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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 20 de junho de 2020

"Tem que ser imenso para saber ser sozinho."

Muita coisa está passando pela minha cabeça agora. Os motivos para estar escrevendo, a frase que me trouxe aqui, a ideia plantada ontem pela minha amiga. Mas a verdade é que eu não sei bem.

Desde a adolescência, sempre usei este mesmo blog para escrever sobre meus sentimentos, mas eu era só uma garotinha - como a música que usei no link -, e minha única preocupação real era se encontraria um amor romântico um dia. Depois, a preocupação em lidar com todas as consequentes desilusões amorosas. E eu me acostumei com isso.

Tenho 28 anos agora, e continuo solteira. Não no verbo "estar", que é passageiro; mas no verbo "ser". E tem horas que eu sei lidar com isso, mas não é sempre. Às vezes eu ainda quero muito encontrar alguém - quase como se tivesse urgência. Mas não só porque me falta esse amor romântico.

Tem coisas sobre mim que eu nunca coloquei aqui. Não sei bem se por medo ou se por considerar tudo muito íntimo, mas que talvez esteja na hora de externar. Quase todo mundo que me lê me conhece, e sabe do que estou falando. Mas, para falar de mim e de amor, preciso falar do maior amor do mundo, e ele está me faltando também. E, desta forma, esta postagem acabou sendo convertida nos meus pais.

Tem 1 ano e 4 meses, e ainda é difícil falar sobre. Por isso não conseguia trazer para cá. Eu tenho me treinado, conversado com amigos próximos e familiares, mas escrever sempre torna as coisas mais reais - embora eu saiba bem dessa realidade. Eles se foram e não voltam mais, e essa falta é algo que eu vou precisar me acostumar com o tempo; mas eu sinto que estou mudando todos os dias e que eles foram toda a minha base e não puderam ver o todo.

Esta semana completou 10 anos do falecimento do meu avô materno, e eu cheguei a escrever sobre isso aqui, seis meses depois. Só que eu aceitei melhor do que agora. Meu avô tinha 83 anos, uma vida longa e bem vivida, cercado por suas 8 filhas e seus 11 netos e, por mais que ainda houvesse milhares de coisas que eu quisesse dividir com ele, foi mais fácil olhar para tudo o que - de fato - tínhamos compartilhado. E meu avô se foi pacificamente, num leito de hospital, doente.

Mas meus pais eram saudáveis - ainda que meu pai estivesse caminhando pra uma possível diabetes. Eles ainda tinham muito pra viver, e queriam muito esse tempo que lhes foi tirado. E, naquela manhã em que recebi o pior telefonema do mundo, a garotinha que eu ainda enxergava em mim, morreu um pouco também. E eu tentei continuar esse blog com a temática regular, porque se abrisse essa porta, seria impossível fechar. E porque eu teria que admitir que meus pais morreram apenas uma vez, mas que eu ainda me sinto morrendo todos os dias.

Eu me prendo à ideia de ainda ser uma garotinha, e à necessidade de encontrar o tal amor romântico, porque eu sinto falta das minhas preocupações da época em que iniciei este blog. Hoje, treze anos depois, meu pensamento é fechar as contas no final do mês e encontrar um emprego, se possível já para ajudar a fechar o mês seguinte. E eu tenho pressa em encontrar algo que ocupe minha mente, porque eu me sinto sozinha.

Eu tinha sonhos demais, e cheguei até aqui sem tê-los realizado. Eu não vou me tornar mãe aos 28 - e tudo bem quanto a isso - e provavelmente não vou ter a carreira dos sonhos aos 30, embora eu espere estar construindo-a quando chegar lá. E, para tentar equilibrar, eu ao menos consegui sair do país pela primeira vez e foi uma experiência realmente importante.

Então esse texto ficou assim, completamente bagunçado, como tudo mais em minha vida, porque eu não sou boa em escrever sobre outra coisa que não seja o tal do amor romântico - inclusive esse deve ser o termo mais repetido ao longo dessas linhas. Eu sou boa em falar sobre busca-lo, porque eu nunca estive realmente perto de encontrar. Mas eu sou ruim em falar do que é real pra mim, porque eu não tenho controle de nada. Tudo simplesmente foi acontecendo e eu me sinto completamente perdida em meio a essa espécie de bola de neve.

Nunca foi sobre o que os outros vão ler, mas o que eu vou reler daqui a um tempo, e sobre como vou me sentir em relação a isso. Eu tenho medo de reabrir feridas que não possam ser fechadas, porque agora eu quero conseguir fazer isso. Chegou o momento de deixar o passado pra trás, mas toda vez que eu penso, eu sofro no presente. E me sinto fracassando no hoje.

Eu queria ser a mulher forte que as pessoas têm dito que eu sou, e que eu tento demonstrar. Mas, por trás das fotos e sorrisos, eu me sinto ruindo. Eu tenho medo de não ser forte o suficiente pra ser sozinha, e essa a maior sensação em mim todo o tempo. Solidão e medo são as minhas palavras chave agora, só que eu estou tentando não me trancar mais. Mas talvez esse também seja um erro, porque parece que a mulher que predomina em mim neste momento se esqueceu da própria música que escolheu cantar e...

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola
Sozinha. 

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