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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

domingo, 21 de abril de 2013

F U L G O R

Hoje não vou falar de amor em si. Vou falar de todas essas coisas sujas e nojentas que muita gente insiste em mascarar com amor. Eu acho que muitas vezes a gente esconde a verdade porque é muito mais fácil fazer cara de paisagem.

A questão é que o mundo te julga e julga suas relações com as outras pessoas, conforme o rótulo que você recebe. Ao nascer, é filha de alguém. Quando cresce, é amiga, irmã, prima, vizinha, namorada, ex... E passe o tempo que passar, você conquiste o que for, nunca vai ser só você.

E então, de repente, temos amarras, relações não de igualdade; mas de soberania. E ai de nós se errarmos em cumprir nossos papéis. O mundo não vai ligar se o "inferior" não estiver errado.


E aí, quando tudo começa a dar errado, você passa a assistir tudo de fora, como espectador. E eu estou vendo tudo isso agora. Não é a primeira vez nos últimos - e curtos - tempos. Eu faço isso um número considerável de vezes.

Acontece que dá pra notar claramente cada fina linha que nos une a alguém nesta vida. Dá pra ver a reciprocidade (onde há), e a falsidade. Talvez seja possível porque você para de pensar e passa só a sentir. Sem palavras - elas não são mais necessárias -, só ações. E cada sorriso exibe as verdades e mentiras. As frases dizem o que se passa em pensamento. Não se mente para alguém que não pensa. A mentira, muitas vezes, se cria na mente de quem a recebe e não de quem a conta. 

Mas enfim, hoje eu vi inúmeras relações unilaterais. Vi que, achando que não podia mais me apegar à alguém, fui me apegando demais à muitas pessoas. E a linha está muito mais firme do meu lado. As relações parecem muito minhas, e poucos nossas.


Mas não adianta falar simplesmente que, à partir de então, só vamos ajudar aqueles que nos ajudam. Que só vamos nos dedicar à quem nos dedica amor também. A questão é muito mais complexa. Amor, dedicação... tudo vem de nós. E chega uma hora horrorosa - quando queremos nos despedir de tudo isso, dessa unilateralidade imensa e desgastante - em que notamos que todos podem mudar mas que, quando assumimos uma responsabilidade - e assumimos sem querer - ela é eterna. Pode machucar, pode parecer estar além de qualquer fardo que possamos carregar, mas não é algo que possamos abandonar.

E algumas dessas minhas relações unilaterais são baseadas nessa responsabilidade às vezes inócua de sermos nós mesmos, mesmo que todos os outros tenham esquecido de quem são - ou eram. Alguns vão notar que falo deles (depois de tanto tempo, ou antes de cogitarem apego). Mas outros lerão como se não compreendessem - ou como se fossem eles os doadores nessas relações.


Tem gente que vai passar a vida inteira sem saber que, na maioria das relações (ou quem sabe em todas?), o  equilíbrio é conquistado por lados que se dedicam de forma diferente. E que dói ser sempre o lado que ama muito mais. Dói nunca ser a soberana.


Mas dedicar-lhes amor é a minha responsabilidade.
Queria eu poder abdicar dela...


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