar que eles tirem você daquilo que é... seus ideais. Não posso deixar tirarem você de nós...
 
Apoiemo-nos. E quando tudo for cegueira e tropeços, faça de mim sua guia, seus pés. Não vou deixar você cair. Caminhemos unidos então. Aonde quer que essa escuridão nos leve.

 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

๓єเค ภ๏เtє ⚴

Enfim é dia dos namorados...
 
Boa tarde para quem começou o dia com algo realmente especial. Boa tarde para quem espera fechar a data com algo especial. Boa tarde para quem acredita que hoje, naturalmente, tudo já é especial.
 
Este post de hoje é para quem namora. Para quem já namorou. Para quem um dia irá namorar. Hoje eu escrevo para quem ama e é correspondido. Para quem não é. Escrevo para quem é amado e que talvez não saiba. Ou saiba, e não pode amar a pessoa de volta. Todas estas palavras e sentimentos mistos, eu dedico a quem já amou. A quem sabe que o verbo "Amar" não se conjuga no passado; que "ou se ama para sempre, ou nunca se amou verdadeiramente".
 
Falo de amor pra quem conhece o amor. Para quem quer conhece-lo um dia. Amor é uma conversa que só se tem com quem acredita nele.
 
 
E independentemente de todos os acontecimentos vis que me cercam diariamente, acreditar em amor faz parte de mim. Acho que porque sou feita de amor. Porque fui criada com amor. Não acreditar em algo que, para mim, é praticamente palpável, seria impossível. Eu acredito na validade de todas as formas de amor.
 
E amor é quando você briga com aquele amigo para tentar protege-lo. É esse amor que você aprendeu com seus pais e avós. Amor é sorrir quando uma criança sorri pra você. Amor é sorrir só de pensar Naquela pessoa.
 
Hoje mais do que nunca, vejo o quanto o amor vem mais de nós do que dos outros. Vejo que ações pequenas e cotidianas escondem misteriosamente o sentido de tudo que consideramos grandioso. Às vezes, um simples piscar de olhos pode roubar algo do fundo da sua alma para sempre. A forma com que uma certa pessoa fala o seu nome pode torna-la carrasca ou dona de algo seu que você nunca soube como dominar.
 
 
E, de repente, tudo começa a doer; e a dor se torna algo delicioso. Uma sensação excruciante, que não pode ser definida em palavras. Um conjunto de esperanças e sonhos, de certezas, dúvidas e felicidade. União entre passado, presente e futuro em um tempo que parece desafiar o mundo. Sentir amor e tentar defini-lo, é limita-lo. Desconfio de quem duvida da grandeza do amor.
 
E agora, em pleno dia das almas enamoradas, dos corações que batem como um só, eu me pergunto: Vale a pena? Vale abrir mão da liberdade, se prender com linhas invisíveis e elásticas? Vale se entregar de corpo, alma e mente para uma pessoa que pode ir embora sem aceno? Mera encenação. Correr todos os riscos do universo, se perder e se ganhar a cada instante? Vale a pena trocar certezas por dúvidas?
 
Vale abrir mão de interrogações. Vale troca-las por reticências... Tudo vale a pena quando se tem uma única certeza: temos um dever com nossos corações. (Créditos: Mulan kkkk)
 
 
Existem mil motivos para não amar uma pessoa, e um único motivo para ama-la. Acho que o mais certo para mim seria dizer: "Amava-o porque era ele; porque era eu."
 
 
Feliz dia dos namorados. Feliz noite dos solteiros. Feliz vida inteira.
E bem vindos ao resto das nossas vidas.

terça-feira, 7 de maio de 2013

"Na pele, em toque, o arrepio / De corpo em brasa."

Isto é mais pela necessidade de uma resposta, do que necessariamente pela importância da pergunta. Na verdade, se parar para pensar nas circunstâncias, tudo isso é deveras ridículo e talvez insignificante. Mas eu preciso falar disso aqui, porque falarei claramente sobre isso a qualquer hora, e sei o desastre que provavelmente causaria.

