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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 9 de maio de 2015

Miocárdio

Prometi para mim mesma que não voltaria a escrever aqui por um tempo. Que não viria escrever sobre você. Mas a esta altura do campeonato, não tenho certeza de mais nada, e é injusto não tentar me reorganizar da única forma que sei fazer

Nos últimos dias, tenho ouvido músicas que não conhecia, visto filmes que anteriormente não veria e conhecido coisas nos outros e em mim que eu ignorava. Nos últimos dias tenho sorrido mais, me sentido naturalmente mais leve.

Por vezes me pego falando sobre você e, de repente, me sinto corar. E há tanto entusiasmo, que qualquer um que já tenha presenciado a cena - a esta altura - sabe claramente quem é você.


Irônico como eu que sempre pareci apressada hoje pareço não ter pressa alguma. Como se a música fizesse sentido e "nossa hora tivesse todo tempo para chegar". E é claro que tudo isso é por sua causa novamente, ainda que eu não saiba bem o que está acontecendo.

Às vezes tenho a estranha sensação de que não é um agente externo que me provoca estas sensações. Me parece que está dentro de mim, controlando a mínima alteração no meu organismo. Porque quando chega perto inesperadamente, por mais que eu sinta o ar, não consigo respirar. E quando encosta em mim - qualquer ínfimo toque - tem o poder de acelerar meu coração.

Sua existência me inspira da mesma forma que sua presença me paralisa. 


Ao longo deste curto prazo senti e vivi momentos que antes não me permitiria, me preocupei bem menos; ainda que estivesse apavorada. E aprendi que, mesmo que nunca sejamos mais do que dois, eu nunca estarei sozinha novamente. Que eu não preciso fugir de mim por medo.

Às vezes penso se você entende o quão importante se tornou. Se faz ideia das mudanças que provocou em mim simplesmente por estar ali. E, quando penso, me pergunto se - acaso soubesse - isso faria alguma diferença. Se fosse capaz de compreender sequer metade do que estou passando, veria que não é exagero? Entenderia porque a urgência se transmuta em calma?

Se sentisse o calor que seu abraço é capaz de me proporcionar, perceberia o porquê de eu querer morar no C que formam seus braços?


Desde que você apareceu, tenho procurado razões para não ser. Enumerado motivos para ficar calada ou para me expor. Medido os prós e contras de estar aqui, e tentando encontrar "porquês" para cada coincidência, acaso ou sorte. Desde que apareceu tenho sido tão menos tudo o que fui, que fico me questionando quem sou agora.

E a cada sorriso seu, eu tenho tido mais dúvidas acerca daquela que um dia serei. São sessenta certezas dissolvidas em dúvidas por minuto; sete personalidades novas incluídas em quem sou, em uma única semana. Uma tentativa de ser alguém novo e melhor a cada vez que a gente se vê, para que um dia eu seja certa para nós dois.

Loucura como, depois de jurar não agir assim, eu faço promessas para nunca mais ser algo além de sonhos. Porque - talvez - se sonhasse comigo, fosse realidade.


Após uma vida inteira (trivial considerando minha pouca idade), através dos seus olhos eu consigo ver que ainda há uma vida inteira para ser vivida, e é nela que se escondem todos os mistérios que acreditei um dia poder ou até ter conseguido revelar. Releve a besteira, desvenda-os comigo. Deixe que eu revele o que há de novo em você e que releve aquilo que não for essencial agora.

Deixe-me jogar este jogo de palavras, prometo que será a única coisa com que irei brincar. Após um terço - quiçá um quarto - desta minha vida, só peço uma oportunidade de provar que nada foi em vão. Que não foi simplesmente sorte o que me trouxe até este momento; que não foi por qualquer outro motivo que me transformei em algo que somente você pudesse moldar.

Deixe que, só desta vez, meu coração faça o trabalho que não tenho delegado a ele. Deixe que ele bata por alguém e que, ao menos desta vez, eu não apanhe.


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