Read around the world / Lea todo el mundo...

MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

terça-feira, 14 de novembro de 2017

ℳ𝓪𝓻𝓲𝓪𝓷𝓪 ¸¸.•*¨*•✩

E depois de falar sobre diferentes personagens fantásticos, fantasiosos e ficcionais, chegou a hora de falar sobre a personagem que ninguém notou. Aquela que talvez seja mais real do que era de se esperar e que, consequentemente, não chama tanta atenção. Esse texto não é sobre alguém do tipo que para o trânsito, é sobre alguém que tentou parar o tempo.

Desta vez a pessoa não é um "ele", nem alguém que soube ser um elo na vida de outro alguém. É sobre "ela"; a versão de mim que não se permite sequer protagonizar a própria história. E antecipo, não é uma história bonita; não tem um final feliz (nem ilude com a promessa de um). É só um conto adjacente sobre a coadjuvante.

Este texto é sobre alguém que tem medo de seguir em frente e, por se recusar a voltar atrás em relação às escolhas erradas, acaba por permanecer inerte no mesmo lugar.


Recentemente, um amigo a descreveu como "muito geminiana". E ela, que nunca foi de dar muito valor à astrologia, optou por se agarrar naquelas palavras que pareciam tão familiares. Para ele (e de acordo com um tal de "Mapa Astral"), ela tem três planetas posicionados em Gêmeos: (1) Sol, que rege sua essência; (2) Mercúrio, que rege a comunicação e (3) Vênus, que rege os relacionamentos. Com ascendente em Capricórnio, ela se apresenta ao mundo como uma pessoa fria, metódica e trabalhadora. Com lua em Leão, tem um lado emocional criativo, agitado e imediatista  E talvez seja interessante eu começar com essa definição, porque esse texto e as ações que o impulsionaram foram decisões tomadas de cabeça quente.

A verdade é que, agora, depois que a poeira abaixou, ela se encontrou num caminho sem volta. Talvez aquele amigo possa explicar qual signo em qual planeta é responsável por todo esse orgulho que a impede de admitir que estava errada e que está arrependida. Ou que justifique os porquês de, toda vez que ela pensa, ter mais certeza de que fez a coisa certa (mesmo que soe tão errada).

Não foi culpa de nenhum astro ou de qualquer outro ser imaginário e onipresente. E ela nem culparia as pessoas - em que ela ainda teima em acreditar -; ninguém senão ela mesma. E não foi uma frase mal colocada, um coração partido ou a soma de uma série de frases desconexas que a impeliu. Foi a necessidade de admitir que a culpa pelo fracasso inerente seria exclusivamente sua.

Este texto é sobre a promessa que ela fez e que não seria capaz de cumprir (embora pretendesse).


Ao longo dos anos, ela se descreveu como uma pessoa que fugia antes de se machucar, diante da simples possibilidade de se magoar. Ela sabia que podia só não criar expectativas, mas a música mesmo já dizia que "todo mundo espera alguma coisa". E ela esperava, embora vá negar. Hoje, vendo em retrospecto, nem era muito: reconhecimento, amizade, consideração. Nada de amor, promessas do tipo que todo mundo faz sem nenhuma pretensão de cumprir, a ideia da eternidade mesmo que por uma noite. Só a sensação de que faz diferença estar ali. 

Então, este texto é sobre as horas que ela passou a cronometrar, ansiosa por não regressar. Sobre o poema que ela, ainda criança, acabou decorando e cuja cena foi um marco em sua infância; sobre as "10 coisas que eu odeio em você" que, embora baseado em um rompimento, se tornou um ideal romântico para ela que se auto-denomina realista. Todas essas palavras são sobre a única palavra que atuou como "estopim" neste caos. E todas as frases são sobre o que, sobre ela, ninguém soube reconhecer.

Ela não queria parecer que estava culpando alguém. Mas não queria assumir toda a culpa.


Tudo o que foi escrito outrora parece ter perdido seu significado, parecem parágrafos soltos e desconexos que ela não é mais capaz de reconhecer. Talvez seja sua mente se preparando para um recomeço, ou a muralha que ela teima em construir como uma forma de se proteger. Ela queria poder evitar, mas trancada aqui as coisas parecem fazer mais sentido.

E eu, a soma das metades, o inteiro do que faltou ser, peço um sinal (só um, mesmo que sutil); algo que transforme o muro em ponte. Um sinal de que (ainda que ela não tenha certeza) você ainda sabe quem eu sou.

Esse texto é o último que escrevo sobre o que, de você, existe em mim.


Nenhum comentário: