Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

domingo, 28 de setembro de 2014

Qᴜɪɴᴛᴇssᴇ̂ɴᴄɪᴀ

Por onde começar desta vez? Não sei. Porque não sei onde terminou cada uma das outras vezes, dos outros textos. E é complicado começar algo que parece estar desde sempre pela metade. E eu não sou do tipo que gosta de metades. Nem de finais. E, pra ser sincera e confusa, não de inícios.

E é por isso que não sei como recomeçar o que estou compreendendo que não está inacabado. Porque desta vez realmente soa como um início. E eu só conheço essa palavra através do dicionário. E duvido que ele possa me ajudar agora.


Porque eu me importo. Achava que não, e que ia passar cedo ou tarde. Mas em cada momento tenho em mim um sentimento diferente. E não sei se quero fugir ou me jogar. Porque me sinto tentada a me apaixonar por um começo. E não conseguir nada além de princípio.

A questão é que sou daquelas que planejam, que viabilizam um futuro que talvez não venha. Não sei me atirar num precipício simplesmente. Porque eu sei o que tem no final e, como já disse,  não gosto de finais. Mas parece que eu não gosto de nada.

Além dele.


Gosto do coração acelerando rapidamente mais do que do batimento normal. Gosto quando a pele esquenta de surpresa, e sei que estou corando. Gosto de perder a linha de raciocínio e me pegar observando as linhas da minha roupa. É tudo tão "debut", que me sinto com 15 anos e uma renca de sonhos que ninguém tem o direito de me tirar.

Mas detesto a forma com que ele também parece um adolescente. Porque ele me parece etéreo e eu não acredito no céu. Sou a terra que ele não toca. Sou prisão, e ele me soa absurdamente como salvação. E eu também não acredito nisso. Ele parece o antônimo de tudo que sempre busquei; tanto que me parece sinônimo.

Queria ser o significado dele. Queria que ele fosse minha sina.


Queria que ele fosse real. Queria a garantia de que tocá-lo não o despedaçaria. Mas isso seria apenas um equívoco, algo para preservar meus sonhos. Aqueles de anos atrás, que agora sinto que ainda estão comigo, e intocados. E que também podem se destroçar em um segundo, ao contato com 37ºC de uma pele que é um mero emaranhado de células.

Admitir sua existência terrena é deixar a menina de lado e ser a mulher que tenho medo de ser. E eu acho que estou preparada para sê-la, mas não sei como começar. Porque eu tenho delegado este início a cores, sabores e sensações que estavam sempre pela metade. Porque eu não tenho me arriscado o suficiente para encontrar um novo rumo para a minha vida e seguir nele.

Até agora.


E se engana quem pensa que é dele que estou falando. Erra quem acredita que vou novamente conceder isto a alguém. Desta vez eu entendi o que está tão errado nos meios. Não tenho que deixar ninguém me tornar a mulher que aparentemente eu deva ser. Tenho que mostrar a mulher que eu já sou, e deixá-lo ser o homem para quem eu sou essa mulher.

Sem esquecer que sou principalmente pra mim. Mais do que um elemento nesse mundo de pequenos pontos prontos para se unir. Sou a parte mais pura de um todo. Sou o "estar pronta", o "começar", "continuar" e o "concluir". Mas não sou o fim. Sou o quinto elemento. De agora em diante, sou "infindável". 

Porque, e daí se ele só durar por uma noite?


··Sᴏɴʜᴏs ϙᴜᴇ ᴠɪᴠᴇᴍ / Nᴏ ғʀɪᴏ ᴅᴏ ɪɴᴠᴇʀɴᴏ / Sᴀ̃ᴏ ᴄᴏᴍᴏ ғᴏɢᴏ ᴘʀᴀ ᴍɪᴍ...··

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Hydrαrɢyrυм

Faz algum tempo que venho adiando a vontade de escrever aqui. É que, às vezes, não falar sobre alguma coisa nos dá a doce ilusão de que não há nada acontecendo. De que vai simplesmente passar. Mas quem me conhece sabe que eu não costumo esquecer.

Algumas coisas vão doer para sempre (e lembrar é uma forma de cutucar a ferida). Por mais que o corpo não mostre, a alma não cicatriza. E em outros tempos eu poderia dizer um "jamais", mas só por hoje vou me atrever a descartá-lo. Porque aprendi que existem coisas com as quais nunca sequer sonhamos e que nos valem muito mais do que aquilo que já passou.

Beleza deixa de ser um adjetivo explícito em que reparamos enquanto esperamos o tempo correr. Se torna a delicadeza implícita nos gestos desengonçados de quem simplesmente não se preocupa. E eu não estava preparada para isso.

Ideais se perdem tão facilmente que parecem nunca ter sido "ideais" pra mim. Todos os planos traçados sobre o passado parecem ficar realmente para trás. Neste momento eu só quero o presente daquele olhar. E eu poderia parafrasear Bentinho: teus "olhos de cigano oblíquo e dissimulado" me fazem acreditar - e almejar - um futuro.

O ontem é palpável. Mas é tudo que eu não posso tocar agora que me é excruciante. Pela primeira vez eu não acho que tenho todo o tempo do mundo, e estes meros minutos que gasto escrevendo parecem desperdício. Essa solidão me parece desesperadora. A escuridão me parece ausência. O silêncio é lunar. E eu queria seu riso lunático. Tudo o que criei no vazio em mim.


Porque você me tocou e eu sinto o calor daquele toque até agora. Não é cotidiano para mim. Tem horas em que chego a acreditar que posso viver sem tocar alguém. E por menos que isso seja físico, é o tato que me faz falta. Você é psicológico, e tenho medo de colocar minhas mãos em você e não ser real.

O medo é, eu sei. E ele é que deveria se dissipar. E eu deveria despir todos esses sentidos e sentimentos em um leito onde eu possa fluir. Porque sem querer eu rio, e deságuo neste seu mar.

Razão para isso não há. Não ar. Sufoco no que escondo, fica o dito pelo não-dito. E não sei se um pode se perder no outro, enquanto o segundo se encontra. Parece algo que deve ser feito junto, e (desta vez não pela "primeira vez") a timidez parece me consumir.


Faz muito tempo que quero escrever aqui. Mas faz muito pouco tempo que encontrei o motivo pelo qual eu precisava escrever aqui. Necessidade era algo a que eu já não estava familiarizada.

Agora eu sinto essa ânsia novamente.

Verdade ou não, ao menos ocupa meu ócio. E quem sabe se torne um vício.

Ou mesmo aquilo que eu nem sonho que possa mudar a minha vida.

Ruim seria se eu nunca tivesse ficado "louca por você"...