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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

"Faz de conta..."

"Onde não puderes amar, não te demores." - Eleanora Duse
Foi a primeira frase do dia, e certamente a que eu precisava ler. De certa forma, para adaptar: "onde não puderes ser amada, não te demores"; porque amor não é algo que falte em mim.

A verdade é que, aparentemente, o ano que passou não deixou nada. Nem o que surgiu bem no finalzinho e que eu quis que ficasse. Não há onde me apegar, eu fui lançada sozinha. E a verdade é que eu detesto me sentir assim.


Naquela brincadeira de perguntas aleatórias, uma me persegue agora: "você já se apaixonou à primeira vista?". Para falar dela, é necessário usar outra daquelas respostas: "me expresso melhor escrevendo". E, agora que você se foi, tudo bem se ler o que escrevo sobre e para você; não há mais o perigo de te assustar. 

Eu só me apaixono de primeira. Vista, conversa, beijo ou, às vezes - bem mais raramente -, à partir da soma de tudo. Você foi a junção de tudo isso. Foi o sorriso espontâneo na foto (destoando da seriedade de todas as outras), a cabeça boa com uma conversa ainda melhor, e o primeiro beijo na livraria. Foi a liberdade de conversar sobre qualquer coisa, as mãos entrelaçadas - e que eu nunca fui de gostar - e o momento em que aumentou o volume para eu curtir a música de "Dirty Dancing".

Gostar de você foi fácil demais. Tanto, que esqueci de tentar evitar.


Agora, como na canção que me inspirou erroneamente ainda na infância, "você vai embora e eu não sei o que fazer. Ninguém me explicou na escola; ninguém vai me responder". Porque a verdade é que, até então, eu só me identificava com o trecho: "é tanto medo de sofrimento, que eu sofro só de pensar". E estou perdida.

E este texto não é exatamente para pedir ajuda a alguém que não vai me estender a mão. Não sei qual o objetivo dele, se é que há algum. Talvez seja só o desabafo que eu queria e não posso fazer. Nunca posso. Não há tempo. Nunca houve.

E, sobre isso, ficou também uma parte do jogo: "Você conta aos seus amigos sobre um relacionamento?" / "Não é da conta deles.". Não contar sempre foi meu modo de fuga; não precisar dizer que acabou o que nem começou. Não precisar falar sobre meus sentimentos confusos. 

Mas você fugiu da regra. Todo mundo soube.

E agora eu não quero que ninguém pergunte.


Minha mãe perguntou e eu desconversei - por isso ela estava surtando. Por isso eu pedi desculpas.
Minhas tias perguntaram. E entenderam que não era realmente da conta delas.
Minha melhor amiga perguntou. E pra ela eu disse o que me arrependo de ter dito: disse que me sentia melhor do que era seguro. Que não me lembrava da última vez que me senti assim. Disse o que não dá mais pra corrigir e fingir que nunca foi dito.
E então ela contou para a minha tia. E então a minha tia formou uma opinião sobre você.
E agora eu estou aqui tentando desconstruir a minha própria opinião.


Claro que eu vou seguir minha vida normalmente, tal qual era antes de você. Eu vivia bem, do meu jeitinho meio chato e entediante - mas meu. E vou continuar vivendo do mesmo modo. Eu só não queria. Eu só não entendo. Porque foi legal para mim - foi o que eu nunca senti quando alguém quis que eu sentisse.

Vou começar o ano da mesma maneira que todos os anos antes de você, e como provavelmente vou começar todos os anos depois. Fingindo que é igual, embora haja uma sensação ruim de ruptura; de uma rachadura a mais na parede que esconde meus sentimentos. Hoje é só mais um dia de mais um ano, da mesma vida que sempre vivi. Vai ficar tudo bem.

E, se não ficar, eu faço de conta.



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Eu gosto de você.

Tchau.


Um comentário:

Marcela disse...

Thank you next kkkk