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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Realidade.

Muita coisa ficou por ser dita. Havia muito que eu queria saber como escrever no meio daquelas vírgulas, daquela urgência em forma de discurso. Os motivos para que ficasse, para que estivéssemos no tempo certo. Para te fazer acreditar que eu posso ser a pessoa certa.

Mas se você tem certeza, então não sou. E não é culpa de ninguém, muito menos "do momento".


Porque, se quiser colocar isso tudo numa questão de hora, eu tenho mil motivos para lhe dar a mesma desculpa: eu queria ter te conhecido em outro momento. Queria ter te conhecido aos quinze anos, antes de amar alguém pela primeira vez e de ter me coberto por todas as cicatrizes de uma desilusão. Queria ter te conhecido com uma situação financeira e emocional melhor - com um emprego e um lugar para chamar de meu.

Mas amor, paixão ou [insira sua palavra favorita aqui] não aparece quando a gente quer, espera ou se julga melhor preparado. Faz sua própria hora, surge num olhar, num sorriso e fica. Vai arrumando espaço em cada brecha, empurrando as coisas menos importantes e se moldando na nossa vida; esperando que façamos o mesmo.

E é claro que você não sabe - não deu tempo de saber -, mas eu sempre fui do tipo que impediu que saísse do controle. Que manteve enquanto havia algo bonito a ser escrito, enquanto estava ao alcance das mãos, quando dava pra saber do começo e do fim. Mas eu te deixei entrar.

Porque, se meu medo fosse embora, deixava o espaço exato pra você.


O problema é que, ao longo dos dias, meu pensamento foi se tornando mais e mais seu, e meu medo teve medo de não ser mais o dono de mim. Foi saindo aos poucos, tentando ser mais visível, foi passando para quem estava mais próximo de mim, como se dissesse: "é seu dever temer pelo que pode acontecer com ela".

E essa seria a reação natural independente de quem fosse. A ideia de me ver fugir da minha zona de conforto, com planos que excluíam outras pessoas, dá um pouco de medo. Mas essa briga eu só comprei porque era você. E meu medo era todo dela.

Ainda é, e o espaço que deveria ser todo seu está vazio.


E eu não te culpo também. Não sei o que precisaria se moldar para que eu coubesse na sua vida e no seu coração. Não sei se você parou para pensar nisso, se fez como eu e ficou medindo os prós e os contras. Se algo meu ficou na sua memória o suficiente pra te fazer pensar em mim no meio da sua tarde cheia. Se você quis, mesmo que só um pouquinho, que eu te pedisse pra ficar.

Porque eu quero que fique. Mais do que gostaria de admitir, bem mais do que vou te falar diretamente. De uma forma que nunca vou deixar transparecer. Porque eu sei que vai embora mesmo assim. E negação é a primeira fase do luto.

O ano passado foi errado em todos os momentos. Eu deixei passar todas as oportunidades, mesmo as mais difíceis de deixar passar; e eu não tive controle sobre nenhuma delas. Eu busquei meus erros, mas não foi questão de um erro meu. Simplesmente foram as oportunidades erradas. Você foi a única coisa que eu achei que fosse certa. E certamente não foi.

Te conhecer me fez ganhar o dia. O mês. O ano.


Te conhecer me fez ganhar esperança. Renovar meus sonhos já esquecidos.

Por duas semanas você foi o meu sonho.

Minhas lágrimas por duas horas.

E um estranho pelo resto da vida.

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