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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Bom... se é para manter a fama de "blog de menininha", nada mais justo do que escrever algo pelo dia dos namorados. (Como se essa data fizesse algum sentido na minha vida. kk)

Vou falar deles... Dos que foram ou que deveriam ter sido peças fundamentais na minha vida. Vou falar dos que se foram, gostando ou não dessa ideia. Vou falar de Cazuza, Frejat e Cássia. De como uma música mudou tanta coisa e me fez crescer.

Vou falar de: "Eu preciso dizer que te amo. Te ganhar ou perder, sem engano." De como, daquela vez, eu ganhei. Com enganos.

Mas, o amor - por si só - não é mesmo um engano?


Tem gente que diz que "dia dos namorados" é puro marketing. Que é só um jogo comercial que dá certo. E, de certa forma, estão corretos; os que dizem, e os que aproveitam. Se "o amor está no ar", não deveria ser dia dos namorados todo dia? Ou, para quem não respira, algum dia o deveria ser?

Então hoje farei uma ode aos não-namorados, aos "ex". Hoje é dia daquele primeiro beijo, do primeiro amasso... De todos os primeiros, todos os únicos. Uma ode a tudo que não foi o "último". Um texto que deveria ser um pouco poético. Ou não. Porque, no fundo, eles não foram poesia em mim.


Criei esta página aos 15 anos. Por baixo de um "quem sabe eu ainda sou uma garotinha", havia realmente uma garotinha que pensava ser mais adulta do que era. O contrário do que sou hoje, talvez, ou nem tanto. Mas o que importa é a quantidade de sonhos que eu ferozmente nutria naquela época. Meus textos eram horríveis, ainda que não tenham atingido um nível muito superior hoje. Mas acho que eu estava em um nível mais elevado do que estou hoje.

Eu escrevia sobre meus sonhos, sobre minhas esperanças; sobre tudo o que me fazia feliz. Hoje escrevo sobre dores e dissabores. Falo sobre aquilo que podia me fazer feliz. Falo sobre potenciais. Porque, em vista de quem eu era antes, estou na sombra de quem podia ter sido.

Eu queria ser jornalista. Queria viajar o mundo inteiro e conhecer cada cantinho de cada lugar e tudo que eles podiam me oferecer. Queria ter alguém com quem partilhar essas novidades. Hoje quero ser biomédica (o que não é, de forma alguma, ruim), me esconder num canto qualquer do meu quarto, e partilhar com uma folha comum a novidade de querer alguém.

A novidade de querer alguém como eu queria aos 15 anos.


Aos 16, achei que sabia de tudo. Que tinha encontrado de cara aquilo que procurava. Ledo engano. Caí numa armadilha, completamente sem defesas. E desde então tenho me defendido de todas as formas que conheço para que nunca mais me convençam de que estou onde sempre quis estar.

Acabei sem saber direito onde, de fato, eu quero estar. Se sozinha aqui, escrevendo sobre os muros deste meu castelo; ou se naquela sala, prendendo a respiração enquanto ele me olha sabe-se lá porque (talvez por eu estar ficando roxa por não respirar), e construindo pontes que não queria construir.

Se ele soubesse o quanto a mulher de 23 anos está lutando para que a menina de 16 não goste tanto dele, não se sentiria lisonjeado. Ele é tudo o que eu sei que não queria agora. Porque ele tem potencial para ser aquela armadilha que tenho evitado a tanto tempo.

E, aparentemente, ele é tudo o que eu desejava antes; quando eu sabia quem eu era, podia e queria ser.


Aos 17, eu achava que já conhecia a parte ruim do amor. Em partes, queria ser essa parte para alguém também. Ferir como tinham me ferido, comparar as cicatrizes, ver a marca que a dor deixava em cada um de nós. Achava que tinha o direito de ser cruel com alguém. E isso me fez cruel comigo.

Aos 18, comecei a ver que algumas feridas simplesmente não cicatrizam. Vi que ser a dor dos outros não me doía menos. Achei que ser a cura de alguém me curaria. Outro engano.

Aos 19, comecei a desconfiar que as dores de dentro da gente cicatrizam exatamente dessa forma: de dentro para fora. Até achei que dava para consertar logo. Não dava, mas também não me machuquei mais. 

Depois disso foi tudo um bolo só. Uma mistura que não dava liga. Um medo misturado com destemor. Um cálculo que não dava certo, desproporcional. Achei então que o jeito era lidar com as marcas, com as dores.


Precisei fazer da ferida aberta, uma amiga. Cuidar dela como cuidava de mim mesma, um dia por vez. Achei que por ela estar sempre ali, eu nunca estaria sozinha. E então eu fui ficando só, apesar dessa presença constante. Era um "estar sozinha" tão acompanhada, que eu quase não senti. Precisei me sentir vazia para aprender.

Aos 22, conheci uma pessoa completamente errada que sabia que eu não era a certa. Alguém que não me conheceu aos 16, mas que provavelmente teria se dado bem com quem eu era. Porque ele acordou essa parte minha - idiota não? -; e a versão de mim que foi machucada foi a única versão capaz de acalentar nossa velha amiga.

É estranho dizer que me sinto duplamente ocupada? E, ao mesmo tempo, dizer que sou toda eu? Porque metade de mim carrega uma série de decepções e a outra metade acredita que não se decepcionou o suficiente.

Metade de mim escreve sobre os inícios e meios. A outra metade anseia por um final feliz. 


Eu prometi, para hoje, escrever sobre os ex - 1 -, os não-namorados. Prometi escrever sobre o único; sobre mim mesma e a dor que hoje parece estar silenciada. E falei. Prometi falar do que não seria o último: ele. Porque a mulher que sou agora também não é a versão final de mim mesma.

E prometo agora muitos inícios e, um dia, um único final. Será feliz, seja como for. Já prendi o fôlego muitas vezes; agora estou pronta para respirar o que for que esteja nesse ar.

E então... perder o fôlego.


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