Vou falar de como o frio pede proteção. E de como a proteção vem do frio. Porque me perguntaram o porquê de pegar uma blusa emprestada se não há, de fato, essa sensação cortante. E para responder essas perguntas, deve-se considerar algumas coisas mais complexas. Mas se eu não tentar, vou falar o que não deveria. (De qualquer forma, as palavras pedem pra sair. Cabe a mim somente decidir quais.)

Prefiro responder à pergunta dele.


Não é a blusa nem o frio em si. É o significado implícito na "entrega". As mangas compridas - maiores do que o braço -, o espaço que parece sobrar... Tudo isso parece significar, de alguma forma, que você não está sozinha neste mundo; que alguém vai te abraçar quando o frio vier de dentro, mais do que de fora. Às vezes, o simples gesto de emprestar algo que te protegeria indica que ali está alguém em quem pode confiar.

(E ele sabe o que estes pequenos gestos significam para mim.)


Então, respondida a questão, vêm outras mil querendo soluções. Mas eu me precipito. Não há palavras para jogar nas questões que me são escondidas. Há tanto a ser dito, mas há muito mais sendo omitido ou disfarçado. E aí só me restam perguntas. "Será que aquela blusa me 'deu' um amigo?" Ou foi mera educação que me "deu" a blusa? Desafio quem me responda esta questão.

É que agora eu não sei mais se posso confiar. Em nada que antes confiava, ou que viria a confiar um dia. Nunca mais lágrimas nos ombros ideais. Nunca mais estes ombros. Resta alguma coisa afinal?

...Além desta imensa bola de neve...?!



Eu só queria não precisar responder mais dúvida nenhuma. Nem jogar nos outros as minhas próprias.  Queria encontrar em mim o que tenho medo de procurar neles. Queria ter certeza sem precisar da incerteza destes seres humanos. É que pra mim, as coisas não funcionam mais como antes. Eu não sou mais o que era antes.

Eu não sei quem eu sou. Alguém sabe? Alguém um dia poderia saber? Temo nunca mais descobrir.

Tudo por uma mera blusa quentinha de moletom. Tudo pelo medo de não ter mais o tom da minha vida. (Nunca achar o tom certo para cantar estas palavras mudas.)



Queria que nunca tivesse me feito aquela pergunta. Preferiria que você já soubesse esta resposta.

E a pergunta que então eu lhe faria.


terça-feira, 23 de abril de 2013

"The Dreamer - The Tallest Man on Earth"

Não vou começar isso com: "existe um momento na vida", ou coisa parecida. Vou começar pelo fim, porque talvez quando chegarmos lá, possamos compreender melhor o agora.

Eu poderia vir aqui e dizer que estou apaixonada - como já disse mesmo muitas vezes antes - mas desta vez eu não estou. É bem verdade que não sei o que estou sentindo, que tudo se mescla ao que eu nunca fui nem serei. Mas eu não estou apaixonada, e disso eu tenho absoluta certeza.

Ele era melhor quando não existia. Ele era mais quente, mas fantástico, mais fantasioso. Mas agora ele é frio como a noite que me cerca e mais fantasiado. Ele real não é realeza.

E não é que isso me doa e então eu estou aqui choramingando. É só que eu coloco os pés no chão e não sei bem por onde devo começar a caminhar. Talvez eu devesse andar sem rumo pelo rumo que meus anteriores seguiram. Mas daí eu não seria passado?

Acho que o mais adequado seria eu criar meu próprio destino... E acabo voltando ao mesmo ponto de partida, me entregando ao revés de ser o produto das minhas escolhas bobas de menina. Qual lado devo desbravar primeiro?

Talvez eu devesse juntar tudo meu e ser dele. Ser ele, para conseguir entendê-lo. Ou talvez eu devesse espalhar minhas coisas pelos cantos do quarto e pelos cantos do mundo e fazer com que ele me fosse. E se entendesse em mim.

Daí ficaria mais claro tudo aquilo que é. Aquilo que não é paixão.


Provavelmente eu me perderia nas palavras e emoções que não mais me ferem. Talvez eu voltasse a me ferir e a cicatrizar. Talvez, pela inocência dele, eu pudesse reencontrar a minha.

No entanto, não sei mais como administrá-la. E, provavelmente, ela me administraria.

