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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 1 de setembro de 2015

inVENTO

Desde o início eu sabia que sentiria alguma dor. Achava que seria principalmente por falta, por saudade daquele pouco que eu tinha e ia - aos poucos - se perdendo. No entanto, por mais que seja similar em intensidade, acho que a dor que eu sinto de fato é muito pior: sinto uma pontada no peito por constatar que eu não estou perdendo nada. Absolutamente nada. E por então perceber que "nada" foi tudo o que eu sempre tive.

Eu sabia que para você não seria tão complicado e potencialmente doloroso como essa "ruptura" seria para mim. Mas ver que, para você, partir é tão fácil, só torna as coisas piores. E isso talvez fizesse com que eu fosse idiota outra vez.

Só que dessa vez eu não me sinto assim. Dar a cara a tapa e tê-la, de fato, batida; por mais que angustiante, não me incomoda agora. Depois de tantas vezes, o papel que uso para escrever esse rascunho não é mais o "papel de trouxa". Foi assim cada vez que tive medo do que sentia, sempre que tentava esconder esse sentimento como se fosse algum absurdo ou crime. Abrir o jogo, convida-lo a fazer um movimento neste tabuleiro, foi corajoso. Porque apesar de unilateral, esse "amor", "paixão", ou o que quer que seja que tenho aqui dentro, é maravilhoso. E eu quis dividi-lo e multiplica-lo com alguém.

Por isso, este texto não é por amores impossíveis. Mas por um amor possível, que optou por não se concretizar.


Não pensei que fosse escrever aqui novamente tão cedo, embora certamente soubesse que voltaria aqui por você. Mas dessa vez tenho coisas demais presas neste silêncio (meu e seu, que - egoístas - sequer compartilhamos), e dize-las em voz alta me soa ainda mais solitário.

Nesses últimos dias as coisas me parecem mais secas e confusas; as pessoas ao meu redor, mais hipócritas; e eu procuro palavras que não me façam - nunca mais - soar hostil. De todos os adjetivos que me deram, aquele foi o mais cruel. Eu só estava tentando me defender.

A verdade, que eu não posso te dizer na cara, é que percebi naquele dia que eu sentia ciúmes de você. Em toda a minha vida, poucas pessoas me incitaram isso (só consigo contabilizar duas) e nenhuma delas foi alguém por quem eu tivesse me apaixonado. Isso me prova - como se eu ainda duvidasse - que você me deixa insegura.

E eu tenho medo dessa insegurança.


Fiquei o resto da noite pensando e - como já escrevi antes - percebi que eu só queria estar ali e que, ao contrário do que imaginava, tenho medo de encontrar esse lugar onde quero estar e me acomodar... e então me sentir confortável nesta insegurança. Aprendi nos livros que não devemos gostar de ninguém a ponto de temer perde-lo. E a mera ideia de te ver ir embora me era sufocante.

Por isso pedi que fosse. E todas as palavras e frases - com sentido ou não - a seguir vão desmentir todo o texto anterior: você disse que te mandei embora; eu disse que só não impedi que você fosse. Depois eu disse que precisava ir embora, e você está deixando que eu faça isso.

E eu não consigo dizer que estou arrependida. Porque vou me arrepender de admitir assim, abertamente, que ligo tanto.


Isso é tudo para dizer que me importo. E que detesto que você não se importe.


"Entiende que aunque pida que te vayas,
no quiero perderte"

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