Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 7 de maio de 2013

"Na pele, em toque, o arrepio / De corpo em brasa."

Isto é mais pela necessidade de uma resposta, do que necessariamente pela importância da pergunta. Na verdade, se parar para pensar nas circunstâncias, tudo isso é deveras ridículo e talvez insignificante. Mas eu preciso falar disso aqui, porque falarei claramente sobre isso a qualquer hora, e sei o desastre que provavelmente causaria.

Vou falar de como o frio pede proteção. E de como a proteção vem do frio. Porque me perguntaram o porquê de pegar uma blusa emprestada se não há, de fato, essa sensação cortante. E para responder essas perguntas, deve-se considerar algumas coisas mais complexas. Mas se eu não tentar, vou falar o que não deveria. (De qualquer forma, as palavras pedem pra sair. Cabe a mim somente decidir quais.)

Prefiro responder à pergunta dele.


Não é a blusa nem o frio em si. É o significado implícito na "entrega". As mangas compridas - maiores do que o braço -, o espaço que parece sobrar... Tudo isso parece significar, de alguma forma, que você não está sozinha neste mundo; que alguém vai te abraçar quando o frio vier de dentro, mais do que de fora. Às vezes, o simples gesto de emprestar algo que te protegeria indica que ali está alguém em quem pode confiar.

(E ele sabe o que estes pequenos gestos significam para mim.)


Então, respondida a questão, vêm outras mil querendo soluções. Mas eu me precipito. Não há palavras para jogar nas questões que me são escondidas. Há tanto a ser dito, mas há muito mais sendo omitido ou disfarçado. E aí só me restam perguntas. "Será que aquela blusa me 'deu' um amigo?" Ou foi mera educação que me "deu" a blusa? Desafio quem me responda esta questão.

É que agora eu não sei mais se posso confiar. Em nada que antes confiava, ou que viria a confiar um dia. Nunca mais lágrimas nos ombros ideais. Nunca mais estes ombros. Resta alguma coisa afinal?

...Além desta imensa bola de neve...?!



Eu só queria não precisar responder mais dúvida nenhuma. Nem jogar nos outros as minhas próprias.  Queria encontrar em mim o que tenho medo de procurar neles. Queria ter certeza sem precisar da incerteza destes seres humanos. É que pra mim, as coisas não funcionam mais como antes. Eu não sou mais o que era antes.

Eu não sei quem eu sou. Alguém sabe? Alguém um dia poderia saber? Temo nunca mais descobrir.

Tudo por uma mera blusa quentinha de moletom. Tudo pelo medo de não ter mais o tom da minha vida. (Nunca achar o tom certo para cantar estas palavras mudas.)



Queria que nunca tivesse me feito aquela pergunta. Preferiria que você já soubesse esta resposta.

E a pergunta que então eu lhe faria.