Eu, boba, poderia até dançar a canção prometida há um tempo. Livre como estes pensamentos que escorrem pelo meu corpo e se escrevem; leve como o vento que penteia os meus cabelos como se me massageasse. "Wicked Game"? É, eu poderia dançá-la. Na verdade, meu corpo já a sente aqui - mesmo ele estando tão longe -, e eu me pego cantarolando essa paixão não concretizada.

A voz do cantor penetrando em meus ouvidos e mente concretizam o que quer que seja. Pode ser que eu venha um dia a denominá-la "paixão"...


Porém, se a música mudar, tudo muda. Convido-lhe para "Thinking 'Bout Somethin'" e, de repente, não há mais essa perda a ser encontrada. Não há mais nada a ser preenchido, porque eu mesma me completo. (E eu já não estou pensando em você.)

Eu poderia vir aqui e dizer que estou apaixonada, mas eu não estou - e disso eu tenho absoluta certeza.

"Por favor, não mude a música."


domingo, 21 de abril de 2013

F U L G O R

Hoje não vou falar de amor em si. Vou falar de todas essas coisas sujas e nojentas que muita gente insiste em mascarar com amor. Eu acho que muitas vezes a gente esconde a verdade porque é muito mais fácil fazer cara de paisagem.

A questão é que o mundo te julga e julga suas relações com as outras pessoas, conforme o rótulo que você recebe. Ao nascer, é filha de alguém. Quando cresce, é amiga, irmã, prima, vizinha, namorada, ex... E passe o tempo que passar, você conquiste o que for, nunca vai ser só você.

E então, de repente, temos amarras, relações não de igualdade; mas de soberania. E ai de nós se errarmos em cumprir nossos papéis. O mundo não vai ligar se o "inferior" não estiver errado.


E aí, quando tudo começa a dar errado, você passa a assistir tudo de fora, como espectador. E eu estou vendo tudo isso agora. Não é a primeira vez nos últimos - e curtos - tempos. Eu faço isso um número considerável de vezes.

Acontece que dá pra notar claramente cada fina linha que nos une a alguém nesta vida. Dá pra ver a reciprocidade (onde há), e a falsidade. Talvez seja possível porque você para de pensar e passa só a sentir. Sem palavras - elas não são mais necessárias -, só ações. E cada sorriso exibe as verdades e mentiras. As frases dizem o que se passa em pensamento. Não se mente para alguém que não pensa. A mentira, muitas vezes, se cria na mente de quem a recebe e não de quem a conta. 

Mas enfim, hoje eu vi inúmeras relações unilaterais. Vi que, achando que não podia mais me apegar à alguém, fui me apegando demais à muitas pessoas. E a linha está muito mais firme do meu lado. As relações parecem muito minhas, e poucos nossas.


Mas não adianta falar simplesmente que, à partir de então, só vamos ajudar aqueles que nos ajudam. Que só vamos nos dedicar à quem nos dedica amor também. A questão é muito mais complexa. Amor, dedicação... tudo vem de nós. E chega uma hora horrorosa - quando queremos nos despedir de tudo isso, dessa unilateralidade imensa e desgastante - em que notamos que todos podem mudar mas que, quando assumimos uma responsabilidade - e assumimos sem querer - ela é eterna. Pode machucar, pode parecer estar além de qualquer fardo que possamos carregar, mas não é algo que possamos abandonar.

E algumas dessas minhas relações unilaterais são baseadas nessa responsabilidade às vezes inócua de sermos nós mesmos, mesmo que todos os outros tenham esquecido de quem são - ou eram. Alguns vão notar que falo deles (depois de tanto tempo, ou antes de cogitarem apego). Mas outros lerão como se não compreendessem - ou como se fossem eles os doadores nessas relações.


Tem gente que vai passar a vida inteira sem saber que, na maioria das relações (ou quem sabe em todas?), o  equilíbrio é conquistado por lados que se dedicam de forma diferente. E que dói ser sempre o lado que ama muito mais. Dói nunca ser a soberana.


Mas dedicar-lhes amor é a minha responsabilidade.
Queria eu poder abdicar dela...