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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Estrela Vespertina

Você disse que a decisão de nos tornarmos amigos era minha. Não é. À partir do momento em que te exclui de todas as minhas listas, tudo se tornou só seu. Eu não tenho mais direito nenhum de te perguntar como você está, ou de me importar com o rumo que sua vida vai tomar. E que eu espero que seja o que está esperando. Buscando.

Também não tenho mais orgulho e amor próprio, aparentemente. Do contrário, encerraria essa série de postagens - você já deve ter encerrado. Escreveria algo vendável - vai que eu consigo, afinal, tomar um novo rumo na vida. Ou simplesmente deixaria como rascunhos; não seria o primeiro texto sobre você que eu deixo só pra mim.

Mas eu acho que quero que leia. Não que eu acredite que ainda possa haver algo entre nós, só porque eu sinto muito que tenha tomado essa proporção. Porque eu não menti quando disse que foi a melhor pessoa que eu conheci em muito tempo.

"Aléjate de mi, escapa, vete ya no debo verte
Entiende que aunque pida que te vayas no quiero perderte"

Seu patrono é um cachorro, e eu amei isso em você. Lealdade. A característica que eu mais prezo em alguém, talvez pela minha dificuldade em confiar. Algo que você provavelmente não percebeu quando me trouxe em casa no primeiro dia. Eu tive dois segundos pra decidir, e a verdade é que eu teria ido com você para qualquer lugar. Dizem que o cachorro também está associado a perdão. Espero que não te incomode que eu continue escrevendo. Que perdoe este texto quando eu disse que não haveria mais.

Mas eu sou javali; a natureza agressiva, feroz e destruidora. Uma força capaz de criar e tirar vida. Na cultura mexicana, os cães guiam os espíritos para o mundo dos mortos - abrem o caminho. E eu queria que houvesse um modo de você me ajudar a criar um caminho de volta pra sua vida. Da forma que quisesse. Mas entendo que não o faça. Se estivéssemos em posições contrárias, eu também não o faria.

Eu provavelmente me sentiria incomodada. Assustada. Eu ia querer ainda mais distância. Só que ouvi uma série de músicas "para pensar" o dia inteiro, e talvez este texto me ajude a decidir qual delas vou adotar como o lema de vida ("Kid Abelha" só vai voltar a servir quando eu seguir em frente).

"Eu podia ser como você
Com todo seu carisma que cativa
Eu podia ser igual você
Mas a minha latência é tão nociva"

Normalmente sou eu quem vai embora. Às vezes por medo de que a pessoa vá, a maioria por medo de que não vá e que em algum momento em precise lidar com confiança, amor e todos os sentimentos que só me soam familiares na teoria. Escrever sobre amor sempre foi minha forma de tentar criar algo que ficasse, porque eu sempre fui efêmera demais. Porque coisas boas não acontecem aos montes nessa minha vida pacata.

E, quando acontecem, machucam. "A obsessão me dói, faz com que eu me exceda. Você é uma pessoa boa, essa é só minha defesa." E eu espero que desta vez seja a última. Mas eu espero saber de você. Nem que seja por uma foto no perfil de uma outra pessoa, pra eu saber que você está bem. Você merece conquistar o mundo. Rodar o mundo. Conhecer as culturas, os sabores. Conhecer a pessoa maravilhosa que você é.

Você disse que eu era uma luz. Vou tentar me iluminar, dissipar esse medo, essa escuridão. 

"And he see the universe when I'm in company
It's all in me"

Eu respeito a sua decisão.
Sua ausência.
Seu silêncio.
Seu tempo.
Sonhos.
Você.


"Te guardo solto pra se aventurar
É tão bonito te espiar viver
Se encontra, se perde, se vê
Mas volta pra se dividir"

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