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MI CASA... SU CASA...

"Toda noite de insônia / Eu penso em te escrever... // Escrever uma carta definitiva / Que não dê alternativa pra quem lê... // Te chamar de carta fora do baralho / Descartar, embaralhar você..."

sábado, 3 de fevereiro de 2018

мηємσ̂ηιcα

Eu provavelmente não devia estar fazendo isso. Mas, sabe aquele discurso que, por vezes, eu me pego ensaiando? Estou com medo de que você nunca chegue a ouvi-lo. Porque, pensando agora, não acho que um dia você - ou qualquer outra pessoa - vá me perguntar.

Então esse texto é a resposta àquela pergunta que eu queria que você me fizesse. A pergunta que eu gostaria de te fazer, mas que não tenho coragem porque parte de mim sabe a resposta.

Desde o dia em que eu te conheci, não reconheço mais a sensação de ter um pensamento que seja só meu. Porque, desde aquele dia, desconheço a capacidade de passar um único dia sem pensar em você.

Porque nestes seis meses e dezesseis dias, você foi meu primeiro pensamento pela manhã, e minha última lembrança antes de fechar os olhos. E eu não tenho orgulho nenhum disso.

Da mesma forma que me envergonha um pouco assumir que cada texto que escrevi, cada música que compartilhei, foram para você. Foram as formas que eu consegui encontrar para, discretamente e quase sem querer, tentar te dizer o que estava preso na garganta.

Cada passo, mesmo que não parecesse, foi na tentativa (vã) de me encontrar mais perto. Mas, ironicamente, "ao lado ainda é muito mais longe que qualquer lugar"; exatamente como na música que compartilhei hoje mais cedo.

E eu queria poder dizer que este é meu último passo: a confissão. Mas acho pouco provável. Porque eu não acho que vá ler. Porque acho que, mesmo se o fizer, vai fingir que não é sobre você. Porque isso te obrigaria a aceitar que as coisas não podem ser como eram antes. Porque provavelmente você acabaria percebendo que todo esse sentimento foi escondido no lugar menos provável que alguém procurasse: à mostra.

Então, tudo bem se ler e resolver ignorar. Por um tempo, vou continuar escrevendo. Talvez eu não publique tudo, mas é que escrever é a única maneira que encontrei para desabafar; porque guardar as coisas que parecem nos preencher completamente machuca. Este é o meu reservatório de memórias e a minha penseira.

Vá, que eu vou te guardar pra sempre com carinho.


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