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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 29 de agosto de 2015

Aᴍᴀɴʜᴀ̃

Talvez esse não seja o último texto sobre você. Talvez eu ainda esteja só começando e tenha ainda muito a sofrer. Mas eu queria que soasse como um adeus. Queria que soasse mais definitivo do que qualquer outra coisa que eu possa ter te dito, na esperança de eu me fazer acreditar.

Eu disse que ter uma parte - mesmo que ínfima - de você era melhor do que não ter nada. Estava errada. As pessoas dizem que as coisas devem ser aproveitadas com moderação e que todo excesso faz mal, mas aprendi que em relação a você tinha que ser tudo ou nada. Não quero migalhas. Não quero aquilo que não posso ter.

Não quero o seu sorriso se ele não provocar o meu. Não quero um "meio abraço", ou dividir com você o meu amor que devia ser próprio.


Hoje estou te pedindo para sair da minha vida. Não quero ser mais do que estava destinada a ser. Quero ser a desconhecida que não se faz notar. Quero ser a garota fileiras à esquerda, cujo rosto não lhe é familiar. A pessoa que nunca mais vai cruzar o seu caminho.

Quero que volte a ser o rapaz com quem eu não simpatizava, embora tivesse a impressão de já ter visto antes. Quero que leve embora este rosto tão característico de "ligue os pontos", para que eu possa ligar quem sou a quem eu deveria ser.

Peço que leve seu nome consigo, para que eu nunca mais tenha medo de proferi-lo. Que pegue o desenho que não lhe mostrei e o queime. Quero esquecer que quis te dar de presente o maior presente que podia ter me dado. Faça dele passado.


Esqueça que me deixou bem mais leve e divertida. Esquece que era o "bom" antes do meu "humor". Esquece caretas e confidências que você nem lembra; e que eu te disse que normalmente não falava diretamente sobre meus sentimentos. Finge que eu não disse nada daquilo e que eu não confiei em mim para confiar em você. Faz de conta que os oito textos anteriores não são sobre você. E eu dissimulo que estou bem.

Me promete agora não sentar ao meu lado. Promete não falar sobre amenidades ou não deixar que eu comece a falar sobre qualquer coisa. Promete não perguntar se está tudo bem, se acaso esbarrar comigo. E, sobretudo, prometa ficar bem.

Por apenas um segundo, faz como se minhas frases fizessem sentido, como se eu não tivesse inventado você. Por um instante desse seu segundo, finge que me compreende.


Agora veja que aquela mulher - que eu tenho que ser, e que você não conhece - não tinha mesmo como saber que ficaria melhor sozinha. Que ela acreditou inocente e totalmente que as coisas podiam ser como antes. Perdoa que ela própria não tivesse visto que havia mudado. Entenda que ela não pode culpa-lo por ter criado em sua mente uma situação que não era consistente. Entenda que foi inconsciente que ela tanto te quis.

Veja os riscos que ela correu ao colocar-se novamente próxima a você, e o quanto ela estava despreparada para isso. Perceba que ela está com medo de tudo que já temeu outrora. Não se aproxime, não a assuste. Seja só um fantasma, porque ela não tem medo disso.

Seja só uma pessoa. Porque, para ela, você sempre foi mais canção. Deixe que ela termine de tocar no seu devido tempo.

Você foi a obra-prima do compositor.




Você disse que não se vai a um lugar pela música; vai pelas pessoas. Então eu percebi que estava ali naquela sexta-feira apenas por você, E quando você se afastou e eu fiquei sozinha, vi que não havia nenhum outro lugar no mundo em que eu quisesse tanto estar. Meu lugar.
Enquanto você estava ali querendo não estar.
E eu nunca tinha sentido que o seu lugar era tão distante do meu.

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