Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Aɱʌɾ єʅơ

Achei que já tinha me despedido de você antes. Definitivamente. Mas esta já é a milésima vez após aquela e eu mantenho a esperança de que desta vez seja para sempre. E, por mais que eu saiba que você não lerá este amontoado de sentimentos, preciso te pedir ajuda. Preciso pedir que me deixe em paz.

Não vou negar que esperei muito por aquilo. Que quis aquela chance de uma forma que quis pouquíssimas coisas ao longo destes meus quase 23 anos. E eu realmente dei de mim o melhor, para que você não precisasse ir embora. Pisei um pouco em mim mesma, naquilo que eu acreditava; abri mão do que me deixava segura, do que me trazia conforto, apenas esperando que você não quisesse ir.

E você foi. Não só do verbo "ir"; você foi torpe. Depois de tempo e muralha, você foi só uma experiência torturante e repetida.


Agora você volta. Acha que tem esse direito, sabe-se lá o porquê. E eu não tenho coragem de te dizer que você não pode fazer isso, que não pode simplesmente reaparecer como se tudo tivesse sido apenas uma questão de distância.

Eu disse que quase não doeu. É mais fácil falar que não senti, na tentativa vã de amenizar o que sinto toda vez que você aparece. Mas é errado dizer que não doeu, quando ainda me dói. Por mais que eu não consiga impedir esse turbilhão de sentimentos e sensações agonizantes que me tomam o corpo e a mente, notei que cabia só a mim decidir o que te mostrar.

Eu disse: "Não é rancor, é memória.". Agora te digo: "Esta é a ponta do iceberg."


A grafia do seu nome nunca foi o único erro. Nem o único acerto. Quando penso em tudo isso, "ouço sempre os mesmos discos, repenso as mesmas idéias", vejo que até a língua portuguesa tem me sido cruel. Eu aprendi que "a gente", separado, é o jeito correto. Mas às vezes queria que fosse "agente" Mesmo que fosse secreto. 

Então eu tentei me prender à essa ideia louca como se houvesse alguma possibilidade de voltar a ser. Mas eu não vou conseguir novamente. Como disse, tive que erguer muros quase palpáveis, e me custa demais derrubá-los. Assim como custaria a você uma confiança que teria que me devolver. E, para ambos, é um preço muito mais alto do que o que estamos dispostos a pagar.

E eu nem sei se deixaria recibo. Talvez fosse só um custo desnecessário e o "benefício", supérfluo.


Por isso eu te ataco. Acho que o ataque é a melhor defesa, porque assim você nem nota todos os meus pontos fracos ligados em uma linha reta. Por isso eu me calo, para que não se note nenhuma hesitação nem a minha crença cega de que possa haver uma maneira de fazer isso ou qualquer coisa entre nós dar certo. (E eu juro que já testei o dicionário inteiro. Nada funciona.)

E quando - logo que este texto terminar - eu sumir pela que creio ser a última vez, quero que guarde somente uma coisa: sempre que te mando embora me falta o ar. Na prática, a sensação é de crise de abstinência (pelo menos combina com a teoria), como se você fosse um vício maldito a me intoxicar. Como toda "dependente", fico procurando motivos para mantê-lo, como se desta droga viesse uma fração de vida; como se me fortalecesse de algum modo.

Mas, como todo vício, você somente tem me feito mal.


Este texto é minha reabilitação.