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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ʙᴏʀʙᴏʟᴇᴛɪɴʜᴀ ઇઉ

Mais um ano... Um que se finda, um prestes a se iniciar. Ambos a se camuflar e se render um ano ao outro; aos defeitos e novidades. E magias e maravilhas.

E eu estou aqui me rendendo pela última vez à essa paixão que é fugaz. Que me imerge num fulgor que não me pertence. E nem a ele. Me entregando às delícias de um final, e à insanidade de um novo começo. À paixão pelo que ainda não conheço.

Ah... Vida... Nem deveria eu te chamar assim. Deveria te chamar de adeus, agora que estou pronta para seguir em frente como nunca antes estive. Deveria nomeá-lo "brisa", depois de acreditar que era você essa ventania. Mas nunca foi, era somente eu.


Devia roubar aquela canção e te apelidar "Borboletinha"... E então te via voar leve e pra sempre. Te olhava se deitar com o vento, como se fizesse dele teu amante; de uma forma que eu nunca poderia. Deixa-me ver tocar a rosa e impregnar-se de seu perfume. (Como eu me deliciava no perfume seu!)

E deixa-me aqui sozinha desta vez. Sem volta, que é mais fácil lhe esquecer quando não parece sedento por me fazer lembrar. Mas deixa um pouco de si, que é pro caso de a abstinência me ser cruel demais.



E me esquece também. Apague da mente e da tecnologia, que nem toda poesia poderia fazer isso só. (Nem sonhando!) E feche esta janela: pare de ler, que tudo isso sou eu! Abra a janela do quarto, acreditando que a paisagem ali adiante pode substituir a beleza de ver meus olhos abrindo lentamente após o beijo seu. Ouça os pássaros; se alegre que o canto deles é bem melhor que o meu.

Mas você não lembra mais da minha voz. Nem dos meus olhos. Oblitere os erros do meu português e até a grafia do meu nome (prometo fazer o mesmo). Por fim, olvide os sussurros no ouvido.

Agora seja sorrisos. Deixa que eu te veja de longe e possa enfim me sentir livre. Porque todo esse processo de desintoxicação nunca foi seu. Era somente meu, e por ironia, eu não conseguiria sozinha.

Deixe que eu te agradeça pela única coisa boa que me fizeste. Deixa que eu grave isso em uma árvore - para a posteridade ou até que venham e a derrubem. Me permite eternizar o que nunca foi sequer próximo de eterno. 

Me permite fingir que a gente se importava.

Finge que não era fingimento. Expirei e me inspirei, não vês? Respira essa mentira, como se eu pudesse esquecer nesse instante o que nunca recordei.

E canta... Canta que os dias passam. Canta que os anos passarão. Canta que eu passarinho.


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