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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 5 de janeiro de 2019

"Deixei no ar a porta aberta..."

Não sei se virá aqui hoje e lerá este texto também. Talvez eu queira que faça isso, e é meio hipócrita da minha parte. Talvez eu ache que algo faltou ser dito, ou que foi dito do modo errado - eu me arrependo da última mensagem. Naquela série, disseram que "nada de bom acontece depois das duas da manhã", mas meu fuso horário sempre foi diferente e as coisas desandam bem mais cedo.

Mas a verdade é que nem assim eu acho justo culpar o tempo. Eu estava com raiva, e ela funciona como um estopim. Eu quis falar aquilo, eu pensei antes de escrever. E mandei torcendo para estar errada, mesmo que tenha camuflado atrás de um "está tudo bem". Você sabe que não está. Ou deveria saber.

"Eu que não bebo pedi um conhaque para enfrentar o inverno
Que entra pela porta que você deixou aberta ao sair"


E eu não sei em que momento achamos justo utilizar as frases de uma banda para esconder as nossas. Quando precisei remeter a você uma música que eu adoro e que agora vai estar interligada à você em minha memória. Também não sei o que poderíamos ter feito para evitar que chegasse a este ponto.

Eu não deveria ter escrito aquele(s) texto(s)? Não deveria ter utilizado a minha única forma de tentar expulsar as palavras que ficaram presas na garganta e que eu não conseguiria falar? Usar uma série de frases bem escritas que me lembrariam depois que eu o conheci, e todos os porquês de ainda assim não saber quem você é?

"Toda noite de insônia eu penso em te escrever
Pra dizer que teu silêncio me agride
E não me agrada ser um calendário do ano passado"


Eu escrevi sobre você. E, ainda que mais ninguém além de nós saibamos isso, eu não perguntei o que você pensava a respeito. Escrevi, acrescentei aquela música que é só sua, e esperei que lesse. É ridículo não esperar que falasse algo a respeito - mas ninguém nunca falou. E eu não sei realmente o que se passou pela sua cabeça ao ler. Acho que ao escrever, eu não penso realmente nisso. Sempre achei que escrevia só pra mim. Porque sempre achei que só importava para mim.

E eu não estou tentando me fazer importante para você com qualquer uma dessas afirmações. Não estou pedindo que pense em mim como um conjunto raro de boas qualidades, porque ler qualquer coisa similar foi o que mais me incomodou. Eu não queria ler que apareci na hora certa para te preparar para a pessoa certa. Ninguém quer ser apenas um caminho que leva ao destino final. Eu preferia não ser absolutamente nada.

"Ontem à noite, a noite 'tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ele apareceu, parecia tão sozinho
Parecia que era minha aquela solidão"


Eu vou tentar encerrar tudo agora. Não escrever mais sobre alguém que não virá, ou que eu nem sei se entenderá porque eu quis que viesse. Vou encerrar antes de te mandar minha música favorita e me arrepender de tê-la ligado a alguém que não a merecia. Mas esse erro assim, tão vulgar, nunca foi meu. E eu vou ciente disso.

Eu dei o meu melhor. Não foi o suficiente. Foi pouco demais, mas era tudo o que eu podia fazer. Agora vou ficar aqui, do meu lado dessa porta, fingindo que desgosto tão facilmente quanto gosto de alguém. Porque eu sei que não há volta e, enquanto tentava nos convencer do contrário, eu tive medo de que ficasse só porque eu pedia. Metade de você realmente é pouco para o inteiro que eu sou. Mas, iguais a você, não haverá um monte.

"Um dia desses
Num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
Talvez a gente encontre explicação"


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