Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ƶιηηια

Será que, assim como na música - que eu gostaria que você ouvisse - "se eu soubesse antes o que sei agora, erraria tudo exatamente igual"? Será que, se eu tivesse ideia do quanto esses dias fossem se somar igualmente dolorosos e vazios; e que eu não me arrependeria daquela escolha três vezes por dia; teria agido tão precipitadamente quanto naquela noite? Se eu conseguisse quantificar a raiva e mágoa de mim mesma, teria preferido ficar sozinha comigo? Será que, se eu soubesse que os "quando" que me enchiam de esperança se converteriam todos nesses estrondosos "se", eu teria preferido essa ilusão de não estar completamente só?

Essa é a terceira vez em menos de duas semanas que procuro abrigo aqui, procurando por um sentido naquilo que eu fiz e pra vida que tenho que seguir agora. Irônico que hoje esteja fazendo frio e isso me mostre todo o vento que eu quis e que agora não parece resposta. Sinto que ele é muito menos a sensação de quando você passa, e muito mais a ausência do seu movimento.

Se tiver curiosidade em saber - aproximadamente - como isso tudo me toca, é como faca. Não aquele corte profundo, que sangra. É aquele aparentemente leve, superficial, e que dói constante por dias. Talvez seja corte de papel, causado pela pressão dessas palavras nessa folha rasurada. E curar essa "ferida" que ninguém mais vê me parece muito mais complicado do que eu poderia ter imaginado. Principalmente, porque vai simplesmente cicatrizar e sumir.

Como cogitar buscar "equilíbrio" no que já me parecia tão natural?


Como você pode achar que aquela "felicitação" não parecia falsa, quando escolhi delicadamente cada palavra para que você enxergasse o que eu precisava que você me dissesse? Como perguntar diretamente aquilo que já perguntei tantas vezes através das ofensas veladas e desse meu olhar? Eu preciso entender o que aconteceu. Preciso que me conte a verdade, para que eu me convença de que nem tudo foi mentira. Porque eu não suporto olhar para você e pensar que fui capaz de me enganar tanto.

Falar sobre você me parece errado. Parece sujo falar tanto de como eu tenho me sentido, mas você não fala nada e eu continuo escrevendo. A cada instante tenho mais dúvidas de que haja realmente algo seu nestes textos, além daqueles dois pontos que são físicos. Mas, se nem eles são imutáveis, como posso acreditar que você era o mesmo garoto que eu via?

Eu queria que sentássemos e conversássemos. Que você discordasse da minha opinião e das minhas atitudes. Que agisse menos como se aquela "escolha" fosse uma decisão permanente minha, e mais como se fosse um pedido de uma decisão inconstante nossa. Difícil acreditar em alguém que discute equilíbrio, mas que não se inclui na balança.

Te quero na minha vida, e quero igualmente participar da sua, da mesma forma que quis no segundo em que entrei naquela sala e você virou e sorriu para mim.

Mas não quero ser a sua agenda.


Queria que estivesse aqui. Agora. Naquela cadeira em que se sentou comigo para discutirmos sobre um trabalho, e acabamos discutindo sobre religião. Queria que discutíssemos e quase brigássemos neste como fizemos naquele dia. Que você me contasse sobre o que acredita e que sorrisse irônico quando eu te falasse sobre minhas crenças - ou o que você consideraria como ausência delas. Queria sentir quase palpável a sua chateação, que ainda é melhor do que essa aparente indiferença. Não saber por quem de nós dois você ainda se mantém distante me agonia. A quase certeza de que é por você, me incomoda.

Então eu te peço um sinal se estiver lendo (o que eu duvido). Se puder, e realmente quiser, senta ao meu lado e comenta que vai chover. Para de agir como se não houvesse nada errado, e eu tento achar um desequilíbrio nisto que já é tão artificial. Me mostra - se ainda acredita - que há "como" e "o que" consertar, ou ambos nos convencemos que a invisibilidade é a melhor, e talvez única, opção. Me ensina que o que eu não pude prevenir ainda pode ser remediado. Ou assumimos que foi erro nosso.

Só não me convence que "se eu soubesse antes o que sei agora, iria embora antes do final"...


terça-feira, 1 de setembro de 2015

inVENTO

Desde o início eu sabia que sentiria alguma dor. Achava que seria principalmente por falta, por saudade daquele pouco que eu tinha e ia - aos poucos - se perdendo. No entanto, por mais que seja similar em intensidade, acho que a dor que eu sinto de fato é muito pior: sinto uma pontada no peito por constatar que eu não estou perdendo nada. Absolutamente nada. E por então perceber que "nada" foi tudo o que eu sempre tive.

Eu sabia que para você não seria tão complicado e potencialmente doloroso como essa "ruptura" seria para mim. Mas ver que, para você, partir é tão fácil, só torna as coisas piores. E isso talvez fizesse com que eu fosse idiota outra vez.

Só que dessa vez eu não me sinto assim. Dar a cara a tapa e tê-la, de fato, batida; por mais que angustiante, não me incomoda agora. Depois de tantas vezes, o papel que uso para escrever esse rascunho não é mais o "papel de trouxa". Foi assim cada vez que tive medo do que sentia, sempre que tentava esconder esse sentimento como se fosse algum absurdo ou crime. Abrir o jogo, convida-lo a fazer um movimento neste tabuleiro, foi corajoso. Porque apesar de unilateral, esse "amor", "paixão", ou o que quer que seja que tenho aqui dentro, é maravilhoso. E eu quis dividi-lo e multiplica-lo com alguém.

Por isso, este texto não é por amores impossíveis. Mas por um amor possível, que optou por não se concretizar.


Não pensei que fosse escrever aqui novamente tão cedo, embora certamente soubesse que voltaria aqui por você. Mas dessa vez tenho coisas demais presas neste silêncio (meu e seu, que - egoístas - sequer compartilhamos), e dize-las em voz alta me soa ainda mais solitário.

Nesses últimos dias as coisas me parecem mais secas e confusas; as pessoas ao meu redor, mais hipócritas; e eu procuro palavras que não me façam - nunca mais - soar hostil. De todos os adjetivos que me deram, aquele foi o mais cruel. Eu só estava tentando me defender.

A verdade, que eu não posso te dizer na cara, é que percebi naquele dia que eu sentia ciúmes de você. Em toda a minha vida, poucas pessoas me incitaram isso (só consigo contabilizar duas) e nenhuma delas foi alguém por quem eu tivesse me apaixonado. Isso me prova - como se eu ainda duvidasse - que você me deixa insegura.

E eu tenho medo dessa insegurança.


Fiquei o resto da noite pensando e - como já escrevi antes - percebi que eu só queria estar ali e que, ao contrário do que imaginava, tenho medo de encontrar esse lugar onde quero estar e me acomodar... e então me sentir confortável nesta insegurança. Aprendi nos livros que não devemos gostar de ninguém a ponto de temer perde-lo. E a mera ideia de te ver ir embora me era sufocante.

Por isso pedi que fosse. E todas as palavras e frases - com sentido ou não - a seguir vão desmentir todo o texto anterior: você disse que te mandei embora; eu disse que só não impedi que você fosse. Depois eu disse que precisava ir embora, e você está deixando que eu faça isso.

E eu não consigo dizer que estou arrependida. Porque vou me arrepender de admitir assim, abertamente, que ligo tanto.


Isso é tudo para dizer que me importo. E que detesto que você não se importe.


"Entiende que aunque pida que te vayas,
no quiero perderte"